A CAMINHO DO CÉU… (2)
TUDO, JÁ!
Para além da espiritualidade, todas as religiões tratam de questões sociais de tal modo que cada uma delas construiu o seu próprio Código de Conduta e, daí, a sua civilização: civilização hindu, civilização budista, civilização judaica, civilização cristã, civilização muçulmana, …
Assim foi que tempos houve em que eram os teólogos a ditar essas normas sociais e quando os argumentos lógicos não bastavam, avançava-se com a ameaça da ira divina; e se mesmo esta não bastasse, ditava-se o dogma. Exemplos? Tantos que é impossível enumerá-los: não comer carne de porco; não beber álcool; não comer carne à sexta-feira; não cobiçar a mulher alheia; etc…
E foi da base dogmática e sequente exegese que derivou o quadro jurídico que a partir de certo estádio se tornou progressivamente mais «civil» e menos espiritual. Relativamente a nós, ao Ocidente, a Revolução Francesa foi decisiva para esse corte entre o Clero e o Povo.
Na sequência da tomada da Bastilha e com a chegada das forças populares ao Poder, o Regime laicizou-se e a ameaça da ira divina foi substituída pela «obra» bem mais terrena do médico Joseph-Ignace Guillotin.
Então, na ausência de uma justificação sobrenatural, qual passou a ser o rumo dos povos? E a resposta está no regresso à filosofia platónica em que o objectivo da vida é a obtenção do prazer - não há mais uma vida edénica para além da morte, há, na vida terrena, um direito inalienável de obtenção do prazer. Que tipo de prazer? O prazer de todos os tipos, desde o virtuoso ao vicioso. E como a fé numa vida para além da morte deixou de ser crível pelos actuais «senhores da guerra», há que obter de imediato o máximo de prazer.
E a filosofia de vida passou a ser, «Tudo, já!»
Henrique Salles da Fonseca