CURTINHAS CXXX
KYP
- Um dos elementos estruturantes de todas as actividades financeiras, hoje em dia, da Banca aos Seguros, passando pelos Fundos de Investimento e por uma miríade de outras Instituições Financeiras e mercados financeiros, é o princípio KYC/Know Your Costumer (“Conheça o Seu Cliente).
- Um princípio sensato, extremamente útil (para quem não quer ser cúmplice involuntário) e que bem poderia ser estendido a outras áreas da vida financeira. Como aos candidatos a parceiros em novos negócios, por exemplo.
- Daí o título desta “Curtinha”: KYP/Know Your Partner (“Conheça o Seu Parceiro”).
- Para dar um exemplo: ANBANG.
- Constituída em 2004 com um capital equivalente a USD 60 Milhões, ANBANG começou por ser uma Companhia de Seguros dedicada, exclusivamente, ao Ramo “Automóvel”.
- Mas rapidamente ganhou um dinamismo assinalável que a levou a adquirir uma Seguradora belga (FIDEA ASSURANCES), 20% do capital do principal Banco privado chinês (MINSHENG BANK), outras posições accionistas relevantes em Bancos e promotores imobiliários, também na China, e o 2º maior Banco coreano (WOORI BANK), além do Hotel Waldorf, em Nova Iorque (este por USD 1.95 mil Milhões).
- O PCA de ANBANG, Wu Xiaohi, foi casado com uma neta de Deng Xiaoping - o que, muito provavelmente, lhe abriu as portas do reservadíssimo clube que é a elite chinesa, o viveiro de todos os bons negócios, por lá.
- Wu Xiaohi tem sabido rodear-se: entre tantos outros talvez não tão notáveis, Chen Xiaolu (filho de Chen Yi, um comandante militar importante no tempo de Mao) é administrador da ANBANG e Zhu Levin (filho de Zhu Rongji, antigo primeiro-ministro), também ele um banqueiro bem sucedido, é seu parceiro de negócios habitual.
- Até 2014, ANBANG multiplicou por mil o seu capital (que é actualmente o equivalente a USD 7.4 mil Milhões) recorrendo a ofertas privadas de subscrição - o que a tornou num dos grupos empresariais mais capitalizados na China (mais até do que CHINA LIFE, a maior das Companhia de Seguros detidas pelo Estado chinês, ou PICC, outra Seguradora estatal chinesa).
- Em 2013, ANBANG oferecia, nos diversos esquemas que tinha montado para captar fundos junto do público, taxas de retorno interessantes, mesmo para o mercado chinês (à volta de 6%/ano). Mesmo assim, conseguiu alcançar uma rentabilidade na ordem dos 25% - graças, segundo tudo indica, a uma política de investimentos bem sucedida.
- Espero que nada disto seja novidade para os astutos negociadores do BdP.
PS: Este escrito baseia-se num artigo publicado na revista The Economist, edição de 07/02/2015.