BOM VERÃO!
Será que a comunicação é viciante?
Já tive mais certezas negativas sobre essa hipótese; há tempos negaria a pés juntos que o fosse; hoje, estou em crer que a comunicação é algo mais do que um gosto ou mesmo mais do que um hábito (virtuoso, claro). Mas admito que possa criar dependência e, em consequência, deixar de olhar para a qualidade dos conteúdos e passar para a preocupação de assegurar uma visibilidade constante. Só que isso pode arrastar o comunicador para aquilo a que vulgarmente se chama «encher chouriços», ou seja, publicar «coisas» só para não perder o «tempo de antena», mesmo que nada de especial tenha para dizer.
São vários os políticos que parece assim agirem no pressuposto de que «o fundamental é aparecer» para que o eleitor os não esqueçam. Sofisma, claro. Aparecer por aparecer só para não ser esquecido pode muito naturalmente levar à criação da ideia de que esse tal comunicador não passa de um «fala barato», de alguém que «não interessa nem ao Menino Jesus».
É, pois, evidente o prejuízo que a ânsia da comunicação pode provocar a quem não se sabe conter, a quem padece de verborreia ou de excesso de ego.
Até porque «quem muito fala pouco acerta», «pela boca morre o peixe» e ao abrir muito a boca «ou entra mosca ou sai asneira».
Portanto, na mente senso, na língua tento.
Votos de bom Verão para quem me lê!
No dia do Solstício de Verão de 2019
Henrique Salles da Fonseca