AH! MAFAMEDE, MAFAMEDE…
… VALHA-ME SANTA LUZIA!!!
Foi por terras de Mafamede que me lembrei de Santa Luzia.
Santa Luzia de Siracusa (~283-304), Santa da Luz segundo a tradição da Igreja Católica. Mesmo sem olhos, nascida numa família rica de Siracusa, foi venerada como virgem e mártir cristã que, segundo consta, morreu durante as perseguições do imperador Diocleciano.
Na antiguidade cristã, juntamente com Cecília, Águeda e Inês, todas elas atempadamente canonizadas, a veneração a Santa Luzia foi das mais populares e, como as primeiras, tinha ofício próprio chegando a ter vinte templos em Roma nomeados em sua devoção.
O episódio da cegueira, ao qual a iconografia a associa, deverá estar ligado à faculdade espiritual de captar a realidade sobrenatural. Por este motivo, Dante Alighieri, na Divina Comédia, lhe atribui a função de «graça iluminadora».
E assim foi que ficou como padroeira dos amblíopes, zarolhos, cegos e, claro está, dos oftalmologistas – e presumo que dos optometristas, oculistas e outros que tais…
E porque foi em terras de Mafamede que me vi metido em trabalhos com o meu olho direito, lembrei-me dela. E muito!
Então, foi assim…
… meti-me a fazer um rally pelas dunas do deserto do Dubai e na manhã seguinte apareci com a sensação de que ia fazer um treçolho. Só que não tinha a pálpebra inchada. O pseudo-treçolho desapareceu mas surgiu uma mancha opaca. No hospital do barco deram-me um antibiótico oftálmico e um anti-inflamatório. Assim me tratei até ao final do cruzeiro (rejeitei uma ida a um oftalmologista em Aqaba) e apresentei-me no Banco do Hospital de Santa Maria no dia seguinte à chegada a Lisboa. Médicos em polvorosa a espreitarem cá para dentro, análises (normais), TAC (normal), ida à Neurologia (saído limpo)… mais análises na manhã seguinte mas, entretanto, tome lá isto mais aquilo. E tomei. Vá ter connosco ao «Instituto Gama Pinto». Fui. Devo ter sido observado por cerca de uma dúzia de especialistas. Absolutamente formidável a atenção que me dispensaram. Derrames e inflamações desde a córnea ao disco e ao próprio nervo óptico. Como acontece uma coisa destas? Sabemos lá! Vi-os «à nora» e foram muito sinceros (e sérios, claro!): Quando não sabemos o que fazer, receitamos cortisona. Tome isso! Tomei tudo nas doses prescritas.
Voltei lá hoje e viram-me pormenorizadamente. Que estou incomparavelmente melhor. Reduziram-me a medicação. Posso montar de novo a cavalo mas com cautela. Querem ver-me no final do mês e então é que se vai ver quanta visão mantenho no olho afectado. A ver, como se diz em Oftalmologia.
Valham-me Santa Luzia e os médicos do Gama Pinto.
Sim, quem se mete por terras de Mafamede… é como quem adormece com crianças, sai húmido.
Lisboa, 11 de Abril de 2019
Henrique Salles da Fonseca
BIBLIOGRAFIA:
Wikipédia, sobre Santa Luzia