"A CLARA CERTIDOM DA VERDADE"
Aínda as "MUITAS E DESVAIRADAS GENTES"
E em agradecimento por estas crónicas ditadas pelo prazer de viajar, colhendo e transmitindo, a referência ao adjectivo “desvairadas”, no sentido de diversas, que respigo da Crónica de D. João I de Fernão Lopes (Textos Literários), o primeiro na demonstração da sua probidade de historiador, que tanto se debruçou na consulta de livros em busca da “clara certidom da verdade”, o segundo na defesa do Mestre de Avis, quando o povo acode aos paços para libertar o Mestre, que julgavam entregue às malhas maquiavélicas de D. Leonor Teles:
Ó! com quanto cuidado e deligencia vimos grandes volumes de livros, de desvairadas liguageês e terras; e isso mesmo pubricas escripturas de muitos cartarios e outros logares nas quaes depois de longas vegilias e grandes trabalhos, mais certidom aver nom podemos da conteúda em esta obra.
Ali eram ouvidos braados de desvairadas maneiras.
Henrique Salles da Fonseca à porta do Seminário jesuíta de Rachol, Goa
Assim deve ter sido o vasto passeio pelas desvairadas gentes com quem se cruzou o Dr. Salles no longo passeio cansativo, mas feito num propósito de igual cuidado e diligência de colher mais “clara certidom da verdade”, e de a transmitir com graça e a necessária crítica, em meio de fotos sugestivas dos espaços retratados.