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A bem da Nação

POSTAIS ILUSTRADOS LXXV

 

 

Sob o signo da frustração

 

Segunda carta aberta ao Senhor Vice-Primeiro Ministro

 

 

Exmº Senhor Vice-Primeiro Ministro,

 

Excelência:

 

Dirigi-me, neste lugar público, a Vossa Excelência, pela primeira vez, a 28 de Julho de 2013.

 

Transcrevo, para recordar, a parte que, nesta, interessa: "Voltarei mais vezes à sua presença, de acordo com a evolução das políticas que desenvolver, ora para criticar, ora para aprovar. Fá-lo-ei na minha qualidade de cidadão português e usando o meu direito de cidadania…"

 

Uma coisa que quero deixar bem claro é que já tentei fazer política duas vezes, mas, considerei-me inapto, por não compreender a hipocrisia do politicamente correcto, nem ser capaz de afirmar uma coisa de manhã, outra à tarde e outra à noite.

 

Sou, irritantemente, directo no meu trato com as pessoas, mas, nunca saltei os limites da educação e da cortesia.

 

Cometi e cometo muitos erros; caí, inclusive, na deselegância do mexerico, mas, tal não me isenta de considerar indispensável que as minhas atitudes sejam claras.

 

Por isso, com todos os meus defeitos, considero indispensável ser correcto e leal, nas, palavras que vou dirigir a Vossa Excelência.

 

O Governo actual, em que agora é o segundo responsável, numa posição que deveria ter assumido, desde o princípio, na qualidade de segundo líder da coligação, aprovou mais um corte de dez por cento nos aposentados da função pública.

 

Desejo lembrar-lhe, algumas partes, do seu discurso feito, em Maio deste ano, dois dias depois do anúncio de um novo pacote de austeridade, apresentado pelo Senhor Primeiro Ministro.

 

Cito: "Num país em que grande parte da pobreza está nos mais velhos e em que há avós a ajudar os filhos e a cuidar dos netos, o primeiro-ministro sabe e creio que é a fronteira que não posso deixar passar"

 

Pergunto: Esta fronteira, também, era revogável?

 

Respondendo a mim próprio: Infelizmente, era!

 

Cito: "Não quero que em Portugal se verifique uma espécie de cisma grisalho, que afectaria mais de três milhões de pensionistas, uns da Segurança Social, outros da Caixa Geral de Aposentações. Quero, queremos todos no Governo, uma sociedade que não descarte os mais velhos; quero, queremos todos no Governo, um ajustamento que não prejudique sobretudo os que não têm voz."

 

Pergunto: Vossa Excelência pretendia ser, sinceramente, um paladino dos que não têm voz? Um Robin do Bosques moderno, não para roubar aos ricos para dar aos pobres, mas, para meter na ordem a descarada e insensível agiotagem internacional que políticos incompetentes, sob o jugo do dinheiro, puseram a mandar Portugal?

 

Respondendo a mim próprio: Infelizmente, não! Vossa Excelência não foi sincero, nem é paladino dos sem voz! Poderá ser, provavelmente, um Robin dos Bosques, mas, em defesa de valores errados.

 

Não por sua culpa, mas, porque não é capaz de vencer o sistema.

 

Cito: "Perante a pressão entre corte de salários e pensões estive entre aqueles que aconselharam o primeiro-ministro a reduzir despesas nos ministérios, em vez de acrescentar mais impostos."

 

Vossa Excelência anda com a reforma do Estado no bolso, desde Fevereiro passado.

 

Pergunto: Onde é que está a redução das despesas nos Ministérios?

 

Não me refiro aos cortes na Saúde, nem na Educação, nem à falta de apoio à Economia, nomeadamente, ao imprescindível apoio da banca, que já foi apoiada, para não perturbar o sacrossanto sistema financeiro, e agora faz ouvidos de mercador aos apoios que deve dar às empresas, aliás, dizem que emprestam, mas, as dificuldades criadas são tantas que não concluem processos de investimento algum a tempo e horas para dar vida ao mercado.

 

Dizem que é por causa do Supervisor. Então e onde estava o Supervisor quando o BPN começou a desfazer-se, fruto da corrupção financeira? E onde está a Justiça que ainda não actuou exemplarmente?

 

E a verdadeira redução nas despesas dos ministérios? As tais que são mesmo gordas? Aquelas que dizem respeito a viaturas de luxo de Gabinetes de membros do Governo e pessoal adjacente, como a legião de assessores, adjuntos, secretárias, motoristas, mordomias, organismos com funções duplicadas, empresas do sector público empresarial com vencimentos despudorados, cartões de crédito não controlados. Se Vossa Excelência pretender uma lista mais apurada, posso enviá-la para o seu Gabinete por que esta anda aí pela internet e não tarda nada até estará no facebook!

 

Cito: "Tenho ao mesmo tempo de cumprir o meu dever para com o meu país. E procurar ser quem sou. E isso significa estar em paz com a minha consciência. Acho que estas duas coisas são possíveis e farei com que sejam."

 

Vossa Excelência andou em périplo pelas chefias dos funcionários da troika, acompanhado da pessoa que provocou a sua revogável irrevogabilidade – aqui está uma coisa que eu não conseguiria fazer, depois de ter tomado a atitude que tomou – (é a minha falta de jeito para ser político!).

 

Pergunto: Vossa Excelência conseguiu ser quem é e defender Portugal com arrojo?

 

Se conseguiu tem a sua consciência em paz, com toda a certeza!

 

Vossa Excelência conseguiu dizer-lhes que o regime de protectorado com que nos subjugam é contra a lei internacional? É contra os Direitos Humanos discutidos e defendidos nas Nações Unidas? Que a agiotagem é crime? Não conheço país onde tal prática não seja condenada.

 

Em resumo, há coragem para fazer correctamente o que é justo e as medidas são tomadas para serem aplicadas a todos? Ou continuaremos a assistir à pouca vergonha das excepções?

 

Porque, a continuarmos assim, quem vai emagrecer são os reformados, física e financeiramente, pois, já chegaram ao limite das suas capacidades de sobrevivência e, ao Estado restarão os desempregados, a quem, só falta que se lhes arranque a pele…

 

Atendendo o custo de vida de hoje, convido Vossa Excelência, todos os membros do Governo, todos os Deputados, todos os funcionários superiores do Estado, todos os grandes vencimentos, todos os banqueiros e dirigentes bancários, a viver durante um ano, já não digo com seiscentos euros (não quero ser demagogo), mas a viver com mil e quinhentos euros por mês…

 

Façam a experiência e vejam se são capazes!

 

Haveria tanta coisa mais para lhe dizer…

 

Sinto-me frustrado!

 

Estou muito desiludido com as pessoas em quem confiei!

 

E em quem o País confiou!

 

 Luís Santiago

SABER VER, SABER PENSAR

 

 

31 Frases incompletas

 

O essencial é saber ver

Saber ver sem estar a pensar,

Saber ver quando se vê,

E nem pensar quando se vê

Nem ver quando se pensa.


