DA MURRETA DESAREADA
Hoje, refiro-me a um fenómeno sobre que nunca pensara e sirvo-me da linguística da Fonte da Telha.
Trata-se da «murreta» que é o nome que por ali se dá ao lixo acumulado no fundo mar desde que o homem por ali anda. Noutras localidades, os resíduos sólidos marítimos receberão outros nomes, mas aqui é a murreta,
Então, prosseguindo na terminologia local, as correntes marítimas «areiam a murreta» (tapam o lixo com areia) e o mar revolto «desareia a murreta» (destapa o lixo) que fica à deriva e dá ao mar uma cor castanha.
Considerando apenas a nossa orla marítima, duvido que haja quem consiga calcular com rigor mínimo de quantos milhares de toneladas de resíduos sólidos marítimos se deve medir o problema.
Portanto, se se pretende limpar o mar, a primeira coisa a fazer será saber qual a composição desse lixo para, só então se imaginar o que lhe fazer. Serão materiais susceptíveis de alguma utilidade economicamente válida? Serão materiais com interesse na «valorização energética» (eufemismo de incineração)?
Quero acreditar que parte importante desses RSM (resíduos sólidos marítimos) terá encaminhamento pelo engenho humano com uma economicidade que pague a sua retirada dos mares.
Falta só que um responsável ambiental (público ou privado) se decida por estudar TUDO.
Setembro de 2023
Henrique Salles da Fonseca