CLAUSURA – 14
Na guerra da informação e da contrainformação, o que me interessa saber não é quem criou a «besta» mas sim quem a soltou. E se na primeira questão, o jogo do empurra faz suspeitar de ambos – EUA e China – na segunda questão, a da soltura, não restam dúvidas de que o culpado é chinês. Fê-lo acidental ou propositadamente, não sei e creio que isso pode ser esclarecido mais tarde. Para já, fê-lo e constituiu-se como inimigo do resto do mundo.
Sem recorrer a tempos muito idos, lembro-me do triste fim que teve Napoleão por ter tido a veleidade de ser dono do mundo; lembro-me da miséria a que Hitler conduziu a Alemanha e creio que o fim de Xi não vai ser muito diferente. Porquê? Porque os outros, os não chineses, também temos direito à vida e não vamos esquecer rapidamente a chacina a que estamos a ser sujeitos por causa da China sob a direcção de Xi. Vamos obviamente poupar a China mas algo vai ter que mudar - e muito.
Lembramo-nos da ida de Nixon a Pequim combinar com Xu En Lai o modo de desenvolver a China e de partir os dentes aos Sindicatos americanos: as empresas americanas que se deslocalizassem para a China passavam a abastecer o mercado asiático como até então lhes estava vedado (por causa dos custos americanos) e a partir dessa cooperação novas perspectivas bilaterais se abririam.
O resto da história é conhecido: os Sindicatos americanos desapareceram, Detroit faliu, a balança do comércio bilateral desequilibrou-se a favor da China, o Banco Central da China investiu fortemente em títulos da dívida americana (sobre cuja montanha hoje se senta confortavelmente), os europeus seguiram a mesma deslocalização e a China arvora-se hoje como a potência mais dinâmica a nível mundial e em condições de ditar as suas fórmulas para que os outros povos se aguentem no balanço da vida que levavam antes deste pandemónio.
Mas eu estou em crer que a actual arrogância chinesa cometeu um erro fatal para si própria: não contou com a reacção do resto do mundo.
(continua)
Abril de 2020
Henrique Salles da Fonseca