ARÁBIA FELIX – 13
Como dizem os franceses, Aqaba é um «cul de sac» ou, à nossa maneira, um beco. E já foi o fundo de um saco de gatos assanhados pois ali se encontram os extremos de Israel, Jordânia, Arábia Saudita e Egipto. Para já, tudo calmo, até prova em contrário.
Note-se que se trata do único porto marítimo jordano pelo que é vital para o país que se estende por ali a cima com tudo longe através duma paisagem que nos faz duvidar se se trata de Marte ou da Lua. Agora, acaba em Aqaba (ou começa, conforme o sentido da marcha) o caminho de ferro construído no tempo do Império Otomano que liga a Amman e que de início se estendia bastante mais para Sul pela Península Arábica além… É por Aqaba que a Jordânia exporta fosfatos e é por ali que importa tudo, até turistas.
Aqaba, Jordânia
Trata-se duma cidade aprazível na época em que por lá passámos (Março) mas que no Verão alcança vulgarmente os 50º Centígrados com a água do mar a rondar os 30º. Já lá vai o tempo em que não havia ares condicionados; já lá vai o tempo em que até os camelos se davam mal por ali. Não me informaram se também há estábulos para camelos com ar condicionado. Mas tiveram o cuidado de nos lembrar que aqueles a que habitualmente chamamos camelos são dromedários (apenas com uma bossa) e que os verdadeiros camelos são os da Ásia profunda e que têm duas bossas. Já sabíamos, mas é sempre bom recordar. Como se isso fizesse alguma diferença para o nosso propósito de apreciação do estado daquela Nação. E mais nos disse o guia que os camelos são animais de carga e que os dromedários são animais de sela ou de corrida. Os guias anteriores já no-lo tinham dito com mais erudição do que este jordano mais interessado nas comissões que os lojistas lhe dariam nas compras que nós, turistas, fizéssemos.
Uma curiosidade histórica: Lawrence da Arábia conquistou Aqaba aos otomanos vindo por terra quando os atacados esperavam o inimigo pelo lado do mar. Sim, o segredo é a alma do negócio da guerra.
Para além do porto marítimo, Aqaba é também uma estância turística que se está a fazer muito cosmopolita mas fica a menos de um tiro de obus da israelita Eilat.
Eilat, Israel
E se este extremo de Israel é o acesso ao Mar Vermelho e a todos os mares do Sul, agora adquiriu novo valor estratégico quando está em vias de se tornar no ponto de abastecimento de água (a dessalinizar) que irrigará todo o Deserto do Neguev e o transformará integralmente em terra muito mais produtiva do que tem sido até ao presente.
A meia dúzia de quilómetros de Eilat fica a fronteira com o Egipto e a 17 de Aqaba fica a da Arábia Saudita. Ficámos a saber que há muito movimento turístico transfronteiriço de Israel com a Jordânia e com o Egipto mas não me informaram se o mesmo acontece entre Israel e a Arábia.
(continua)
Abril de 2019
Henrique Salles da Fonseca
(pelas Arábias, algures)