COSIMA, A CRONISTA
Hans von Bülow deu-lhe três filhas e Richard Wagner mais duas e um filho, Siegfried. E isto, tendo o que à época se dizia uma «cara de cavalo». Teria por certo outras virtudes.
Passou à História da Cultura Alemã como Cosima Wagner mas se não fosse a austeridade teutónica, teria por certo assumido o nome completo de Cosima Francesca Gaetana (nomes próprios), d’Agoult et Flavigny (da mãe), Liszt (do pai), von Bülow (do primeiro marido) e Wagner (do segundo marido). Com um nome desses, haveria de parecer espanhola ou viúva americana.
Nasceu em Bellagio, Itália, em 24 de Dezembro de 1837 e morreu aos 92 anos de idade em Bayreuth em 1 de Abril de 1930. Entre a morte de Richard Wagner em 1883 e 1914, assumiu a direcção do Festival anual no teatro que ajudou a erigir.
Não fora o seu diário e ter-se-ia perdido muita informação sobre si própria e, principalmente, sobre as personalidades que a rodearam ao longo da vida, nomeadamente Nietzsche. Ela terá sido a única pessoa por quem o filósofo se apaixonou. Não consta que o vice-versa tivesse fundamento. Mas foi ela que interpretou ao piano várias composições musicais de Nietzsche e estas não ficaram para a História se bem que uma ou outra tenha chegado a ser orquestrada.
No meio da paixão (não correspondida), Nietzsche decidiu fazer de Cosima uma escritora sugerindo-lhe que passasse a um estilo mais contido, sem tantas exclamações como Oh! e Ah! e construindo frases mais curtas. Ou seja, pedindo-lhe que deixasse de ser o que ela era. Felizmente, Cosima também não correspondeu a estas sugestões e manteve-se fiel a si própria até ao fim. Para o bem das crónicas que nos legou.
Cosima, a cronista de virtudes ocultas.
Novembro de 2019
Henrique Salles da Fonseca
NOTA: Para saber mais, ver, por exemplo, em