"O Guardador de Rebanhos"

Alberto Caeiro*

 

 

 

1. Dentro da biodiversidade, a espécie dinos sáuria foi protegida no parque jurássico…

 

2. Odino sáurio passa, agora, e sem sombra de dúvida, a ser, constitucionalmente, uma espécie protegida…

 

3. A chefia da res publica do jurássico é a única eleição que respeita o princípio demo crático de que qualquer eleitor pode candidatar-se a chefe, respeitando, também, o princípio res publicano, em que a durabilidade da chefia não pode prorrogar-se por tempo indeterminado, atendendo ao conceito de serviço público que lhe está subjacente…

 

4. Conclui-se que res publicanos e demo cratas são espécies jurássicas diferentes e divergentes…

 

5. Ser-se res publicano é uma coisa, ser-se demo crata é outra…

 

6. De um autor anónimo pode ler-se: "o rebanho é um só, as ovelhas é que são diferentes…"

 

7. Os juízes constitucionais foram inventados pelos constituintes para satisfazer os partidos jurássicos e esconder as mentes ditatoriais dos seus chefes, para alinhar nas suas prepotências, disfarçando-se, assim, a dita dura em demo cracia

 

8. Quando estes, os ditos juízes escolhidos, pulam a cerca do redil das conveniências dos interesses instalados e das vontades que protegem esses interesses, os juízes são atacados pela falta de bom senso nas interpretações inconvenientes dos seus acórdãos…

 

9. As mentalidades jurássicas estão corrompidas, por existir um problema de distribuição não equitativa do poder…

 

10. A corrupção do ideário que defendemos como sociedade, é o paradigma de um comportamento fora das regras institucionais dessa sociedade e considerado civilmente ilegal…

 

11. A corrupção é um abuso perpetrado fora desse sistema institucional, mas, se realizada em organização reconhecida, deixa de ser corrupção. Basta ser aprovada em Lei!…

 

12. Conforme já foi escrito por inúmeros articulistas, a demo cracia é um sistema, pretensamente, livre e que se baseia em eleições livres…

 

13. No regime jurássico não há eleições livres porque os eleitores não se podem candidatar livremente e quem elege, elege nomes em listas escolhidas por meia dúzia de jurássicos acantonados no poder partidário…

 

14. O parque jurássico teve durante uns quarenta e oito anos um só que punha e dispunha a seu belo prazer, sem dar justificações ao rebanho, agora são muitos e consideram as explicações, um incómodo e demonstram claramente ao rebanho que não gostam de ser incomodados…

 

15. Em conclusão: É o rebanho que paga tudo isto, inclusive, o salario e as mordomias dos incomodados…

 

16. Conclua-se, ainda, que a partido cracia substituiu a demo cracia, passando o jurássico a um regime de dita dura perpetrado por meia dúzia de classes dominantes monarquizadas** e partidarizadas…

 

17. O Karl Marx deve bater palmas lá no esquife onde descansa…

 

18. Constanta que as suas teorias, ainda hoje, sobrevivem…

 

19. Os partidos debatem, entre si, assuntos que lhes interessam só a eles, ficando o rebanho de bom-serás impassível, a assistir a birras e a jogos de poder e a cores, em conformidade com o ideário mais à esquerda ou mais à direita dos galos que, na altura, estão no poleiro…

 

20. A Mater Legis tem um ideário marcadamente esquerdista, queixam-se os conservadores da direita, mas, não se mexem…

 

21. A gritaria inconformista é só fogo-de-artifício para entreter o rebanho…

 

22. Os da esquerda, também, são conservadores, isto é, agarram-se, com fervor, à conservação dos seus interesses…

 

23. A gritaria em defesa do povo trabalhador é, também, só fogo-de-artifício, não vá o diabo tecê-las…

 

24. Daí, que as guerras entre a direita e a esquerda sejam guerras de alecrim e manjerona virtuais…

 

25. É que, em matéria de flores, os cravos do Abril de setenta e quatro já secaram há muito, por terem sido regados com água inquinada…

 

26. Daí, que para manter o status quo vigente, não haja interesse em alterar a Mater Legis da Res publica, lixando o rebanho…

 

27. O parque jurássico, segundo as estatistas, saiu da recessão, mas como, se a receita caseira continua a ser a mesma?...

 

28. Sabem que as estatísticas são um argumento poderoso para provar a eficácia das medidas aplicadas? Até dizem que há organizações que deixam atrasar os processos mais antigos e dão prioridade aos processos mais recentes, tudo em nome das todas-poderosas estatísticas…

 

29. Um opinion maker, a quem se pediu para definir a classe política do jurássico, usou as seguintes expressões: "altiva; arrogante; enfatuada; imodesta; jactanciosa; orgulhosa; pedante; presumida; presunçosa; pretensiosa e vaidosa."...

 

30. E disse mais, que ao usar o dinheiro do rebanho, justificam sempre esse uso com uma causa muito nobre. Praticam, por conseguinte, o bem do sofisma…

 

31. Mas, finalizando, o essencial é sabermos ver com clareza, pensar com inteligência, concluir com objectividade, votar com consciência e esperar, pacientemente, que isto algum dia tenha alguma solução, antes que se dê um inesperado trinta e um qualquer! Digo eu…

 

*Heterónimo de Fernando Pessoa

** O poder e as benesses transmitem-se de pais para filhos.

 

 Luís Santiago

 

Sintra,  Setembro de 2013

IN VITRO

 

 

As faúlhas borboleantes,

Nibelungas;

Desciam no interior

Dos meus olhos.

Em águas profundas,

No escuro!

Cintilantes!

Via-as; era real...

Tal como era verdadeira

A escuridão que me envolvia.

Sabia que estava ali,

Naquele lugar,

Pela brisa batida no meu rosto,

E, não era suposto,

Mas sabia

Que estava ali, naquele lugar,

Pela lágrima escorrendo

De mansinho,

Vindo beijar sorrateiramente,

O canto do meu lábio.

Era real. Tudo era realmente,

Tal como o astrolábio,

Chamado coração,

Que me conduz.

Mesmo cego

Pelo inexplicável capuz

Da escuridão,

Que nego

E me tolhia,

Via!

Meu Deus!

Via!

 

 Luís Santiago

 

Odeceixe, em 02-07-2009

CONTOS REFRACTÁRIOS

 

 

III

DINOSSAUROS NA FABULÂNDIA

 

 

Rei Leão, sentado numa grossa raiz de um frondoso Imbondeiro, gozando da augusta sombra da magestosa árvore, diliciava-se na navegação cibernáutica do seu Real iPad. El-Rei era um competente e avisado cibernauta.

 

Observava, no momento, a imagem de vários cardumes de várias espécies de pequenos peixes que nadavam numa certa direcção. Imagem essa colocada no Jornal on line "Accidentalia negotii", que incentivava os seus leitores a legendar as respectivas imagens e ganhava-se um prémio pela legenda mais votada.

 

Sua Magestade, cofiando a barba bem penteada, acabou por escrever a seguinte legenda:. "Arraia miúda a caminho do comício. Os tubarões já estão no palanque para botar discurso…". Esta frase não foi escrita por o Rei Leão ser um democrata convicto. Como as palavras não têm som, não se ouviu a raiva com que foram virtualmente tecladas.

 

"Alteza Real!" – Chamou o Aligator, aio de serviço.

 

"Estão ali os seus parceiros de poker!" – Informou.

 

"Está bem, figura peçonhenta! Diz-lhes que se vão instalando que eu já vou!" - Exclamou o Rei.

 

A magestática figura era arrogante com os servidores rastejantes que desprezava e pisoteava sempre que lhe dava na Real Gana.

 

A Fabulândia era uma Monarquia Absoluta. "

 

O poder corrompe, o poder absoluto corrompe absolutamente, de modo que os grandes homens são quase sempre homens maus" e Sua Alteza era o exemplo prático desta máxima do barão Lord Acton.

