A CAMINHO DO CÉU… (3)
O TER PELO SER
Então, todos querem tudo e já!
Assim é que, sob o culto do consumismo de bens, serviços e notícias, colhe perguntar se resta lugar para valores éticos e morais.
Mais concretamente, a questão está em saber qual é o lugar dos valores superiores num mundo de factos e como podem aqueles entrar neste mundo primário.
Poucos são os homens de Ciência que escrevem sobre valores porque a grande maioria considera que isso não passa de mero palavreado.
Contudo, os valores emergem juntamente com os problemas e frequentemente estes dizem respeito a factos.
Uma coisa, uma ideia, uma teoria ou uma mera abordagem podem ser admitidas como válidas para ajudar a resolver um problema mas só passam a pertencer ao mundo intelectual se forem submetidas à discussão, à crítica. Antes disso, pertencem muito provavelmente apenas à esfera do empirismo. Até porque tudo começa empiricamente e só depois é que evolui para outros patamares.
É que o mundo mais primitivo, desprovido de vida, não tinha problemas e, como tal, não tinha valores porque os problemas entram no mundo pela mão da vida e não apenas pela da consciência. Daqui resultam dois tipos de valores: os criados pela vida, pelos problemas inconscientes tais como os do reino vegetal; os criados pela mente humana com base em soluções anteriores na tentativa de resolver problemas. É este último tipo de questões – formadas pelo conjunto de problemas historicamente originados em factos, respectivas soluções, críticas para o despiste de erros, teorias globalizantes e valores consequentes – que dá forma ao mundo da intelectualidade.
O mundo dos valores transcende, pois, o mundo sem valores e meramente factual, o mundo dos factos brutos.
O drama está quando se disfarça de intelectualidade a mera discussão de factos e, mais gravemente, de pessoas.
Eis a imensidão do que fica por fazer entre o primarismo factual e a elevação dos valores.
Resta a esperança de que uma elite consiga preencher esse imenso vazio.
Então, a primeira questão é: - O que são elites?
Sendo que a segunda questão é: - A elite é-o porque tem ou porque pensa e, portanto, é?
O materialismo considera que a elite tem.
A terceira questão é: - Alguém duvida sobre o que nós pensamos?
Henrique Salles da Fonseca