A COMPAIXÃO DE S. MARTINHO
Hoje, dia de S. Martinho, conto uma pequena história que me foi contada por um monge seguidor do Dalai Lama.
Perguntado sobre o que é a compaixão budista, o monge pediu a quem o escutava que imaginasse entrar numa sala e ver uma flor num vaso. Todos pensaremos em primeiro lugar se gostamos ou não daquela flor, se ela é bonita, enfim, se de algum modo nos satisfaz. Ou seja, todos teremos raciocínios ego centristas, egoístas, no limite: todo o raciocínio se desenvolve em torno de nós próprios, dos nossos parâmetros e interesses. Mas se ao vermos a flor naquele vaso pensarmos que ela estaria muito melhor se pudesse apanhar directamente a luz do Sol e o ar fresco, se pudesse estar entre as outras da sua espécie... Então nós abdicávamos do nosso egoísmo, do egocentrismo e focávamos o nosso raciocínio no interesse da flor. Ou seja, interessávamo-nos pelo outro e não mais apenas por nós. Esse cuidado com o próximo é a compaixão budista. Os cristãos chamam-lhe amor.
S. Martinho foi compassivo dando a sua capa a um velho que tinha frio.
Henrique Salles da Fonseca