DIA DE PORTUGAL
10 DE JUNHO D 2020
Na Festa Nacional, é suposto referir temas estruturais da Nação mas desta vez quase apetece perguntarmo-nos se a pandemia em curso pode ser citada como mera ocorrência conjuntural ou se, tendo efeitos tão profundos e muito mais perenes do que uma «simples gripezinha» ou se, pelo contrário, deve ser considerada um factor estrutural.
Deixando-me de discussões académicas de importância nula, tenho a pandemia como tema que não pode ser ignorado na nossa Festa Nacional. E peço a todos que leiam estas linhas que dirijam um pensamento a favor de todas as pessoas que o COVID 19 já vitimou.
Muitos óbitos, imprescindível confinamento, economia em colapso, é claro que se trata de ocorrência de efeitos perenes. Mas a causa da crise é totalmente exógena ao modelo económico que funcionava antes do desastre mundial. Ou seja, logo que esse efeito externo seja neutralizado, o modelo pode retomar o funcionamento sem necessidade de correcções estruturais. Daqui resulta que a economia pode retomar plenamente tão rapidamente quanto se liberte dos condicionamentos sanitários. Este um pensamento positivo que aqui deixo nesta dia de festa.
Contudo, esta paragem forçada é uma boa oportunidade para revermos o modelo naquilo em que o devemos melhorar e isso, creio, passa pelo retorno ao Ocidente das empresas que ao longo dos anos foram sendo deslocalizadas para a China na ânsia do aproveitamento da mão de obra barata e da exploração daquele mercado potencialmente imenso.
E a pergunta é: - Como fazer esse retorno se as empresas são privadas e as políticas públicas não mandam nelas?
A resposta vem nos livros: - Direitos aduaneiros sobre as importações com origem na causadora da pandemia, a China, bem como irrecusáveis incentivos ao investimento no processo de retorno.
O Ocidente tem necessariamente que regressar à produção de bens transacionáveis. Ou seja, o futuro do Ocidente está nas suas próprias mãos e, nesse enquadramento, o de Portugal. Assim tenhamos vontade para assentarmos num conceito de bem-comum que o seja efectivamente e não como estes ensaios carnavalescos e folclórico-demagógicos de base leninisto-gramsciana que nos têm sucessivamente conduzido à bancarrota.
10 de Junho de 2020
Henrique Salles da Fonseca