A SINFONIA DO NOVO MUNDO – 2
Sendo o direito de veto um conceito democraticamente absurdo, há que o banir dos fora internacionais em que ele persiste. E como esse banimento será vetado por quem é detentor do dito direito, resta a solução de esvaziar as instituições em que ele vigora. Refiro-me à ONU e a todas as suas agências onde presumo que tal direito vigore igualmente (a confirmar ou infirmar).
Mas, para que o mundo não se afogue num emaranhado quântico de meras relações bilaterais, haverá que criar o Forum Mundial em que assentem todos os países do mundo em pé de igualdade, sem votos ponderados nem privilégios democraticamente absurdos. Se os votos fossem ponderados, por exemplo conforme a população, era ver o Lichtenstein a apregoar que tinha 5 ou 10 milhões de habitantes e a comunidade internacional a ter que andar de Herodes para Pilatos a ver quem mentia mais.
Também anacrónica é hoje a divisão do mundo em Primeiro Mundo (o correspondente aos países integrantes da OCDE), o Segundo Mundo (o que compreende os países que pertenceram ao defunto Pacto de Varsóvia, alguns dos quais até já integram a UE) e o Terceiro Mundo (todos os demais países). Eis por que a OCDE e o PNUD deviam ser fundidos e fazer a sua integração no novo Forum Mundial como sua agência para o desenvolvimento económico e humano.
E já que estamos no mesmo paralelo de Nova Iorque, creio que a nova instituição poderia perfeitamente assentar unitariamente em Lisboa em vez da actual repartição entre Genève e Nova Iorque. Deixariamos a FAO em Roma e na Suíça a União Mundial das Telecomunicações, a Organização Mundial do Trabalho (o que tem feito a OIT contra o trabalho escravo na RPChina?) e a da Saúde (com quem o mundo tem muitas contas a ajustar a propósito do Covid-19). Ou não? É que, se a Suíça reiteradamente se pronuncia pela não pertença a todas essas organizações, não faz mais sentido continuar a albergar as respecivas sedes.
(continua)
Abril de 2020
Henrique Salles da Fonseca