 

E se Sua Alteza era mau…

 

Certo dia chamou um dos seus Tigres - numas províncias da Fabulândia, eram conhecidos oficialmente por Vizires, noutras por Alcaides, na verdade esbirros ao serviço da causa do poder absoluto, - e mandou dar-lhe cinquenta conscenciosas vergastadas porque ousara dirigir-lhe um ofício que iniciava, atrevidamente, por "penso". Pensava, mas, não existia!

 

O desgraçado ficou mais morto do que vivo e garantem testemunhas oculares autorizadas que durante uns meses não pôde sentar-se…

Desde aí, Rei Leão deixara de dar importância aos Alcaides e aos Vizires.

 

Quando se apresentou perante Sua Alteza Real, o infeliz Flagelado ouviu El-Rei, que, olhando-o com desprezo, lhe disse rispidamente: "

Não estás autorizado a pensar em coisa alguma, eu penso tudo e por todos".

 

"L’État c’est moi!"

 

Mas, isto já se passara há milénios!

 

Entretanto, os jogadores de poker já estavam instalados na mesa quando a Magestade chegou. Tratava-se de um Tigre da Malásia, de uma Hiena e de uma Pantera. O Rei fazia cumprir a Lei da paridade de género, para se pôr ao lado de Terras mais desenvolvidas.

 

Só nalguns casos. Nos restantes Serviços era apenas para inglês ver. Como soi dizer-se! Aparências necessariamente mal disfarçadas!

 

A instâncias da sua Leoa, a Magnificente Rainha, que lhe dera cinco princesas, - lamentava-se amargamente de não ter tido um varão – era dominado pelas mulheres e resignava-se a dar cumprimento à tal paridade, mas, era ele que determinava e mandava publicar.

 

Sempre!

 

Quem pagava era a desgraçada da criadagem. Não tinham direitos. Só tinham deveres e amochavam.

 

Acabada a jogatana, chamou o aio Aligator e ordenou-lhe que os Elefantes chamássem a reunir, ao toque das suas trombas, os do Conselho Régio, Órgão que, como diz o nome, era destinado a dar-lhe conselhos. Mas, isto era só fachada, para manter sossegados os súbditos mais recalcitrantes ou não fora ele um Absolutista.

 

As trombas ecoaram por toda a Fabulândia - alguns mais refilões chamavam-lhe ironicamente, Selva Terceiro Mundista, - e os Conselheiros Régios começaram a chegar nos seus faustosos meios de transporte, alguns particulares, outros oficiais.

 

Nunca quis combater este sumptuoso despesismo!

 

O Conselho também era rigorosamente paritário, ou levava umas dentadas bem dolorosas das suas fêmeas, e era constituído por várias espécies não predadoras, entre patas e asas, para dar uma boa imagem da sua democraticidade enviesada. Aberta a sessão, Sua Alteza informou:

 

"Hoje,a Ordem de Trabalhos é sobre as novas nomeações para Vizires e Alcaides, em todas as províncias do meu país!"

 

Fez-se silêncio total.

 

"Alguma intervenção?" – Inquiriu Sua Magestade com ar enfastiado e de poucos amigos.

 

"Eu tenho, Vossa Graça" – Afirmou o elegante Antílope, levantando, timidamente, a pata e continuando: "Vossa Graça deixou os Tigres andar à vontade por muito tempo e agora não vai ser fácil mudar alguns!"

 

"Ora essa! E porquê? – Inquiriu Sua Alteza, já irritado.

 

"Bem! É que Vossa Gracíssima Graça deixou os Tigres lá ficarem por muitos anos e alguns deles, instalados nas benesses e nos prestígios, não querem dar lugar a outros e metamorfosearam-se em Dinossauros" – Explicou o arrojado Conselheiro.

 

"Dinossauros?" – Berrou Sua Alteza Real.

 

"Sim, Magestade!". "Aquela espécie fóssil de réptil dos períodos secundário e terciário, já lá vão cerca de cento e vinte milhões de anos, cujas dimensões atingiram 11 metros de altura e 30 metros de comprimento!". "Com este tamanho, tecnicamente, não é aconselhável mudá-los" - Explicou o Antilope Conselheiro, com ar de quem tem a firme certeza do que afirmava.

 

"Está acabada a sessão!" – Sentenciou, agastado, El-Rei.

 

Quando ficou só, cabisbaixo, foi agarrar-se ao seu Real iPad. Então não é que a sua legenda, colocada na imagem do Jornal

on line "Accidentalia negotii", que incentivava os seus leitores a etiquetar as respectivas imagens, fora premiada por ter sido a mais votada… e ganhara?

 

Moral da História: Nem os mais aparentemente democráticos aboslutismos conseguem vencer a força, o peso e as dimensões dos Dinossauros instalados.

 

 Luís Santiago

 

Sintra, Agosto de 2013

 

NOTA DO AUTOR: Algumas partes deste texto podem assemelhar-se à realidade. Trata-se, porém, de pura coincidência.

CONTOS REFRATÁRIOS

 

 

II

 

Ovelhas tresmalhadas

 

 

Um Domingo, deste Ano da Graça, estava eu a beber uma bica, no Café do Largo, como sempre. Ao Domingo, era habitual, ao levantar-me, ir ao quiosque em frente, comprar um jornal e pôr as novidades em dia, quando o Camacho, meu Amigo de há trinta anos, chegou, sentou-se sem cerimónias, à mesa, e, como sempre, lançou um olhar bisbilhoteiro, pela sala, interrompendo a minha tranquilidade.

 

"É pá!" – "Está ali o Dr. Meandros" – Disse, chamando-me a atenção.

 

"E quem é esse?" – Questionei.

 

Fazendo uma expressão de mistério, como quem está a tratar de um assunto altamente secreto, disparou que o tal Meandros era um oprimido defensor da Lei, da província, até agora, pouco conhecido, sem nome na praça, sem experiência notória na barra, com algumas oficiosas em que se limitava a pedir Justiça. Surgiu, repentinamente, do nada, muito bem colocado num partido – o PCE – Partido das Conveniências Estabelecidas.

 

"É pá! Não conheces o gajo?"

 

"Não, não conheço o gajo! E deixa de me chamar ! Sabes que detesto que me tratem por ! "Chama-me pelo primeiro nome que é suficiente!" "Estou sempre a dizer-te a mesma coisa!". "E também não gosto de me repetir!". "Diz lá!".- Adiantei.

 

O Camacho empertigou-se, - tal como um camarada meu que se punha em sentido quando o General lhe telefonava - e desatou a

língua:

 

"Pois, acredito que não o conheças, fazes concorrência à NASA e andas sempre lá por Marte!". E, prosseguindo: "O Dr. Meandros era do meu partido, mas, como viu que não tinha grande futuro, passou-se para o tal PCE!". "E já agora, conheces o Ezequiel?" – Perguntou.

 

"O que é que tem?" Respondi tacticamente com outra pergunta.

 

"É…" "Desculpa, Luís!"." Como dizia, o Ezequiel, não respondeste, não sei se conheces, contou-me que o homem está em grande lá no partido dele". "Tornou-se esperto, bem-falante, politicamente habilidoso e subiu uns lugares nesse partido que nem um meteoro". "O Ezequiel contou-me, ainda, que se tomou de amizades com um tipo do topo e passou a apoiá-lo nas diligências políticas, como assessor!". "Foi convidado para um lugar no Estado, um job for the boys, sabes? E já é Conselheiro Nacional do partido!" "Um serial oportunista, sabes?"

 

"Não percebo o que é que eu tenho a ver com isso!" - Comentei.

