AS MOVIMENTAÇÕES NA CIDADE
Referimo-nos principalmente às movimentações das pessoas mas obviamente também dos bens e serviços indispensáveis à sua vida. E esta consta de trabalho, de abastecimentos de bens e serviços, de educação e de entretenimento, de convivência enfim tudo o que significa viver.
Em cidade bem planeada, as habitações devem ser construídas com a preocupação da sua orientação em relação ao sol de forma a terem a exposição correcta e nunca terem acesso por uma via de grande movimento, das quais devem estar devidamente protegidas quanto a poluição do ar e sonora e além disto constituírem com outras habitações um conjunto propício à convivência.
Estes núcleos habitacionais deverão ser desenhados de forma a terem dimensão suficiente para permitirem a existência de pequeno comércio de bens e serviços essenciais que lhos forneçam e que assim evitem percursos mais longos e onerosos.
Os locais para trabalho deverão ser definidos conforme a sua natureza, escritórios, serviços administrativos, médicos, escolares ou indústrias para os quais há que prever ligações por transportes colectivos e/ou veiculo pessoal o que pressupõe a existência de vias rápidas portanto sem cruzamentos mas apenas saídas e entradas laterais onde a velocidade poderá e deverá ser superior de forma a maximizar o volume de tráfego, até porque a velocidade aconselhável nas ruas dos núcleos habitacionais deverá ser da ordem dos 30km/h para máxima segurança dos habitantes.
É claro que numa cidade como é Lisboa onde durante o último século o critério mais utilizado para definir a planificação urbana, aliás a maior parte da sua área, foi a especulação imobiliária estes princípios básicos da qualidade urbanística tornam-se muito difíceis de atingir, mas nem por isso podem ser esquecidos, de forma a se poder ir melhorando de facto a qualidade de vida da população e evitando repetir os erros, como aconteceu por exemplo no Parque das Nações.
Mas a existência de vias rápidas, isto é de elevado escoamento e não obrigatoriamente de velocidades exageradas como tantas vezes constatamos, é fundamental desde que sejam concebidas com o relacionamento correcto com as carreiras dos transportes colectivos de curta e longa distância e os indispensáveis parques de estacionamento que permitam optimizar as movimentações de toda a população com as suas diferentes soluções pessoais.
Com a certeza de que não sendo assim diminui muito a produtividade da população pois as dificuldades que se verificam diariamente nas movimentações dos nossos cidadãos provocam um enorme desgaste que naturalmente afecta a competitividade nacional.
Dito isto Lisboa precisa de ter algumas vias rápidas de penetração bem como outras de ligação lateral bem como os estacionamentos que diminuam a necessidade de levar os veículos até às zonas centrais e simultaneamente permitir aumentar a velocidade dos colectivos que desta forma quase com a mesma despesa transportarão mais passageiros e dar-lhes-ão melhor qualidade de serviço porque diminuirão os intervalos nas paragens de espera e simultaneamente ir melhorando a qualidade urbana das zonas antigas a reconstruir.
Este deverá ser o estudo a fazer que certamente definirá algumas vias rápidas e obrigará a decidir a construção do túnel Algés-Trafaria.
Lisboa precisa que isto seja feito em vez de soluções por ventura esteticamente atractivas mas que nada contribuirão para melhorar a vida dos que aqui vivem, antes pelo contrário lhes aumentam as despesas.
Assim gastar 13 ou mais milhões de euros a transformar uma via rápida, das poucas que existem, numa avenida parece uma decisão de muito baixo nível de gestão pois com essa verba há muitas melhorias mais úteis e proveitosas a fazer.
Já é tempo para não gastar tão mal os dinheiros do País!
Lisboa, 4 de Fevereiro de 2016