BILIOSOS E SANGUÍNEOS
Radical, o inabalável nas suas firmes convicções irredutíveis, inegociáveis para quem só o castigo purifica e redime os desvios.
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Natural de Tarso, no Leste da actual Turquia, Saúl – a que também chamavam Saulo – era o mais radical de uma família ultra -ortodoxa Judaica. Para além do estudo da Lei Judaica, Saúl dedicava-se a combater o Cristianismo e a castigar os cristãos com que se cruzava
Conta o próprio que, caminhando certa vez pela estrada de Damasco, se lhe revela o Espírito Santo que lhe pergunta «Saulo, por que me fazes tanto mal?». Maravilhado com a revelação, Saúl de imediato se apercebeu da Divindade de Jesus Cristo e ali mesmo se converteu ao Cristianismo sob o nome de Paulo.
Mudou de fé, mas não terá mudado muito de temperamento algo bilioso e eis como nasce o radicalismo na Igreja também ela então nascente. Por contraste com o temperamento benigno e sanguíneo do pescador Simão a quem Jesus chamou Pedro.
Pesassem embora as diferenças entre o suave Pedro e o irrequieto Paulo, os romanos imperiais deram o mesmo tratamento aos dois Homens, mas nada conseguiram contra as suas ideias, as fundadoras da Igreja.
A via biliosa, castigadora, fundada por S. Paulo, foi-se desenvolvendo até que chegou a S. Tomás (de Aquino) e a S. Domingos (de Gusmão deles passando a Frei Tomás de Torquemada (Inquisição/Congregação para a Doutrina da Fé), Papa Bento XVI.
A via sanguínea, do perdão aos arrependidos, nasceu com Jesus, passou a S. Pedro, evoluiu até S. Francisco de Assis, a Stº Inácio de Loiola e, passando por outros, chegou ao Papa Francisco, o bom.
Janeiro de 2024
Henrique Salles da Fonseca