CHAU-MIN – 1
A BORRASCA
Hoje trato do Petroyuan.
A ideia é a da desdolarização do comércio externo chinês passando a China a pagar as suas importações de ramas de crude em Yuans ficando os países seus fornecedores com Yuans suficientes para pagarem as importações de produtos chineses.
Muito bem, percebe-se facilmente que a China queira lançar a sua moeda no mercado internacional.
Pois! Só que o Yuan ainda é uma moeda falsa. E se os mercados internacionais passam a aceitar moeda falsa, então o FMI terá toda a razão ao prever que a borrasca está a chegar de novo.
E por que é que o Yuan é uma moeda falsa?
O Yuan é uma moeda falsa porque não é conhecida a política monetária que lhe está subjacente.
Como assim?
Muito simplesmente porque…
- a política orçamental do Estado Chinês é opaca uma vez que…
- o orçamento do Partido Comunista Chinês é segredo de Estado
- o orçamento das Forças Armadas Chinesas é segredo de Estado
- o Banco Central da China mais não é do que um «departamento» do Partido Comunista Chinês
- a cotação do Yuan é definida por Decreto
Ou seja, tudo é falsidade e só acredita no Yuan quem não tenha alternativa, os próprios chineses.
E como é com as empresas?
A China não tem um POC e cada empresa apresenta as contas em conformidade com a liberdade imaginativa que o mesmo é dizer que tudo vale, talvez mesmo a famosa martelada. Eufemisticamente, as empresas chinesas são o «el dorado» da engenharia financeira. Nelas, tudo pode ser assim como assado.
Mas isto não seria perigoso se se tratasse de empresas domésticas. O problema está em que as cotadas em Bolsa também se regem pela putativa martelada.
Portanto, se não se pode acreditar na moeda chinesa nem no verdadeiro valor das empresas chinesas, quem pode acreditar na China e que futuro pode ter o Petroyuan?
Repare o Leitor que me ative apenas a matérias muito profanas e não abordei a outra questão maior, a política. Talvez um dia destes o faça se, entretanto, não estalar a borrasca.
Dezembro de 2018
Henrique Salles da Fonseca
(em Xangai, Janeiro de 2006)