 

"Não tens, pá, não tens?".

 

"É que o Ezequiel, contou-me mais umas coisas! É que este gajo até já foi ministro e sabes como? – Questionou-me irritado.

 

Estava lançado o proémio da mexeriquice!

 

"Não sabes, mas eu vou dizer-te!". "Insinuou-se a um alto quadro superior, um director qualquer coisa de um Ministério e apresentou-se como amigo de um Candidato à presidência do partido e sugeriu-lhe que podia ajudar!". "O tal director qualquer coisa lamentou e disse-lhe que era apoiante do outro Candidato". "Resposta imediata do Meandros: esse Candidato nunca, Sr. Dr.!". "Nunca apoiarei esse arrogante". "Ora, no dia do Congresso, o tal director não sei quantos, já no hotel, foi chamado pelo secretário do Candidato que apoiava, ao quarto onde se faziam as reuniões e, qual o seu espanto quando quem abriu a porta foi o Dr. Meandros que não o deixou

entrar no quarto, com a informação de que o Sr. Candidato estava a descansar". "Conta-me o Ezequiel, que acompanhava o tal director não sei quantos, que este, olhando com desprezo para o Dr. Meandros, lhe retorquiu: vejo, com satisfação que foste promovido a porteiro!". "Depois, abandonou o Congresso e comunicou à Organização que não fazia parte de palhaçadas e que não compactuava com oportunistas sem carácter".

 

Depois desta arrancada, o Camacho respirou fundo, para retomar o fôlego.

 

"E depois?" – Perguntei.

 

"Depois?". "O gajo continua em grande no partido e, até já foi ministro!".

 

"O tal director não sei quantos demitiu-se do lugar e abandonou o partido!"

 

"E tu? Não tiraste conclusão alguma daí?" Perguntei

 

"Que conclusão?" – Perguntou o Camacho.

 

"Nunca ouviste falar de metamorfoses?" – Adiantei.

 

"Eu não!" – Exclama o Camacho espantado.

 

"Qualquer dicionário da língua portuguesa te esclarece que, em sentido figurado, metamorfose significa mudança completa no estado ou no carácter de uma pessoa" – Esclareci. "O carácter e a dignidade resumem a Ética!". "E a Ética, a meu ver, emigrou!" - Conclui.

 

"Já entendi!" – exclamou o Camacho. "Somos um país metamórfico! De emigrantes forçados!".

 

 

 

"Não generalizes!" Retorqui. "Em todas as profissões, credos e classes sociais há pessoas que entendem e são defensores da Ética! E outras que, fazendo parte do rebanho, são apelidadas de ovelhas ranhosas! Eu, pessoalmente, prefiro tresmalhadas!". "O tal director não sei quantos provou que era um Homem! Não um oportunista!"

 

Mudando de assunto, o Camacho perguntou.

 

"Oh Luís, já agora esclareces-me de uma coisa?". "Andas a escrever num blogue, não andas?".

 

"Sim, escrevo! Chama-se "A Bem da Nação!" Respondi.

 

"Sim eu sei! E o que é que queres significar com Contos Refratários?" – Perguntou com curiosidade.

 

"São contos que expressam a minha rebeldia, isto é, sou insubmisso, ou seja, que não aceito, de boa mente, as aldrabices com que tentam convencer-me…!".

 

"Sou um refratário!"

 

"Ah!"

 

 Luís Santiago

 

Sintra, Agosto de 2013

 

NOTA DO AUTOR: Os Contos Refratários são ficcionados e os personagens descritos não são reais, são produto da imaginação do Autor

CONTOS REFRATÁRIOS

 

 

I

 

Burro Inteligente

 

 

 

Da estrada principal. onde se situava a minha casa em Caneças, olhava lá no cimo da Serra em frente e via uma casa pequenina, isolada, qual farol numa falésia.

 

Também há faróis em ilhas!

 

À noite então era mesmo um farol, com luz tremente na escuridão.

 

Lá vivia o Compadre Quim, assim conhecido no povoado em baixo, onde descia para se abastecer na velha mercearia do Senhor Zé.

 

O acesso era um só!

 

Um caminho, nem largo, nem estreito, atapetado de burgalhau batido na terra com um maço. Era às curvas para facilitar a descida e a subida.

 

O meio de transporte nas operações de descida e subida era o velho burro, Tonho de seu nome.

 

Todos os dias a operação era feita quatro vezes. De manhã, perto do almoço, e de tarde, à hora do tea, hora sagrada para o Compadre Quim.

 

O Compadre fora estivador nuns estaleiros de Liverpool. Adquiriu o vício do five o’clok tea. Muito british!

 

Só que o tea era o muito português copo de tinto na tasca do Manel.

 

O Compadre confidenciava-me que os ingleses tinham o chá das cinco horas, mas, também tinham hooligans e bebedeiras de se lhes tirar o chapéu e eram o povo tido por muito civilizado.

 

Ao que eu lhe respondia que meia dúzia de anormais não caracterizam um Povo e a sua Cultura!

 

O Compadre aquiescia com um gesto contemporizador, mas não deixava de ficar bem claro que era português e que os portugueses, apesar de não terem a cultura de alguns povos estrangeiros, segundo a opinião de muitos, não deixavam de ser pessoas cordatas e ordeiras. Um ferrenho patriota, este Compadre Quim!

 

Nas minhas várias conversas de copo de tinto na mão, fui conhecendo melhor este homem solitário e, afinal, inteligente e culto à sua maneira.

 

A cultura não se traduz em ser-se muito inteligente e dominador dos vários planos do conhecimento humano. Ser-se culto, traduz, acima de tudo, saber dominar as experiências vividas e tirar destas as lições que possamos transmitir e incutir nos que nos rodeiam.

 

A sabedoria é superiormente calma e humilde. Isso é que é ser culto!

 

O Compadre Quim, uma vez não desceu ao povoado e nós, todos o que estávamos habituados à sua presença quotidiana, estranhamente, sentimos a sua falta calma e conversadora. Falava baixo, sem alardes despropositados e sempre com um olhar directo, firme e brilhante.

 

Passou-se mais um dia sem que nos congratulasse com a sua presença. E reunindo-nos, pensámos que alguém teria de subir a Serra para saber o que se estava a passar.

 

Resolvemos passar à acção na manhã seguinte, mas, quando estávamos preparados para avançar, na hora do copo de tinto, o Tonho apareceu, como vindo do nada (ninguém se apercebeu que descera a Serra), a zurrar e a esgravatar o chão de terra do pátio da tasca do Manel, onde, de costume, ficava estacionado.

 

Dado o alarme, apercebendo-se que já o tínhamos entendido, o Tonho arrancou Serra acima pelo serpenteado de burgalhau.

 

O resto foi simples, Tonho encontrava-se à porta a esgravatar. A porta era pequena e ele, com o seu tamanho, não conseguia passar a ombreira.

 

O Compadre Quim estava caído no chão. Tinha tido um enfarte.

 

Descemo-lo, enquanto cá em baixo já estavam à espera os Bombeiros chamados pelo Ti Manel.

 

Hoje, passado o mau bocado e já recuperado, nas habituais conversas do five o’clok tinto, o Compadre Quim diz, maliciosamente, que o seu burro teve uma crise de inteligência, enquanto os nossos políticos inteligentes têm sucessivas crises de burrice…

 

 Luís Santiago

 

Sintra, Agosto de 2013

SINAIS DIVINOS?

