ANONIMANDO…
CARNAVAL DE VENEZA
O rosto da mulher estava tapado por uma máscara, mas a minha imaginação desenhava-lhe as feições. Mascaradas, todas as mulheres se transformam em beldades famosas que todos os homens conquistam pelo seu encanto. A mulher com quem dançava pôs-se a fazer-me perguntas em italiano. Se eu dissesse uma palavra, todo o país ficaria ao corrente de que eu era americano.
- Ah! – exclamou ela numa voz cantante. – Esperava que fosse chinês.
- Então, sou chinês – disse eu em italiano.
- Sou condessa – disse com orgulho. – A minha família descende do décimo segundo Doge.
- É verdade? – perguntei.
- Esta noite, tudo é verdade. No Carnaval, todas as mulheres são condessas.
O meu italiano tinha chegado aos seus limites, assim, falei-lhe em inglês.
- A máscara torna a mentira mais fácil?
- A máscara torna a mentira necessária – respondeu-me.
- Então, não é condessa.
- Sou condessa, todos os anos, na mesma noite. E espero que toda a gente me preste as homenagens que mereço.
Dei um passo atrás e fiz-lhe uma profunda vénia.
- Minha condessa adorada.
- Meu servo – disse ela e, fazendo uma reverência, desapareceu na multidão.
“MÚSICA DE PRAIA” – Pat Conroy - Círculo de Leitores, ed. Setembro de 1996, pág. 62