DE FÉRIAS – 5
- Boa tarde, amigo! Tudo bem, consigo?
- Tudo bem. E consigo?
- Sim, tudo bem mas ontem dei-lhe uma informação que não corresponde exactamente à verdade. Balsa está a ser tratada a nível do Poder Central e já escapou a Tavira.
- E isso é bom ou mau?
- É bom no sentido de que assumiu uma dimensão de interesse nacional; é mau porque é um atestado de inércia ao Poder local. Mas reconheço que mais vale assim apesar do perigo de se perder no meio do tanto que há a fazer a nível global. O ideal seria que houvesse interesse local que espicaçasse o assunto lá pelas bandas de Lisboa.
- E quem é que deveria fazer isso?
- Teoricamente, o Presidente da Câmara mas talvez fosse bom fazer uma «Associação dos Amigos de Balsa» que levasse tudo a peito e sem encargos para o Estado.
- Sim, a isso eu poderia pertencer mas só para fazer número.
E aqui fiquei eu novamente «em ponto de rebuçado» para acabar com a conversa mas continuei…
- E conviria despartidarizar o grupo desses Amigos pois o interesse tem que ser transversal a todos e não apenas a uma côr política.
- Muito bem, aguardemos… E mais quê para pôr Tavira a mexer no Inverno?
- Uma das coisas que me parece mais importante é a que tem a ver com a juventude que continua a emigrar para estudar para além do secundário. Seria importante criar condições de fixação da juventude tavirense e que de igual modo se atraísse juventude forasteira para a frequência de cursos úteis, não daqueles que dão diplomas que são autênticos passaportes directos para o desemprego.
- Como por exemplo?
- Cursos de índole técnica. Olhe! A começar pela agricultura e pela náutica. Para a agricultura até há as instalações do antigo Posto Agrário e para a náutica não falta água. Tudo, integrado num Politécnico se o Estado quisesse avançar ou por concessão a privados. Mas há mais…
- Mais o quê?
- Sabe que foi na Região Demarcada dos Vinhos de Tavira que o Marquês de Pombal se inspirou para fazer a Região do Vinho do Porto?
- Não me diga…
- Digo, sim! Seria interessante refazer a Região Vitivinícola de Tavira e levar a cultura da vinha por essa serra além...
- E acha que o vinho seria bom?
- Com os enólogos que por aí andam já não há vinhos maus em Portugal. Os daqui também haveriam de ser bons desde que se lhes fixassem as características. Mas há muito mais coisas que agora se podem fazer e que antes era impossível por falta de água. Agora, com a barragem grande e com o perímetro de rega, é só puxar pela imaginação e tratar dos preços.
- Já antes falou dessa coisa dos preços. Qual é o problema?
- Isso vai demorar um bocadinho a explicar mas prometo que amanhã digo.
- Muito bem, amanhã cá estarei à espera. Até amanhã.
- Até amanhã.
(continua)
Henrique Salles da Fonseca