 

 

Um chilrear conhecido acordou-me numa passada manhã de Abril do Ano da Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo de dois mil e treze. Eram sete horas. Abri a janela e o dia estava a entrar para mais uma passagem pelo planeta Terra. O Sol estava indeciso. Escondia-se, o cobardolas, por cima dos lençóis de nuvens negras que pareciam castelos fantasmagóricos, a ameaçar despejar mais umas toneladas de água destilada.

 

Desde o dia da anunciada Primavera que esta se mantinha no quarto do Inverno, sem pretender abrir a porta e cumprir a sua missão de aliviar os humanos dos rigores e incómodos do frio. Uma chata incumpridora esta Primavera...

 

Estava atrasada uns vinte dias, e os seus arautos, as ternurentas Andorinhas só nesta data me apareceram no regaço da janela, o que fazia suspeitar que a Primavera estava a começar a abrir a porta do quarto do Inverno, onde se tinha confortavelmente acomodado.

O gorjeio saltitante mantinha-se em catadupas vibrantes de afinadas notas musicais. A melodia entrou-me pelo coração dentro e deu-me, na altura, uma preguiça ainda maior do que a do Sol. Deitei-me outra vez e lembro-me, de repente, que as Ideias começaram a entrar-me num fluxo, em cascata buliçosa, pelas têmporas esquerda e direita, em som estereofónico um tudo-nada irritante.

 

Fiquei agitado!

 

Tenho sessenta e cinco anos, feitos em Janeiro. Desde então, tenho andado numa busca teimosa à procura do meu... meu não sei o quê. Não me sinto perdido, nem estou acometido de complicações psicológicas daquelas que nos inundam de dúvidas existenciais, originárias da pressão diária com que a Vida nos brinda. Estar stressado é o caminho inevitável para nos lançarmos pela via psiquiátrica e alagarmo-nos de sentimentos de frustração e angústia sofredora. O sofrimento dói.

 

Eu cá, porém, agora não tenho frustrações existenciais, ou melhor, tenho algumas e sou tomado por uma espécie de fúria, quando aprecio a vida económica, política e social do meu Portugal. Descarrego no papel e ganho a taça num jogo mais perigoso, de gato e rato, que, aliás, envolveu uma opção de Vida ou de Morte. A minha bomba falhou várias vezes, ao longo dos últimos anos, contudo, Aquele que é o Alvo da Conspiração que vos venho denunciar entendeu que não me queria, ainda, do outro lado.

 

Nesse dia não choveu!

 

Mas eu estava a falar do que sentia quando estava agitado e quando as Ideias, em cascata,invadiram as minhas têmporas sem pedirem licença. Sentia-me apenas cego, como a toupeira fora do buraco.

 

E só!

 

A solidão tinha tomado conta de mim, por opção minha, acompanhava-me, voluntariamente, porque eu queria.

 

Sentia-me só, mas não infeliz, nem triste.

 

Sentia-me a viver no ar, a pairar sobre qualquer coisa que eu não sabia definir, mas que existia, estava cá e pronto, apareceria quando lhe aprouvesse ou quando fosse a hora… Não me incomodavam muito estas sensações de inquietude e fui esperando.

 

De repente, aqueles sons melodiosos das andorinhas, de uma ternura e de uma beleza que poderei, por isso mesmo, nunca ter capacidade para reproduzir em palavras –são aqueles instantâneos maravilhosamente únicos -acordaram-me e dei por mim a pensar na Natureza, nas violações que esta sofre, motivadas pela ganância daqueles que não lhes interessa para onde caminham, nem para as consequências que outros sofrerão, desde que alimentem a sua (deles) fome de poder e de dinheiro, atropelando tudo e todos porque o Pai destes se demitiu de ser Pai e não lhes puxou as orelhas ou lhes negou um bom açoite no rabo, ainda macio, e ainda disponível para aguentar um correctivo em tempo útil, justo e saudável.

 

Quem pensa na Natureza pensa, obrigatoriamente, no seu Criador.

 

As coisas nascem porque alguém as faz. Nós, os humanos, também, somos criadores à nossa escala microscópica terrena. Se a Terra nasceu de um qualquer Big Bang, foi Deus, aborrecido por estar sozinho, quem fez o Big Bang. A minha preocupação não é religiosa, nem filosófica, nem científica.

 

É de Fé! O ser humano carece de Fé!

 

Acredito num ser superior a que chamo Deus que coitado, tem tantos nomes e tantos livros a falar D’Ele -chamados Sagrados -tantas linhas de pensamento designadas de Religiões que se preocupam com o umbigo delas e procuram apresentar provas da Sua Existência, afirmando osseus (delas) argumentos como fundamentos na Palavra quando a Palavra é só Uma e Una; e, a Verdade é Única.

Muitos duvidam da Verdade porque cada um aparece com a sua!

 

Mas sei,porque tenho consciência da minha humilde existência, que há um Ser Supremo que nos olha do Universo. A Matéria por si só não justifica a Vida. E a Vida, em Deus, não justifica que em nome d’Ele se cometam tantas atrocidades e crimes hediondos contra a Humanidade.

 

Deus já se cansou uma vez e mandou toneladas de água para cima dos teimosos obscenos, para lavar tudo isto e afogar a vergonha descaradamente instalada. Fez mal em não ter usado detergente com bastante lixivia e deixou cá umas larvas que repetiram, com requinte, todas as asneiras insidiosas do cardápio.

 

Somos Filhos da Madrugada, diz o Poeta!

 

Seremos, também, dotados de sentimentos desumanos. A Verdade é que Ele, arrependendo-se da catástrofe que infligiu, criou o Arco da Aliança para que nos recordássemos da Sua promessa de não voltar a irritar-se e a castigar-nos duramente.

 

Mandou sucessivos Profetas para alertar os humanos dos perigos de uma existência na impunidade criminosa e imoral, mas a Conspiração foi crescendo lentamente, disfarçada, subtil e eficaz, determinada, dia após dia, com eficiência cirúrgica.

 

Deus, na Sua Presença Espiritual Total e na Sua Ubiquidade vê, porém, não quererá ver tudo, porque está cansado. O Arco Iris da Aliança aparece cada vez menos e cada vez menos Deus aceita que é preciso intervir como Pai.

 

Um Pai não pode demitir-se de educaros Filhos, nem Deus, a não ser que queira arriscar-se ver nascer debaixo dos Seus Olhos uns energúmenos que não aceitam as regras de viver uma vida em comum com outros seres.

 

É claro que nos deixou o Livre Arbítrio!

 

Dizem-me, ao ouvido, vozes autorizadas dos auto intitulados Teólogos de Deus, de que Ele, de vez em quando, sussurra ao Vento e ao

Mar que faça uns estragos para alertar e castigar os humanos de que estão a ir por maus caminhos e não podem usar o nome d’Ele em vão. Como já dei a entender, nãoé esta a minhaactual Razão de inquietude e para a qual acordei nessa manhã, isto é, perder tempo com Filosofias arrastadas (já existem muitas) e preocupações que não têm eficácia alguma.

 

Outros já tiverem esse trabalho e não obtiveram resultados. Confundiram tudo e toda a gente com teorias fundamentadas numa verdade de que brotaram dissimulados ideais de fundamentalismos fanáticos e violentos.

 

Dizem-se os fiéis depositários do nome de Deus e os Supremos Guardiães da Verdade. Quem é Infiel merece morrer!

 

Gostava que exibissem, como prova documental, a Divina Procuração que Deus lhes passou para em nome d’Ele se cometerem tantas atrocidades.

