A GRAVATA
Alto, penteado, sempre chiquemente vestido, usa umas gravatas vistosas e com um nó que também ele dá nas vistas.
Profissional de mérito, ganha a vida honestamente, chefia família cordata e vive confortavelmente. Faz-se transportar em carros que fazem lembrar os nós das suas gravatas.
Sim, já deu para perceber que tem o defeito da vaidade. Mas não só: gosta de ensinar os outros a viver mesmo que os putativos «alunos» não lho peçam nem sequer se ponham a jeito de lhe escutarem as lições.
Até que um baixote insignificante mas sem paciência para lhe aturar os ensinamentos, o interpelou com bonomia: - Diga-me cá, amigo, como é o mundo visto por cima dessa gravata?
O vaidoso não achou graça e a conversa morreu ali. Resta saber se a vaidade foi ou não substituída por alguma ponta de humildade. Tenho que perguntar a quem continua a aturá-lo.
Henrique Salles da Fonseca