Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

A bem da Nação

ALEXANDRE CASTRO CALDAS – Neurologista – 4

alexandre_castro_caldas.jpg

 

Aos 65 anos, neurologista rejeita uma idade para a reforma e defende mais oportunidades para idosos terem os seus projectos

 

Neste curso sobre o cérebro também sentiu isso?

Em algumas coisas sim. Uma das surpresas foi por que é que as pessoas de idade não conseguem falar enquanto andam. É simples: já perderam o piloto automático da marcha, pelo que o pensamento e a conversa interferem com o equilíbrio. Uma Senhora ficou muito surpreendida, costumava zangar-se com a mãe por terem de parar para ela responder.

E porque é que os mais velhos se repetem tanto?

É como as crianças, quando se repete a mesma história os miúdos ficam tranquilos, quando se muda ficam aborrecidos. A repetição é um caminho conhecido, é a verdade da pessoa. Ao contar a mesma história muitas vezes, a pessoa sente-se com confiança.

A violência contra os idosos nas famílias parece ser mais comum do que pensávamos. Tem percepção desses casos?

Há muitas famílias disfuncionais, tive situações em que percebi que os filhos não eram a melhor companhia. Agora, hoje em dia há uma geração difícil que está a tomar conta dos pais e tem filhos pequenos, tem de fazer opções. Percebo que os filhos optem pelos mais novos, pelos filhos deles. O que faz com que não haja um investimento na qualidade de vida dos mais velhos, é mais fácil pôr num lar baratinho.

Tem-se falado dos incentivos à natalidade. Devia haver também incentivos à terceira idade?

É forçoso investirmos na natalidade até porque há uma idade em que ser pai e mãe faz parte da nossa biologia. Negar a procriação pode ser uma atitude intelectual e aí as pessoas organizam a sua vida de outra maneira. Mas na maioria das situações traz sofrimento. Em muitos casos as pessoas limitam-se a um filho único porque não podem ter mais, não é por razões de carácter intelectual. Isso é um constrangimento numa fase da vida que não podemos querer. Agora, sem dúvida, temos de apoiar as duas coisas.

E o dinheiro chega?

Não estou nada de acordo com esse argumento de que a roupa está curta e ou se puxa para um lado ou para o outro. Muitas vezes a roupa dá para todos, tem é de estar bem distribuído.

É preciso fazer desaparecer as pregas a meio.

Onde vê as pregas?

Não vou discutir economia e política mas acho que o mundo anda todo ao contrário. Felizmente o Papa tem dito as coisas certas: a humanidade existe há milhares de anos e o dinheiro tem pouco tempo. Não faz sentido este culto dos mais ricos. Para que serve isto? Não estou a dizer tirar aos ricos para dar aos pobres, mas tem de haver um padrão de vida mais equilibrado, que não crie tanto sofrimento.

Dizia-se que esta crise, ao vivermos com menos, podia ditar essa mudança

Acho que a exploração disto do ponto de vista político é inaceitável. Espremer a ver se sai alguma coisa. Acho que quem deve ter ideias é quem quer ter poder: tem de arranjar uma solução para a economia que não faça sofrer as pessoas. Do meu ponto de vista, vai ser muito difícil recuperar do estado em que está o país neste o momento. As pessoas estão desmotivadíssimas. Não há família que não tenha pessoas emigradas e é uma emigração diferente da que aconteceu há uns anos em que se voltava. Estes estão a ir novos, instalam-se em situações mais confortáveis e ficam lá. O país não ganha nada com esta emigração.

 

(continua)

Mais sobre mim

foto do autor

Sigam-me

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2022
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2021
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2020
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2019
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2018
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2017
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2016
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2015
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2014
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2013
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2012
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2011
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2010
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2009
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2008
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D
  235. 2007
  236. J
  237. F
  238. M
  239. A
  240. M
  241. J
  242. J
  243. A
  244. S
  245. O
  246. N
  247. D
  248. 2006
  249. J
  250. F
  251. M
  252. A
  253. M
  254. J
  255. J
  256. A
  257. S
  258. O
  259. N
  260. D
  261. 2005
  262. J
  263. F
  264. M
  265. A
  266. M
  267. J
  268. J
  269. A
  270. S
  271. O
  272. N
  273. D
  274. 2004
  275. J
  276. F
  277. M
  278. A
  279. M
  280. J
  281. J
  282. A
  283. S
  284. O
  285. N
  286. D