 

Porém, do que as ternas Andorinhas me alertaram nesse dia, nos seus trinados, foi a da urgente necessidade de denunciar esta perigosa Conspiração Global para matar Deus e deixar o lugar vago ao Caos.

 

Esta perturbante visão a que alguns chamam o Apocalipse, ou seja, o Cataclismo Final, tenho Fé de que não aconteça. Eu não sou um Vidente mediúnico, nem vou citar profecias. Ele há por aí tantas e tantos...

 

Estou a falar-vos da Conspiração para matar Deus, nos nossos corações!

 

Da forma como esta tem evoluído ao longo da Vida. Vão chamar-me ímpio. Vão chamar-me isso porque o Supremo Divino é Imortal, não há pois possibilidade de o matar. E estes Teólogos inteligentes e conhecedores da Divina Palavra vão dizer-me o óbvio. Não se pode matar o Imortal. Mas eu vou esquecer o óbvio e afirmar-vos que o meu libelo acusatório não é teoria e tenho provas. Quem fala em nome de Deus que exiba a Divina Procuração. Provem-me de que podem falar e agir como agem, em Seu nome. Eu também sei que Deus é Imortal, mas também sei que está a morrer em nós, por falta de Fé. É isso mesmo. Deus existe em nós e morrerá se não tivermos Fé. E esta Morte tem vindo a ser preparada, friamente, há muito tempo, porque estamos a deixar de acreditar na Sua existência Divina.

 

A Humanidade faz e fez várias Guerras, cada vez a tecnologia é maior, as armas de destruição maciça cada vez com maior poder destrutivo.

 

Os Homens cada vez mais inconscientes e egoístas, obcecados com a fome de poder e com a ganância pelo dinheiro.

 

A Humanidade caminha para o abismo!

 

Uma Conspiração terrível.

 

E no entanto, creio, veementemente, que Deus se prepara para fazer uma regeneração da Humanidade para chegar ao coração humano sem produzir os estragos e a violência do Dilúvio.

 

Deus já enviou Jesus o seu Filho para ser sacrificado. Não obteve resultados. Continuou tudo na mesma.

 

Mas, recentemente, fez eleger um emissário que representa Jesus Cristo, Seu Filho, na Terra.

 

O Papa da simplicidade, da humildade e da pobreza… Um franciscano!

 

Acredito que, na sua Infinita Bondade, não o sujeite ao sacrifício de Seu Filho, lhe proporcione longa vida na Terra e tenha dado início à regeneração pacífica da Humanidade.

 

Foi-nos dado um Sinal Divino?

 

Agosto de 2013

 

 Luís Santiago

 

POSTAIS ILUSTRADOS LXXIV

 

 

IV

Reflexões menores. Um pequeno contributo.

 

 

Não vai seguramente servir de luz ao fundo do túnel a teologia de mercado que tem prejudicado a observância dos princípios de solidariedade da União sobretudo quando, como tem acontecido no caso português, o orçamento parece preencher todo o conceito estratégico nacional, com os ministros a discutirem com funcionários do sistema o regular desempenho dos seus compromissos, em vez de fazerem ouvir as vozes dos atingidos pela fronteira da pobreza no Conselho Europeu, falando como iguais, e usando o poder da voz contra a voz dos que parecem afetados pela vocação do diretório, sem prestarem atenção à secundarização dos órgãos da governança instituída pelo debilitado Tratado de Lisboa.

 "As perguntas inquietantes", excerto do Artigo de Opinião do Prof. Doutor Adriano Moreira, no Diário de Notícias on line de 8AGO2013

 

 

Ao ler este texto recordei o que já escrevi sobre a subserviência dos bons alunos e já falei aqui de arranjar coragem para enfrentar os credores e na exigência de o Governo de Portugal bater o pé, isso mesmo, bater o pé à ditadura financeira que nos estão a impor.

 

Recordem a história portuguesa e lembrem-se que já tivemos uma ditadura financeira que durou próximo de 48 anos.

 

Quem já leu os meus textos anteriores sabe que não sou defensor de facilitismos, mas, de rigor. E que devemos pugnar por assumir e pagar as dívidas.

 

Mas, não a qualquer preço!

 

Destaco do texto do Senhor Professor Doutor Adriano Moreira: "… no caso português, o orçamento parece preencher todo o conceito estratégico nacional, com os ministros a discutirem com funcionários do sistema o regular desempenho dos seus compromissos, em vez de fazerem ouvir as vozes dos atingidos pela fronteira da pobreza…"

 

É, mas à portuguesa, os ministros discutem com os funcionários estrangeiros, para, certamente, praticarem o seu excelente inglês, e são humilhados pela recusa destes em relação às propostas que lhes são feitas, por, provavelmente, não terem instruções superiores dos manda-chuvas da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu e do Fundo Monetário Internacional.

 

Aqui passa-se a imagem muito portuguesa de dizer que falam com os anjos em vez de falarem com Deus.

 

Eu também tenho umas perguntas inquietantes para fazer!

 

O Governo de Portugal prefere apostar na política de escravatura financeira com que está a violentar a classe média baixa?

 

O Governo de Portugal tenciona continuar a massacrar os reformados em vez de iniciar imediatamente o corte nas despesas inúteis e imorais do Estado?

 

O Governo de Portugal pretende dar continuidade às políticas gasparinas que já deram o mau resultado que todos nós conhecemos?

 

O Governo de Portugal não se preocupa com o facto de estar a ser apontado, por muitos, de atitudes fascizantes estarem a pôr em causa a democracia que a sociedade civil portuguesa supostamente pensa que vive?

 

O Governo de Portugal ao estar a tentar arrumar a casa de forma errada espera que o Povo mantenha sempre a mesma atitude paciente?

 

Reconheço que é preciso arrumar a casa e depressa, porém, arrumar a casa não é o quero, posso e mando e dizer aos já na fronteira da pobreza que ainda têm de fazer mais sacrifícios, não é estar a provocar os protestos nas ruas, de que serão os únicos responsáveis?

 

Demos a conhecer outras perguntas, feitas por um orador, em directo, para um auditório televisivo.

 

É ilegal alguém ter feito propostas de swaps tóxicos ao anterior governo e agora seja nomeado membro deste Governo?

 

É ilegal alguém ter sido Ministro num Governo, negociar uma parceria público-privada com uma empresa, sair desse Governo e ir presidir à empresa com quem negociou a parceria?

 

É ilegal alguém usufruir das benesses que os sucessivos Governos lhe dá, inclusive, ser dispensado de obrigações que são impostas a outros, pelo seu estatuto político?

 

É ilegal alguém vender acções de um banco que foi, logo de imediato, intervencionado e a venda ter sido feita com lucros muito superiores aos normais no mercado?

 

E esta linha de questões continua por mais algumas perguntas, concluindo-se que nada disto é ilegal.

 

Mas, será imoral? É! Claro que é, mas, que eu saiba, a prática de imoralidades não é crime, mas define a sociedade em que vivemos.

 

O mesmo orador perguntou, ainda, se o Governo não considerava uma atitude fascista elaborar e tentar promulgar leis com efeitos retroactivos?

 

Estamos numa encruzilhada!

