DE FÉRIAS -1
Há quase 15 anos de férias, já estou com dificuldade em distinguir os Sábados e Domingos daqueles dias em que a maior parte das pessoas trabalha. E se durante toda a vida de trabalho o Sábado era o dia do folguedo glorioso, a tarde de Domingo continha uma certa neura que nem um «cineminha» conseguia neutralizar. Nunca fui capaz de identificar a causa dessa neura. Seria por ser a véspera da retoma do trabalho? Mas se eu até gostava do que fazia, porquê a tal sensação neurótica?
Não sei e não será agora que me dedicarei a tal investigação. Haja quem o faça por mim. Mas, depois, conte.
O que sei é que com a aposentação, essa neurastenia da tarde domingueira desapareceu e de Segunda a Segunda passeando por tudo quanto é dia, a vida é bela e só os Impostos é que dão cabo dela.
E porque a vida é bela, vá de tentar fazer agora o que não pude fazer enquanto trabalhava. Assim, mal entrei na reforma, decidi praticar o meu desporto diariamente (de manhã, com excepção do tal Domingo cuja tarde era chata) e estudar à tarde o que nunca tinha estudado. Por exemplo, tenho estudado alguma coisa de Filosofia e de Teologia mas de vez em quando lá volto às «coisas» a que me dedicava antigamente. E porque estou a banhos em Tavira, tenho procurado identificar a causa dos níveis de desenvolvimento e de subdesenvolvimento local.
Assim, começo por constatar que há duas «Taviras»: a do Verão e a do Inverno. A estival é um festival festivo, a invernosa é uma tristeza triste.
Comecemos pela euforia.
Porquê esta glória estival? Porque esta praia se alonga languidamente desde as chamadas «Quatro águas» até à barra da Fuzeta em cerca de 14 quilómetros de areia magnífica e águas aquecidas fazendo dela a melhor praia do mundo. E quem me costuma ler sabe que eu conheço praias nos cinco continentes desde latitudes altíssimas até às suas opostas e que, portanto, sei o que digo. Mas compreendo que haja quem fique na dúvida e, então, faço desde já a destrinça entre essas outras praias tão afamadas pelos agentes de viagens e esta em que por aqui me banho em Agosto desde há quase 40 anos: é que os tubarões mordedores não têm o costume de cá vir tomar banho connosco. Porquê? Não sei, perguntem-lhes.
E temos também outros privilégios. Este ano, a moda dos fatos de banho femininos é deslumbrante e glutona.
Como assim, perguntará o leitor. Sim, os fatos de banho deste ano põem os glúteos das Senhoras em tal evidência que nos levam a concluir que finalmente alguém inventou a moda das nádegas femininas com suspensórios. A não perder!
(continua)
Henrique Salles da Fonseca