SE A MINHA ILHA SOUBESSE…
Na placidez desta hora
Em que o calor começa
A incomodar-me,
Refugio-me
Debaixo do caramanchão.
Enquanto as galinhas
Que daqui avisto
Continuam o seu labor
Dentro da cerca.
Maria Mamede
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Na placidez desta hora
Em que o calor começa
A incomodar-me,
Refugio-me
Debaixo do caramanchão.
Enquanto as galinhas
Que daqui avisto
Continuam o seu labor
Dentro da cerca.
Maria Mamede
Que tempo de maravilha!
Há narcejas em voos nupciais
Vacas prenhes no pasto
E cacarejar de galinhas poedeiras…
E a Natureza, mais uma vez se renova!
Maria Mamede
LAGOA DAS SETE CIDADES
1334
A barca Marajó, construída por alguns portugueses e índios na Amazónia, regressa a casa, Portugal.
Visita todas as ilhas a que mais tarde chamaram Açores.
Rumo a casa, a última ilha que se avistava no caminho, contornam pelo sul onde encontram uma magnifica angra que parecia convidá-los a entrar, convite aceite. Ainda não tinham os pés em terra, uma surpresa bem maior. Todas as ilhas anteriormente visitadas eram desabitadas e agora surgia-lhes pela frente um homem, nos seus trinta a quarenta anos, gordo, coberto de peles e farrapos, chorando de alegria, querendo abraçar a todos, limitando-se a dizer, enquanto nos intervalos dos abraços ajoelhava, voz entrecortada pela profunda emoção e pronúncia galego-arcaico Deo Gratias, Deo Gratias! Quem seria, quantos seriam, donde tinha vindo? A emoção do homem era imensa, e levou tempo a sossegar.
Rodeado por quase toda a tripulação, grande a dificuldade para falar e para ser entendido, contou a xua xaga! Que saga!
Tiña naxido nâutra isla que está prálém, naquela direxon, apontava a sul com nascente, prá donde tiñam bindo os xeus antepaxados há muitoss e muitoss anoss. La tradixon diz que bieram xunto cum los bispos de Braccara, qundo fuxiram da inbaxão dos infiéss muxulmanoss. Eram xete bispos que fixeram xete xidades ca bem da berdade num eram mais que xete poboaditos, unde todos bibiam em harmonia.
Um clima muito bão, tudo xempre berde, nunca faltou o comer, nem aqui, cumo podem ber p´la miña barriga, mass de bez incanto uns quantoss, canxados de biberem inxolados na isla, faxiam uma embarcaxon, mal feita, tásse a ber, iam pó mar e nunca maiss xóbia falar deless. Por exa raxon la populaxon num crexia. Duass a trêss mil almas de Deus Nuestro Señor Xexus, todos se coñexiam, todos primos, la tristexa há muito tomara cunta daquela xente. La maioria queria ir imbora mas num faxia idéia cumo, nem pr´unde xeguir. Ninguém xabia mais unde ficaba a Galéxia.
Ass xidadess foram construídass num lugar alto, linda bista pá isla e mar, xempre alguém de bigia à espera de abistar um barquito qalquer que biesse axudar a melhorar las bidas noxas. Um dia la tierra tremeu muinto e todos se axustaram. Já tiñam xentido outros tremoress, mas esste foi mais balente. No dia xeguinte tremeu mais e quaxe todas las caxas caíram. Foi una dessgraxa. Recomeçaram, tristes, a faxer tudo de novo e eu fui mandado al mar, com mais trêss compañeiross, lebantar las redess de pesca que debiam ter peixe pralguns dias. Mal apañámos las redes qundo oubimos um estrondo medoño. La isla toda tremeu cum tanta biolênxia que parexia querer afundar-xe. No lugar unde estabam las caxas lebantou-xe una coluna de fumo que tapou tudo, até o xol. Ficámos horrorixados, xabendo que nem xequer podíamos xubir la montaña porque el fumo era tan espêxo que num dava pra enxergar um palmo en la frente, e axim ficou talbez uns dez dias.