 

Não acuso o Presidente Cavaco Silva de ter tentado o consenso, mas, uma vez não conseguido aquilo que se pedia de visão patriótica, no interesse de Portugal, talvez a opção fosse aquela que já há muito foi apontada pela Dra. Manuela Ferreira Leite, suspender a democracia. Porém, essa suspensão seria acompanhada da dissolução da Assembleia da República e nomeado um Governo de iniciativa presidencial até ao fim da legislatura. No leque dos partidos da área da governabilidade há homens fabulosos, patriotas convictos, inteligentes, internacionalmente reconhecidos, competentes e, também, honestos que dariam o seu melhor contributo ao País, a pedido do Presidente. Não discuto a honestidade dos actuais dirigentes de topo dos partidos envolvidos nas recentes negociações goradas, mas, o que é verdade é que não tiveram capacidade para se entenderem por um bem maior.

 

Era antidemocrático e inconstitucional? Era um golpe de estado palaciano? Talvez fosse! Mas, não veríamos, de certeza o Povo nas ruas, se fosse garantido pela palavra do Presidente que em Junho de 2014 estaríamos em eleições legislativas.

 

Não sou fã do Senhor Professor Doutor Aníbal Cavaco Silva, também já tomou atitudes muito discutíveis, porém, não tenho razões para duvidar da sua palavra se a desse, e, não estou a dizer nada que um barão do PSD já não tivesse dito, publicamente, sobre golpes de estado e revoluções. A concretizar-se preferia a primeira solução.

 

Os partidos teriam ocasião e tempo para pensar e mudar de comportamento se tivessem aprendido a lição.

 

Pergunta: Presentemente, vivemos uma democracia constitucional?

 

 Luís Santiago

POSTAIS ILUSTRADOS LXXIII

 

III

 

Reflexões menores. Um pequeno contributo.

 

 

 

"O estado proíbe ao indivíduo a prática de actos infractores, não porque deseje aboli-los, mas sim porque quer monopolizá-los."

 Sigmund Freud

 

 

 

O Artigo 3º (Soberania e Legalidade) da Constituição da República Portuguesa afirma no seu nº 1:

 

"A soberania, una e indivisível, reside no povo, que a exerce segundo as formas previstas na Constituição"; no nº 2 continua dizendo que "O Estado subordina-se à Constituição e funda-se na legalidade democrática". E conclui no nº 3 "A validade das leis e dos demais actos do Estado, das regiões autónomas, do poder local e de quaisquer outras entidades públicas depende da sua conformidade com a Constituição".

 

Salvio Juliano, Senador e Jurisconsulto Romano do Século II, tal como o nº 1 da nossa Constituição, afirmava que as leis só são leis por serem introduzidas pelo povo. Mas, na antiga Roma só eram consideradas povo as classes privilegiadas e dominante.

 

Aqui a classe dominante é a classe política e alguns políticos estão ao serviço dos seus próprios interesses, não dos interesses do colectivo.

 

Quanto ao Estado se subordinar à Constituição é só em teoria, dadas as constantes inconstitucionalidades publicamente apontadas.

No que se refere às leis, estas devem obedecer aos princípios da generalidade, da equidade, da transparência, da objectividade, ou seja, aplicarem-se a todos, serem iguais para todos, serem claras e objectivas.

 

Leis que não obedecem a estes princípios não são verdadeiras leis, são abortos jurídicos, isto é, nunca deviam ter sido aprovadas e publicadas, porque só servem para benefício de alguns que abusam da tolerância deste sistema. No que resulta a deterioração dos valores sociais e o agravamento da diferenciação negativa entre as classes.

 

Em muitos dos meus textos assumo-me como liberal, mas, sempre repudiei o capitalismo selvagem e a prática do subprime americano veio dar-me uma total razão. Os EUA meteram o artífice do sistema na prisão e foi feita Justiça. Aqui é o que se vê… Ainda estamos à espera que a Justiça actue.

 

Há vida para além do dinheiro!

 

O PSD já não é, hodiernamente, um partido de raízes sociais-democratas, é um partido, actualmente, defensor fanático do neoliberalismo, com todas as consequências que essa realidade acarreta.

 

Coitado do Dr. Francisco Sá Carneiro! Deve andar às voltas no caixão!

 

Neste particular, gostaria de debruçar-me sobre a tão propalada convergência entre a Caixa Geral de Aposentações (CGA) e a Segurança Social (SS).

 

Essa convergência, aliás, já existe. Ou não é a CGA que está a pagar a reforma a três presidentes de bancos? Um, ainda foi administrador da Caixa Geral de Depósitos, que é um banco público, mas, continuou a sua vida na banca privada.

 

Esta convergência que devia ser promovida pela positiva vai ser posta em prática pela negativa. Em vez de serem os, assim considerados, pobrezinhos (os da SS) a atingirem o nível dos, assim considerados, ricalhaços (os aposentados da função pública na CGA), processa-se, precisamente ao contrário.

 

Uma visão miserabilista do Governo que entende que deveremos ser sempre pobres, sujeitos às arbitrariedades do polvo financeiro e não ricos e bem de vida. Se fossemos mais ricos melhor pagaríamos as nossas dívidas, mas, assim, para justificar o encargo com que os já velhotes - que descontaram umas dezenas de anos - sobrecarregam o Orçamento de Estado, o Governo, para não fazer os tão prometidos cortes onde deve, penaliza outra vez os mesmos. Senhor Vice-Primeiro Ministro, onde está a linha que não pode ser ultrapassada? Apagou-se?...

 

Mas, para a convergência ser equitativa, aos reformados da SS deveria aplicar-se o artº 78º do Estatuto da Aposentação que se impõe aos funcionários públicos, o que passo a transcrever:

 

"Os aposentados não podem exercer funções públicas remuneradas para quaisquer serviços da administração central, regional e autárquica, empresas públicas, entidades públicas empresariais, entidades que integram o sector empresarial regional e municipal e demais pessoas colectivas públicas, excepto quando haja lei especial que o permita ou quando, por razões de interesse público excepcional, sejam autorizados pelos membros do governo responsáveis pelas áreas das finanças e da Administração Pública".


Os trabalhadores privados têm esta limitação?

 

Já que estamos em convergência, há que equiparar os direitos e os deveres.

 

Permito-me, agora, uma palavrinha simples ao Senhor Primeiro-Ministro, para aliviar a sobrecarga de despesas imorais ou inúteis do Orçamento de Estado:

 

Para quando a reforma estrutural financeira do Estado? A palavrinha, também, é dirigida ao Senhor Vice-Primeiro Ministro a quem o Chefe do Governo entregou estas responsabilidades.

 

Quando é que o Governo corta:

 

1º Um terço da frota automóvel do Estado Global (Administração Central, Regional e Local), deixado fora destes cortes, como é evidente e fácil de entender, as forças armadas e as polícias?

 

2º Um terço da frota automóvel, no sector empresarial do Estado?

 

3º Um terço dos adjuntos, adjuntas, assessores e assessoras, em funções por escolha política? Os tais jobs das tais cunhas…

 

4º Os organismos e serviços com funções duplicadas?

 

Quando é que o Governo reduz os Conselhos de Administração das empresas públicas da Administração Central; das empresas públicas municipais; e, os vereadores das Câmaras e acaba com das inutilidades que são alguns dos Observatórios que só existem para dar emprego e estatuto aos amigalhaços?

 

Quando é que o Governo pede à Presidência da República para participar da austeridade e reduzir a frota de serviço; assessoras e assessores, consultores e consultoras, e, não faz o mesmo pedido à Assembleia da República e aos partidos?

 

Mas mais, quando é que o Senhores Primeiro-Ministro e respectivo Vice pedem à maioria do parlamento que o sustenta para que os Senhores Deputados aprovem prescindir, num acto patriótico, das senhas de presença que recebem das sessões plenárias, já que o vencimento que auferem é suficiente para não morrerem à fome…

 

Se os Senhores Deputados nunca receberam senhas de presença, deixo já aqui as minhas públicas desculpas.

