CONVERSA DOMÉSTICA
Pergunta – Será que esta gente que se candidata à Presidência da República fez algum estudo de mercado para saber com o que podia contar?
Resposta – Não.
Pergunta – Mas que ideia lhes passará pela cabeça?
Resposta – A certeza de que são o centro das atenções dos eleitores, que são os melhores da Nação, que os basbaques lhes rendem todas as homenagens.
Pergunta – E então são esses inconscientes que nos querem governar?
Resposta – Sim.
Pergunta – Então como é que eles se abalançam a despesas tão grandes?
Resposta – Porque contam com o ovo no «sim senhor» da galinha, ou seja, com o subsídio público.
Pergunta – E a Maria de Belém que fará agora, que o Estado nada lhe pagará?
Resposta – Vai mobilizar a pensão vitalícia que ajudou a repor.
Pergunta – E é isto que nós temos que aturar?
Resposta – Sim, é.
Pergunta – Até quando?
Resposta – Até que se reponha a ética e o sentido da responsabilidade e se combata o facilitismo, o «vale tudo», o hedonismo e a demagogia.
Pergunta – Volto a perguntar: até quando?
Resposta – Não durante a governação dos actuais usurpadores nem sequer durante a vigência de uma Constituição que permite a inversão da lógica democrática.
Pergunta – Então, que devemos fazer?
Resposta – Ter fé.
Comentário – Como escreveu o Steinbeck nas “Vinhas da ira”, «Não eleves a fé até à altura do vôo dos pássaros e não rastejarás depois como os vermes.»
Resposta ao comentário – Pois.
Lisboa, 26 de Janeiro de 2016
Henrique Salles da Fonseca