Logo que pudemos, galgámos aquela xubida e el nuestro espanto e terror num tem descrixão. Todas las cidades habiam xido engolidas per lo chão. Ali, unde fuera uma plataforma marabilhoxa era um buraco, fundo, e dentro del nada se abistaba. Nem resíduoss de las caxas, nem de xente, nada. Um dos compañeiros, caxado, e cum filhito pequeno, dexesperado xogou-se dali a baxo pra se xuntar aos xeus. Una gran tristexa. Ficámos xó trêss que durante muito tiempo corremos la isla toda, palmo a palmo à procura de xobrebibentes. Nem unxiño. Foi qundo dexidimos faxer também una embarcaxão e ir pra qólquer lado! Lo que ponderiamos ficar ali a faxer três homes? Quando la xangada ficou pronta entrámos enela. O bento e corrente lebaram-nos hasta outra isla que tiña um bulcão cuspindo lume fuerte, e cumo já tiñamos bisto lo que pode acontexer com uma cosa dessas, voltámoss a embarcar.
Loutra isla al lado estaba en la misma. Finalmente el bento mudou, empurrando la xente nesta direxão e biémos parar aqui unde agora estamos. Xaímos duma isla e biémos parar nâutra. Num gañámos nada com ixo. Esta foi la “Terxeira” que encontrámos despois da noxa xaída. Los meus compañeiross, dexsesperadoss desta bida de xulidão, um belo dia embarcaram de novo e nunca mais los bi. Fiquei xóxinho. Num xei quntos anos xe paxaram desde que aqui xeguei, porque nunca fiz bem las contas. Xó fui faxendo unos riscos naxárboles pra cuntar o tempo. Pra quê? Cuntaba las lunas que me parexeu melhor. Naxárboles tenho marcadas todas las lunas desde la miña xegada!
Relato «imprexionante»! Quando terminou estava tão emocionado que chorava como criança. Disse chamar-se João Robles.
Francisco Gomes de Amorim
Lembras-te Mário
Quando eu e a Avó Glória
Te demos a alcunha de “Ginjinhas”?!
Nesse tempo eras verdadeiramente
O terror dessa compota…
Como a uva da serra
Aprendi a viver alcandorada
Nas encostas agrestes
Em meio ao verde…
E apesar dos ataques
Da nostalgia
Consigo sorrir, quase feliz!
Maria Mamede
Da Amiga Maria Eduarda Fagundes
Família Fagundes da Praia do Almoxarife (Ilha do Faial, século XIX)
Uma família faialense do século XIX. (foto de 1920)
Gaspar Pereira Fagundes e Maria Perpétua da Silva Fagundes
Seus filhos (DA ESQUERDA P/ DIREITA)
Maria Alice Fagundes
José Maria Fagundes
Gaspar Pereira Fagundes (Jr), meu avô
João Pedro Fagundes
Lídia Albertina Fagundes
Praia do Almoxarife, Faial
É cada vez mais difícil deixar-te
Minha Ilha de brumas
Tão difícil que já nem sei
A quem pertenço mais:
A ti ou à terra que me viu nascer…
Tenho apenas uma certeza
Que ambas
Têm lugar perene no meu coração!...
Ó mar verde do meu ‘spanto
Ó mar salgado da vida
Há no Pico um tal quebranto
Que me quedo, adormecida
Pela tristura do seu canto…
Ó mar azul dos penedos
Da rocha escura do tempo
Também tu és de segredos
Como eu, e tenho medos
Que afogo no teu encanto!...
E o Pico tem a magia
Do mar que brame a seus pés
Que me encanta e inebria
Brisa, bruma, penedia
Das aves a sinfonia
No bailado das marés!...
Quase homenagem a Dias de Melo
Não falo dos baleeiros
Nem do mar vermelho…
Falo do sacrifício e do sonho
De quem como tu
Sempre amou a sua terra
Negra, negra
De pobreza e silêncio
Mas também verde
De orgulho e raça;
Falo do teu cachimbo
Do teu andar cansado
De homem velho
E sábio
De vidas, muitas
Sabidas de cor…
Falo, uma vez mais do negro
Do basalto e das casas
A endurecer caracteres
E ainda
Das hortências, das vinhas
E do priôlo
O mais ilhéu dos pássaros
Se vieres,
Poderemos visitar o Forte…
Além da paisagem
Há, durante todo o Verão
Espectáculos ao ar livre.
E, pelo S. Roque, é curiosamente
Colorida a visão do lançar dos foguetes.
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