ARÁBIA FELIX – 17
Demorámos 12 horas a percorrer o Canal de Suez de um extremo ao outro. Não sei se é habitual que assim seja ou se a nossa velocidade foi especial de passeio. Deu para ver tudo em detalhe, a curta distância, pois estava tudo ali, à mão de semear. E o que vimos? Muito. Diria mesmo mais: muitíssimo!
O incrível volume de obras em curso na margem do lado do Sinai dá que pensar. Trata-se de cidades e cidades seguidas umas às outras com finíssimas zonas de permeio. A maior parte delas com nítida vocação habitacional ou até mesmo turística e algumas outras em que vi militares e equipamentos da Engenharia egípcia a trabalhar. Estas, poderá ser que estejam vocacionadas para o lazer de militares mas achei lazer em demasia. Do que se tratará? Não havia a bordo quem me soubesse esclarecer pois este era o primeiro cruzeiro que o nosso Armador por ali fazia e, pelos vistos, o pessoal sabia tanto como eu: nada. Fica o registo de que na margem do Sinai está tudo numa polvorosa de obras grandes, médias e pequenas, civis e militares.
A Administração do Canal situa-se na margem africana, a que está humanizada há mais tempo, relativamente próxima do Cairo e de Alexandria.
Um dos mistérios que deixo por resolver é o de estradas que, na margem do Sinai, saem a 90º do Canal em direcção a nenhures mas que, logo ali à nossa vista, são interrompidas por um muro de pedra em que a única passagem (um relativamente pequeno portão) está descentrado da via e colocado sobre uma das bermas, aparentemente em descontínuo com qualquer trânsito que por ali se aventure.
E lá vem o companheiro «Costa» quase a passar por baixo da ponte de Port Saïd
Nos arrabaldes de Port Saïd, uma ponte magnífica (ainda por inaugurar) que ligará ao porto marítimo que se situa na outra margem, a do Sinai.
E por aqui saímos das Arábias, nos fizemos ao mar e seguimos rumo ao Pireu.
Haja calma e ninguém vai suster o Egipto.
Inch Allah!
Questão final: «Arábia Felix» - porquê «felix»?
E por aqui me fico que os meus leitores já devem estar fartos.
Abril de 2019
Henrique Salles da Fonseca
(ao pôr do Sol no deserto do Dubai)