COMO TERIA SIDO SE…?
Em Abril de 1970, na minha recruta na EPI-Escola Prática de Infantaria, em Mafra, testemunhei (sem perceber do que se tratava) a incorporação de Cadetes que até então viviam no estrangeiro.
Muito mais tarde, já a tropa cumprida, percebi que se tratava de exilados políticos cuja missão passaria a ser a infiltração do Exército naquilo que seria a desmoralização progressiva das forças militares que Moscovo não conseguia, pela guerrilha, vencer em Angola e em Moçambique.
Eles estavam politizados; nós, não.
Como teria sido se nós estivéssemos politizados; o que se comemoraria actualmente?
Não por certo a manutenção das colónias mas certamente algo de bem diferente das desgraças por que quase todos eles passaram.
E nós, por cá?
Talvez não tivéssemos que afirmar que o 25 de Abril foi um golpe de Estado comunista executado por militares ingénuos que de política nada percebiam ou que, pelo contrário, estavam super-politizados no sentido de entregarem as colónias portuguesas ao Império Soviético.
Não teríamos talvez tido que esperar pelo 25 de Novembro de 1975 para dizermos que só então é que a democracia ficou assegurada, não teríamos talvez assistido à destruição da malha produtiva nacional, teríamos certamente tido a oportunidade de avançar resolutamente para uma política coerente de desenvolvimento e bem estar em vez de andarem por aí aos gritos de propaganda menos balofa do que teria sido conveniente.
Se nós estivéssemos politizados, não sei como teria sido mas do que não tenho dúvidas é que teria sido muito diferente do que não comemoro em Abril.
Abril de 2019
Henrique Salles da Fonseca