BREXIT
O PROCESSO DE DIVÓRCIO DA GRÃ-BRETANHA COM
A UNIÃO EUROPEIA DURARÁ PELO MENOS 2 ANOS
Cameron semeou Democracia e agora o Mundo
colhe os seus Frutos!
“Castigue-se o desertor”, gritam os europeístas! “Parabéns ao desertor” gritam os nacionalistas!
A União Europeia e a Grã-Bretanha recebem agora a factura da arrogância da sua classe política. Cameron semeou democracia e agora ela ondula pela Europa à maneira das searas em dias de ventania. Os adeptos do politicamente correcto procuram, com a sua música acompanhante, desviar a bola para canto difamando a voz do povo como sendo desafinação de populistas.
Bruxelas avisou Londres para apresentar já a declaração de saída e assim não “tomar todo o continente como refém”, e assim não prejudicar ainda mais a UE e não contagiar outros membros que já flirtam com a ideia da saída. A negociação do acordo encontra-se sujeita a vários entraves pelo facto do Brexit ter de ser ratificado pelas Câmaras britânicas. O requerimento de aplicação do artigo 50 da UE que dará início ao processo de saída, se não acontecer algum improviso até lá, será certamente iniciado em Novembro-Dezembro, a não ser que os interesses dos conservadores europeus sejam vencidos pelos interesses da esquerda.
Cameron, para defender os interesses do Partido Conservador e os interesses económicos da Grã-Bretanha pretende só abandonar o Governo em Outubro. Pretende assim que o processo de divórcio só seja solicitado depois de haver novo Chefe de Governo. O processo de divórcio durará 2 anos como prevê o artigo 50, a não ser que algum país não esteja de acordo e então o prazo seria prolongado, como opinam os especialistas. Ângela Merkel já deu sinal de compreender a intenção de Cameron em querer adiar o início do processo de divórcio; políticos de outros partidos alemães não acham oportuna a posição de Merkel. Os britânicos, encontrem-se em que posição se encontrarem, conseguirão sempre condições especiais para o seu país, tal como faziam já na UE e ao longo da história com Portugal. É um povo fino e pragmático!
O Busílis da questão
A França e outras forças reformistas não poderão deixar adiar muito o processo; doutro modo a resistência popular interna e contra a UE aumentará. É o que se diz pela Europa fora: o desertor tem de ser castigado para se estatuir um exemplo para outros países que seriam tentados a imitá-lo.
A Alemanha estará interessada na realização de um acordo de comércio livre entre a UE a GB antes do divórcio se realizar definitivamente. Com o Brexit, as economias de muitos países ressentir-se-ão e as consequências serão incalculáveis. As Finanças internacionais e os operadores mundiais começam a duvidar da Europa como lugar estável de investimento. A UE perde peso e a instabilidade, devido a um conglomerado de factores, acentuar-se-á. O movimento europeu de forças a operar em sentido contrário à filosofia da globalização reage agora no sentido do proteccionismo nacional contra um centralismo só orientado pelas leis de um mercado livre que não respeitava identidades nacionais, povo nem a sua cultura com os seus lugares sagrados de refúgio.
A GB continuará a ser a Capital das finanças do mundo, tem bomba atómica, tem assento no Conselho de Segurança da ONU e tudo isto toca com muitos interesses comuns!
Estudos prevêem que o Pfund desvalorizará até 20%. A GB perde a vantagem competitiva que lhe advinha pelo facto de pertencer à UE. O centro financeiro Frankfurt ganha mais relevância.
Com a saída da Grã-Bretanha, a UE passará a investir mais no armamento para com o tempo criar um Exército Europeu. O Exército Alemão, na intenção de políticos, já pensa em abrir as suas portas a candidatos da UE.
O busílis da questão vem ainda do facto de 62% dos escoceses terem votado pela permanência da GB na UE. Deste modo, o referendo de 1914 sobre a independência da Escócia em que 55% tinham determinado a permanência na Grã-Bretanha, passa a ser maculatura, legitimando um novo referendo sobre a independência da Escócia, como pretende o seu Governo. Para alguns, isto poderia motivar as instituições britânicas a não ratificarem o referendo. Nesse caso, seria pior a emenda que o soneto. A Áustria já avisou que quer uma UE reformista e sem a Turquia. A França, a Chéquia, os Países Baixos, têm fortes movimentos cívicos que ameaçam com a saída da UE. Em Portugal também surgem vozes da esquerda radical nesse sentido mas isso não passa de conversa fiada, própria para entreter as emoções da sociedade portuguesa.
A UE, mesmo com a saída da Grã-Bretanha, continua a ser o bloco económico mais forte do mundo. Numa era de concorrência entre civilizações e grandes economias o vento delas não sopra em favor dos biótipos culturais nem das Nações. Geralmente, segue-se a regra de primeiramente encher o estômago e só depois a moral.
Há ainda um outro problema que a UE terá de levar a reboque por mais tempo! São os milhares de empregados britânicos nas instituições da UE. Bruxelas já disse: “Eles são funcionários da UE. Eles trabalham para a Europa”. Quem terá de pagar depois as suas deliciosas pensões terá de ser ainda negociado.
António da Cunha Duarte Justo