AÍNDA A INVASÃO BELGA DA ALEMANHA
Prezado Henrique Salles,
Muito interessante o teu artigo.
Interpretar algo dito ou feito, em todas as áreas em que acessamos, não é trabalho fácil, pois quem interpreta deixa sempre marcas pessoais e sofre influências geopolíticas e culturais do seu tempo. Além, é claro, de poder estar sujeito a manipulações contextuais que o levem a conclusões nem sempre verdadeiras.
Clemenceau era cirúrgico e irónico ao mesmo tempo, suas observações e visão realística não davam margem a devaneios. Coisa que não ocorre com a maioria das pessoas que, por exemplo ao lerem um texto, dão com frequência diferentes interpretações.
Mas permita-me relatar uma situação emblemática, mais corriqueira, que o teu texto me levou: tempo houve na escola secundária brasileira que estudar História era decorar datas e factos. Ninguém gostava! E quando o facto histórico era destrinchado, a interpretação vinha mastigada e já digerida com um cunho político marcadamente patriótico, demonizando o estrangeiro. Evidente manipulação do Governo que precisava despertar sentimentos nacionalistas num povo miscigenado adoptando livros específicos a serem lidos, ditos didácticos. Talvez seja por isso (lá vai a minha interpretação pessoal) que no Brasil, de maneira geral, a maior parte da população só se interessa por História e Política quando estas matérias sensibilizam de perto o leitor, como novelas contadas, fantasiadas, à maneira do autor, em que cada um dá a interpretação que mais se aproxima da sua visão pessoal e vivência real.
Quem sabe não está aí a explicação do resultado das nossas recentes eleições?...
Maria Eduarda Fagundes