A LAVAGEM DA HISTÓRIA
O relativismo assumiu a forma de um movimento chamado «pós-modernismo» o qual tem ampla influência nas ciências sociais, nomeadamente na filosofia e na história
Os conceitos essenciais do pós-modernismo tendem para tudo definir como «um texto»[1] e colocar «o significado» como a matéria essencial desses textos e de quase tudo o que eles, pós-modernistas, tocam. Aqui chegados, pretendem descodificar esse significado dedicando-se àquilo que denominam a «desconstrução do significado» pois partem do pressuposto de que «é suspeita a ideia de realidade objectiva», ou seja, tudo é «relativo»[2].
A situação assim criada pelo relativismo, especialmente na esfera moral, gerou uma enorme crise de valores no âmbito da qual os pós-modernistas afirmam que o que hoje nos parece errado pode-se ter justificado nos contextos relativos à ocorrência. Assim, porque não reconhecem a existência de conceitos éticos (nem morais) absolutos, o «bem» e o «mal» variam no espaço e no tempo.
Rompendo com as certezas do modernismo racionalista, resta a dúvida de como o relativismo permite (ou não) que se possa atingir a certeza objectiva das grandes questões que se deparam a uma sociedade e do valor ético (e moral) que se pode dar a um conhecimento que decorre do pensamento racionalista.
A título de exemplo e para que melhor se compreenda onde o relativismo nos conduz, bastará referir as tentativas pós-modernas de “lavagem” de dirigentes moralmente tão condenáveis como Hitler ou Estaline.
Henrique Salles da Fonseca
(JAN17, em Mostar, Bósnia-Herzegovina, junto a vestígios da guerra)
BIBLIOGRAFIA:
Fernando Martins – HISTORIOGRAFIA, BIOGRAFIA E ÉTICA, in “Análise Social”, nº 171, Verão de 2004, pág. 391 e seg.
[1] Mais vulgarmente, o contexto
[2] Conceitos fundamentais para um pós-modernista: o «contexto», o «significado», a «desconstrução», o «relativismo».