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A bem da Nação

AFINAL, SOMOS UNS GAJOS

 

Numa palestra que proferi há tempos, comecei por abordar o tema de identificação da génese do desenvolvimento duma Nação afirmando que, naturalmente, todos ambicionamos pertencer a uma sociedade desenvolvida mas que é importante sabermos como se alcança esse desenvolvimento para que não corramos o risco de algum retrocesso.

 

Quais, então, as condições necessárias para que o desenvolvimento ocorra?

 

Logo afirmei de seguida que isso se consegue com um elevado sentido de independência individual e colectiva, com muita gente a trabalhar para si própria demonstrando grandes doses de empreendedorismo, elevado nível de auto-estima, assumindo com orgulho as tradições culturais sem submissão a estrangeirismos e com um elevado sentido de auto-suficiência.

 

Perguntei aos meus ouvintes se estavam de acordo com as premissas enunciadas e, como previra, quase não tive tempo de chegar ao fim da pergunta porque a resposta foi imediata com uma aprovação unânime.

 

Então, sugeri que todos se sentassem confortavelmente, o que fizeram de imediato porque, efectivamente, a plateia estava cheia mas não havia ninguém de pé. E assim foi que lhes disse que quando estava a definir as premissas, eu estava a pensar nos ciganos. A desilusão que senti na audiência nada teve a ver com racismo mas apenas com alguma revolta contra mim, o orador, que os levara ao engano. Com a verdade os enganara.

 

Para não deixar a desilusão assentar praça, avancei de imediato para a fase seguinte do meu raciocínio, aquela em que lhes provaria que as premissas enunciadas eram necessárias, sim, mas estavam longe da suficiência.

 

Então, qual é a génese do desenvolvimento?

 

E aqui seguiu-se o resto da palestra em que comparei o Afeganistão com a Suíça, Angola com o Japão, a Cisjordânia com Israel,… até demonstrar que o desenvolvimento é consequência directa, não das riquezas naturais dos territórios ocupados por uma Nação mas sim do elevado nível de educação, instrução e formação.

 

Assim, as premissas que eu enunciara no início da palestra são claramente importantes mas estão longe da suficiência.

 

A educação que se obtém na família induz a civilização; a instrução que se obtém na escola induz a cultura; a formação profissional que se obtém nas Universidades e noutras instituições equiparáveis induz os conhecimentos para se ganhar a vida, a independência material. Se a isto tudo se juntar um elevado sentido de independência individual e colectiva, se houver muita gente a trabalhar para si própria demonstrando grandes doses de empreendedorismo, se se tiver um elevado nível de auto-estima, se se assumir com orgulho a tradição cultural sem submissão a estrangeirismos e se se tiver um elevado sentido de auto-suficiência, então, sim, alcança-se o desenvolvimento por todos ambicionado e ninguém «agarra» essa Nação.

 

gente_normal.jpg

 

Seremos, então, ciganos? Não, somos apenas «gajins», os não-ciganos, esses que, na terminologia cigana, deram origem aos gajos.

 

Bom. Mas se para progredirmos nos resta a solução de sermos uns gajos, então que o sejamos com classe, com ética.

 

Só que isto da ética vai dar para mais umas quantas palestras. Lá iremos…

 

Fevereiro de 2018

Barranco, Lima, Peru, 12 de Outubro de 2017.jpg

 Henrique Salles da Fonseca

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