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A bem da Nação

DIGO EU QUE…

Quem não sonha com algo diferente do material não passa de um verme bípede erecto mas, mesmo assim, rastejante.

1 comentário

Adriano Lima 27.10.2018 20:25

O filósofo Agostinho da Silva dizia que tempo chegará em que o homem não precisará de trabalhar porque as máquinas o farão por ele.
Se assim for, e seja em que medida acontecer esse desiderato, creio que o homem passará a relativizar a sua natural propensão para a satisfação das necessidades materiais, com o tempo abolindo-a mesmo a sua estrutura fisiológica, visto que aquelas necessidades deixam de constituir um objectivo primário do instinto de sobrevivência. Nessa altura, o homem virar-se-á exclusivamente para a satisfação do espírito, ocupando-o no lazer, no divertimento, na fruição da cultura e em tudo que, afinal, concorra para o seu aperfeiçoamento como ser espiritual. As necessidades materiais serão já coisa de um passado longínquo. E quem sabe se não será a própria máquina a tratar da gestão da vida pública, da logística produtiva e distributiva, da educação e do ensino, da própria programação da ocupação do espírito.
Mas que espécie de homem existirá então nessa altura? Um ser que apenas existe só por existir, olhando acriticamente para si e para o que o rodeia?
Recentralizando o tema do post, pergunta-se que espécie de sonhos restará a esse homem em tudo servido pela máquina. Sim, em princípio, os sonhos estarão nessa altura todos inscritos na esfera espiritual, mas interessará sempre saber de que natureza serão esses sonhos, uma vez que mesmo eles terão a mãozinha da máquina, directa ou indirectamente, mais coisa menos coisa, já que se ela formata e concebe a dimensão das necessidades humanas, é natural que fique a um passo de operar na área do espírito, donde forçoso é concluir que haverá uma linha difusa e flutuante entre a satisfação do material e a do espírito.
O homem já não terá necessidade de rastejar ou nessa altura os códigos sociais e morais serão tão diferentes que esse conceito de rastejar, como o concebemos, já não fará sentido?
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