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A bem da Nação

NA PRAIA DOS CÃES - 1

Hoje cheguei à duna antes do Sol e os cães já «falavam» entre eles sem que os galos do velho pescador ousassem cantar. Discretamente, chamei um dos da algazarra para junto de mim e foi o suficiente para todos se calarem e me virem cumprimentar. E foi então que um dos galos cantou.

Pese embora a analogia lafontainiana, também na nossa «praia política» há muito quem faça barulho e poucos que digam do que se aproveite; muitos, os que se comportam como pugilistas e poucos os que se revelam estadistas.

E que bom seria se a maioria se comportasse com elevação, desprezando lobbies mais ou menos ocultos, seguisse uma linha doutrinária inequívoca e propusesse soluções conformes ao seu revelado conceito de bem-comum.

E foi nestas divagações meditativas que duas gaivotas poisaram no topo da duna e me fizeram regressar à realidade.

Bonjour, Maitre La Fon Faine!

Praia dos cães, 2 de Julho de 2022

Henrique Salles da Fonseca

PELO TOQUE DA ALVORADA - 22

Num exercício de abstracção de particularidades, concluí esta alvorada que a História é a essência da Cultura. Particularizando, a Histótia Pátria, a Universal, a das Artes, a da Filosofia, a Económica,… o que outros pensaram, o que outros fizeram para que nos inspiremos e determinemos o que de nós próprios devemos esperar já que aquele que sabe muitas coisas é apenas uma enciclopédia mas culto é quem conhece o rumo da Humanidade.

Henrique Salles da Fonseca

PELO TOQUE DA ALVORADA - 20

Hoje, ao cantar, o galo lembrou-me o boné co de Barcelos e a cultura popular. Mas, daí, generalizei pensando no que é a Cultura «tout court». Então, banindo particularidades e centrando-me na essência, concluí como de seguida deixo à consideração de quem me lê: Cultura é História e Filosofia é o motos do futuro; o resto são Superlatividades (religiões),  Ciências, Tecnologia e Diletâncias (ao que se chama Belas Artes incluindo a música, as danças, o teatro, …).

HEMOLIVRE

«Sem sangue», eis o significado quase óbvio para «hemolivre», palavra que ainda não consta dos dicionários e que não é sinónimo de «exangue».

Então, para desgosto do remanescente espírito feral que por aí possa vogar, imaginemos o espectáculo tauromáquico à portuguesa (sem a morte do toiro) totalmente hemolivre. Exacto, a lide tauromáquica sem «banderillas».

Do fim para o início, o espectáculo «à portuguesa» tem como objectivo a pega de caras pelos forcados. Para que a pega seja possível, é fundamental que o toiro invista bem direito (sem derrotes laterais) e com a cabeça baixa. Isto consegue-se com o trabalho do capote e com a lide a cavalo.

Então, deverá o toiro começar por ser «desenrolado» numa lide tão bilateral quanto necessário também para lhe endireitar a investida. Nesta lide poderão ter que ser utilizados 3 ou 4 cavalos. Depois de o toiro estar «desenrolado» e direito, segue-se a lide com capote para lhe baixar a cabeça e para afinar algum detalhe na rectitude da investida. Conclui-se com a pega de caras e com os aplausos entusiásticos do público por uma lide harmónica e «hemolivre».

A lide de cada toiro será assim mais demorada pelo que o curro de cada corrida não terá mais do que quatro toiros.

E assim se assegura a preservação da tauromaquia portuguesa, a de génese aristocrática.

Quanto à corrida espanhola, de origem popular, os matadores tinham que ir aos campos pela calada da noite, lidar e matar toiros para terem almoço e jantar para as respectivas famílias. Como as hienas.

Entretanto, quanto a nós, dancemos com toiros!

Março de 2022

Henrique Salles da Fonseca

SEMANTICANDO...

 

  • Na termiologia revolucionária, «antifascista» é eufemismo de comunista, de revolucionário;
  • Fascismo é a ausência de Estado de Direito, é a governação ao sabor do capricho do ditador;
  • Revolução é o corte com o quadro legal precedente;
  • Revolução permanente é a persistência do Estado revolucionário, antagónico ao quadro legal estável, oposto ao Estado de Direito
  • Antifascista é, pois, anti-revolucionário pois fascista e revolucionário são sinónimos.

PELO TOQUE DA ALVORADA - 19

Hoje, ao acordar antes do Sol, lembrei-me de que as religiões fazem as civilizações e de que, dentro destas, são os povos que fazem as culturas. Estas, estratificam-se desde a base «naïve» até aos níveis da erudição e, quiçá, do sublime. E, aqui, pensei nas elites que puxam os de baixo para cima e nas que calcam os de baixo. E pensei também naqueles que se dizem ateus e que, “só” por isso, se desligam duma pertença clara a qualquer metafísica, que podem chegar ao extremo do libertarianismo, à universalidade, à auto-classificação de apátridas. Toda esta postura tendencial ou efectiva, pode conduzir à rejeição dos sentimentos de fraternidade e de solidariedade, à abstração de conceitos que se pretendem tão concretos como esse que consiste no bem.comum – na versão democraticamente vencedora no sufrágio periódico livre e universal. Tudo, dizem eles, no sentido da independência e liberdade utópicas. E eis que, infiéis à solidariedade e ao bem-comum, esses libertários universalistas e apátridas são vigiados de perto pelos Estados que, por precaução, os podem ter que confinar. E assim se transforma uma utopia no seu inverso. Em boa hora os meus maiores me integraram – e eu aceitei – na nossa Nação. Tenho casa, não sou sem-abrigo. Entretanto, levantou-se o Sol, começou o dia e eu, passando ao pragmatismo, deixei-me de volatilidades.

 

 

PELO TOQUE DA ALVORADA - 16

Hoje, a alvorada foi pelas 6,30 h, bem mais tarde do que a anterior. Não faltariam protestos nem talvez mesmo alguns «mimos» ao estilo da intifada se eu fizesse soar o clarim pelo que me deixei guiar pelo arrulho das rolas, as mais madrugadoras, logo seguido pelo chilrear da outra passarada. E assim foi que, entre arrulhos e chilreios, dei por mim a imaginar o modelo econométrico que nos poderia ajudar a medir a eficácia de uma política de substituição de importações capaz de transformar os nossos endémicos défices comerciais em superávites, mesmo que modestos. Tudo, claro está, no âmbito duma economia aberta como a nossa (para não lhe chamar desbragada) e de livre iniciativa. Então, «caí na real» quando me deparei com parâmetros dificilmente quantificáveis tais como a «mândria nacional», a elevada propensão para a «licenciatura em remanso de praia» e outros óbices de cariz estatístico de que os arrulhos e chilreios me distraíram. Concluo que o liberalismo em moda e em curso carece de uma mentalidade mais produtiva e muito menos esbanjadora. No meu modelo não entraram «casos de Polícia», que os há. 

Agosto de 2o21

Henrique Salles da Fonseca          

 

 

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