AS BARBAS E O MOLHO
Atendendo ao que dizem os telejornais, parece elevada a probabilidade de Trump ganhar a corrida à Casa Branca. Desconheço os parâmetros incluídos nesses cálculos, para chegar a tal conclusão, mas eu considero que:
- Sendo um relativamente bom Presidente, Biden é um candidato medíocre que não arrasta turbas ululantes em clangores sem fim;
- Trump é o candidato da turba multa pois está sempre a destabilizar o «establisdment» que é o que os de baixo mais gostam de fazer aos de cima;
- O voto em Biden é tendencialmente erudito e cerebral;
- O voto em Trump é popular, emotivo.
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Entretanto, neste primeiro trimestre de 2024 em que escrevo, já Trump provocou uma fractura na sociedade americana que pode resultar em graves danos na segurança interna dos próprios EU. Se à fractura interna (traduzida no bloqueio legislativo) somarmos a ameaça de incentivo ao inimigo para que ataque aliados dos EUA até mesmo ao abandono da NATO, creio que na Europa temos todas as razões para pormos as barbas de molho.
Convém, desde já, irmos considerando que Trump será o autor de uma nova ordem mundial em que a Europa continuará a ter a Rússia como inimiga não podendo nós contar com a ajuda Americana, se não mesmo com a sua animosidade. Façamos desde já de conta que os EUA, já, não pertencem à NATO. O problema da substituição dos EUA não é solúvel, mas pode ser reduzido se promovermos a nuclearização do Canadá e da Escandinávia ao mesmo tempo que reforçarmos o flanco sul convidando para a nossa organização Militar o México, Cabo Verde, Marrocos, Tunísia e Egipto. Assim conseguiríamos alguma segurança na zona de influência de Cuba e Venezuela (onde ainda só temos os três “porta aviões” que são Aruba, Bonaire e Curaçau). Mais segurança também em toda a zona Atlântica até hoje desprotegida bem como ao longo da costa sul mediterrânica e mais de metade do Mar Vermelho. Ficam pelo meio países de confiança dúbia.
Fevereiro de 2024
Henrique Salles da Fonseca