A CAMINHO DO ALÉM…
Se a plenitude do conhecimento científico é inalcançável porque a fronteira do conhecimento se move constantemente à nossa frente a uma velocidade igual à nossa, então o que se passa com o conhecimento total? A minha resposta é simples: o conhecimento científico é uma parcela do conhecimento humano; se a plenitude do conhecimento científico é inalcançável, então a plenitude do conhecimento é inalcançável também. Monsieur de La Palisse não seria mais óbvio.
E quanto às outras parcelas do conhecimento humano, as não propriamente científicas? Creio que a sua plenitude é também utópica pois haverá sempre a prevalência do ditado que nos diz que «cada cabeça, cada sentença».
É que basta o raciocínio humano não ser unicitário – VIVA A DEMOCRACIA! – para que haja sempre a possibilidade duma variante ao pensamento «provisoriamente definitivo» quer empírico e factual, quer doutrinário, quer filosófico, quer religioso, quer material, quer espiritual e assim por aí além…
Basta hoje pensarmos no que há um século era tido por definitivo para nos espantarmos (ou rirmos, até) com o atraso em que os nossos antepassados estavam há relativamente tão pouco tempo. E isso, em todos os campos do conhecimento.
Então, se 2+2 continuam a ser 4, já o determinismo histórico marxista nos parece hoje um perfeito absurdo, a máquina a vapor temo-la como um «pouco» ineficaz no processo de lançamento de naves espaciais, as determinações do Concílio de Trento podem não ser totalmente conformes às do Concílio Vaticano II e as teologias luterana e romana podem já não estar tão distantes como o estavam há 500 anos.
Então, para onde vai o conhecimento?
A resposta mais fácil é: para o infinito.
Henrique Salles da Fonseca