 

Tudo isto que indiquei, representa milhares de milhões de euros de sobrecarga do Orçamento de Estado.

 

Há coragem para assumir ou a espada continua no pescoço dos sempre os mesmos? Com este Governo, tenho esperança que honre as soluções mais justas.

 

Isto são só alguns exemplos do que já poderia ter sido feito há dois anos, para não falar das PPPs e SWAPs. Aliás analisei, neste blogue, o relatório do Douto Tribunal de Contas que apreciou a PPP entre o Estado e a Lusoponte.

 

A propósito dos SWAPs e da escandaleira que lhes está associada, venho, humildemente, sugerir ao Senhor Primeiro-Ministro que, nas propostas de nomeações para o Governo, passe a ser mais rigoroso com o currículo das pessoas que escolhe, para evitar situações atabalhoadas como o pedido de demissão do recentíssimo nomeado Secretário de Estado do Tesouro.

 

Aliás, quem vai para o Governo tem de ter um passado limpo de histórias mal contadas e, sobretudo, tem de ter um carácter inabalável.

 

Passa a ser uma pessoa pública.

 

Em que situação fica agora a Senhora Ministra das Finanças?

 

O segredo de Estado e o segredo bancário estão em confronto.

 

O capitalismo selvagem continua a liderar… e nós, o Povo, a pagarmos a hesitação, a incompetência e a falta de criatividade e vontade política para se fazer bem e sem mais delongas.

 

 Luís Santiago

POSTAIS ILUSTRADOS LXXII

 

II

 

 

 

Reflexões menores. Um pequeno contributo.

 

 

"O macaco é um animal demasiado simpático para que o homem descenda dele"

  Friedrich Nietzsche

 

 

O mesmo Friedrich Nietzsche afirma-nos que "não há outro critério da verdade senão o crescimento do sentimento de poder."

 

Isto vem a propósito da aproximação das autárquicas, onde os critérios da verdade são vários e fluidíssimos. A variedade e fluidez desses critérios aproximam-se mais do embuste e das tentativas a todo o custo de caçar uns míseros votos. Nada de prestigiante.

 

A acreditar na Comunicação Social, um autarca que está preso vai candidatar-se a um lugar nas listas para as próximas autárquicas.

 

Penso que alguém estará a brincar com o sistema e a tentar demonstrar que a impunidade não é palavra vã. É verdade que foi condenado por um crime que é prática de alguns cidadãos deste país: o crime de evasão fiscal, mas, também, é verdade que são poucos os que até agora foram condenados, porém, a presença deste autarca preso, em listas eleitorais, significará uma afronta ao sistema judicial e à seriedade de que estes actos devem revestir-se. Não sei se isto é brincadeira ou verdade. Mas, sei o que, certamente, irá fazer o Juiz de Círculo a quem for distribuída a apreciação das referidas listas.

 

Mas, a ser verdade, isto só significa que estamos numa república de bananas.

 

Depois vem a questão das candidaturas por todo o país de candidatos a presidentes de câmaras que já concluíram 3 anos numa autarquia e querem perpetuar-se no poder como Oliveira Salazar, alguns políticos já cá estão há 39 anos, Só que há uma diferença entre perpetuar-se no poder, em ditadura e, perpetuar-se no poder em Democracia. Em Democracia tudo é possível. Até abusar da Liberdade e da paciência dos eleitores, onde cada vez ganha mais espaço a indiferença, em prejuízo da verdade das escolhas e em benefício dos sempre os mesmos.

 

A Lei foi feita de maneira a ser confusa e a gerar dúvidas para pôr os Tribunais a trabalhar. Como os Senhores Juízes não têm mais nada que fazer, dedicam-se a apreciar recursos que brilhantes juristas apresentam e para o qual serão bem pagos. Bom para os juristas.

 

Querem ver como esta trapalhada acabava?

"Lei do regime das Autarquias.


Artigo Primeiro – Nenhum autarca pode candidatar-se por mais de três anos consecutivos aos vários lugares das autarquias em todo o território nacional, podendo voltar a recandidatar-se passados dois anos.

 

Artigo Segundo – As candidaturas a qualquer autarquia só podem efectuar-se por eleitores que residam há mais de três anos no Concelho dessa autarquia."

 

Simples! Ficava claro. Desafio os partidos a alterar a lei actual que gera tanta polémica. O pior é o resto… Sabem, os tais interesses…

 

Depois vêm as obras de melhoramentos. Em três terços e meio do tempo da administração cessante se faz nada e depois na metade do último terço, vêm as obras caça-votos para encher o olho do votante.

 

Sempre é melhor obras do que andar a oferecer electrodomésticos.

 

E os jantares de despedida daqueles que foram atingidos pela Lei Relvas e já não têm freguesias para presidir?

 

Contaram-me um caso que me disseram que até veio nos jornais e que num jantar que apontava cerca de duzentas pessoas a homenagear um autarca que se despedia da freguesia da sua eleição e o outro ia ficar com as duas freguesias aglomeradas relvaticamente.

 

Estiveram presentes as figuras mais gradas da política local, segundo o jornal, presididas pela autoridade máxima do concelho que, entretanto, não tendo feito nada de relevante neste, ia candidatar-se a outro para continuar fazer coisa nenhuma, além de ter viatura do Estado com motorista, para uso total.

 

Como a todos os recursantes, foi-lhe reconhecido que podia candidatar-se depois de ter recursado em vários patamares da hierarquia dos Tribunais, sob condição. Isto deve ser alguma figura jurídica que desconheço ou é notícia à portuguesa.

 

Esse meu Amigo acrescentou ainda: "Mas, sabes pá! Os duzentos e tal homenageantes eram sessenta velhotes de um Lar existente na freguesia retirada do mapa administrativo, mais cem de outro Lar da freguesia que escapou incólume à razia, com a engraçadíssima vantagem para os velhotes a quem pagaram a refeição. Bem bom para eles. Topas? Os homenageados pagaram o jantar aos homenageantes. Isto não te faz lembrar as práticas da União Nacional? Resta saber se a tal homenagem foi paga pelas antiga e a nova junta, ou seja, paga por todos nós, ou se foi dos bolsos dos homenageados." Claro que tudo isto só pode ser ficção da Comunicação Social.

 

Tal como se pode concluir da citação de Friedrich Nietzsche do início do texto nós é que imitamos os macacos e mal, digo eu.

 

Mas que grandes macacadas, as habilidades destes políticos!...

 

Não esqueci a denúncia de alguns incumprimentos de documentos assinados por funcionários públicos que optaram pela mobilidade especial voluntária e o Estado, em que o Estado, unilateralmente, renunciou sem olhar a quem; situação de que falei no Postal anterior.

 

Só estou à espera de mais umas informações para concretizar a denúncia, aproveitando este espaço de Liberdade para pôr a nu mais uma das arbitrariedades cometidas por quem entende que leais servidores do Estado, incluindo alguns, já com muitos anos de serviço prestado honradamente, são os principais culpados do despesismo praticado e, portanto, podem ser tratados de qualquer maneira e com despotismo, incluindo nisso, a denúncia unilateral dos documentos que assinaram de boa-fé, em cumprimento da Lei e na confiança de que o Estado é uma pessoa de bem.

 

Parece que a alta toxicidade dos swaps vai poluindo o currículo de membros deste Governo, um a um, e já lá vão dois…

 

 Luís Santiago

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