Ez 47, 1-2.8-9.12– «Vi a água sair do temploe todos aqueles a quem chegou esta água foram salvos» (Ant. Vidi aquam)
1 Cor 3, 9c-11.16-17– «Vós sois templo de Deus»
Jo 2, 13-22– «Falava do templo do seu Corpo»
Durante cerca de duzentos e cinquenta anos, o Império Romano perseguiu os cristãos com grande dureza e crueldade. O édito de Milão, assinado por Licínio e Constantino em 313, concede-lhes a liberdade de culto. Puderam escancarar as portas das casas onde até aí celebravam a Eucaristia em segredo. Puderam fazer Igrejas. O imperador Constantino mandou construir para os cristãos um templo semelhante aos grandes edifícios públicos do Estado, as basílicas.
Esta primeira basílica cristã, a de Latrão, foi consagrada em 9 de Novembro de 320. Considerada como “a igreja-mãe de todas as igrejas de Roma e do mundo”, era e continua a ser a catedral do bispo de Roma. (A Basílica do Vaticano é uma nova “capela” do Papa, construída no lugar onde São Pedro foi martirizado, e importante pelo espaço que disponibiliza para as cerimónias.)
Celebrar a dedicação da Basílica de Latrão não é um puro arcaísmo romântico. É um convite a dois tipos de reflexão: sobre a maneira como queremos entender-nos com os outros homens e sobre o significado do templo.
Os cristãos começaram por ser pobres e perseguidos, ninguém os queria ao pé. Veio o dia em que foram aceites. Em breve, a Igreja alcançou poder e riqueza, e fez o que lhe tinham feito a ela. Desprezou os que não lhe pertenciam, quis mandar em toda a Terra, perseguiu os que pensavam ou viviam de maneira diferente da sua. Houve cruzadas e houve a Inquisição. Finalmente, voltámos a ler o Evangelho com o coração mais humilde. E foi possível o II Concílio do Vaticano. «A pessoa humana tem direito à liberdade religiosa… Os homens têm o dever de buscar a verdade, … mas a verdade não se impõe senão pela sua própria força.» (Dignitatis humanae, n.os 1-2) «O Concílio declara estar consciente de que o propósito de reconciliar todos na unidade de uma só e única Igreja de Cristo excede as forças e a capacidade humana. Por isso, colocamos inteiramente a nossa esperança na oração de Cristo, no amor do Pai e no poder do Espírito Santo.» (Unitatis redintegratio, n.o 24)
Sublinhe-se que isto não significa que resolvemos achar normal que “cada um tenha a sua verdade”. Queremos continuar a anunciar Jesus Cristo e o Evangelho, e cada vez com mais vigor. Mas começámos a obedecer ao conselho de São Pedro, quando nos manda dar testemunho da nossa esperança, «com mansidão e respeito» (1Ped 3,16). Não nos irrita que existam nas nossas cidades ou aldeias sinagogas, mesquitas e outros templos. Queremos que existam igrejas. E ficamos felizes se as igrejas, as sinagogas, as mesquitas e outros templos forem espaços de fé e de oração, significarem menos a oposição das crenças e significarem mais a procura de Deus e a aceitação do diálogo.
As nossas igrejas e capelas são, em si mesmas, sinal do Deus de Jesus Cristo. São o espaço onde celebramos a Eucaristia, onde gostamos de rezar, com os irmãos ou a sós, onde podemos reunir-nos. As igrejas católicas e as igrejas ortodoxas encerram outra riqueza: conservam nos seus sacrários o Pão que sobejou da Eucaristia e fica presente para a nossa adoração.
9 de Novembro de 2008
Pe. João Resina Rodrigues(*)
(`) RODRIGUES, Pe. João Resina (1930-2010), A Palavra Para os Homens – Textos Temáticos, Paulus Editora, Lisboa, 2012 pp. 322-323);
Também o Amor e o Sexo são grandes Garantes de Felicidade e Equilíbrio
Cerca de 200 padres sinodais estiveram presentes, durante 15 dias, na assembleia extraordinária do Sínodo dos Bispos reunidos em Roma, que terminou a 19.10. 2014 com um documento final sobre sexualidade, casamento e família. As discussões continuarão nas comunidades locais até encontrarem concretizações no sínodo de Outubro de 2015.
A primeira semana do sínodo esteve subordinada ao tema “ouvir as realidades das famílias da igreja mundial.” Esta foi uma fase muito enriquecedora e aberta onde os bispos apresentaram diferentes perspectivas culturais, políticas e sociais à maneira de um caleidoscópio da igreja universal.
Na segunda semana a preocupação e o medo dominaram as discussões do sínodo, o que motivou o Papa, na sua declaração final, a referir-se às diferentes tentações.
O Relatório final, por eles elaborado, é um documento de trabalho… Teve aprovação com maioria relativa. Insiste na “união indissolúvel entre o homem e a mulher”. Reconhece aos casamentos civis, divorciados e recasados uma participação “de forma incompleta” na vida da Igreja. Da votação dos documentos fica-se com a impressão que um terço dos bispos é bastante conservador. O documento dá relevo a soluções a partir da perspectiva pastoral.
No final do sínodo, o Papa falou das tentações observadas na assembleia sinodal e na Igreja em geral, ao tratarem os problemas do casamento, família e sexualidade: a)- a tentação dos «tradicionalistas», e também dos intelectualistas (“dos zelantes, dos escrupulosos, dos cautelosos”), é “a tentação do endurecimento hostil, ou seja, o desejo de se fechar dentro daquilo que está escrito (a letra) sem se deixar surpreender por Deus, pelo Deus das surpresas (o espírito) ”; b)- a tentação dos «bonacheiristas», dos temerosos e também dos chamados «progressistas e liberalistas», que se revela na “tentação da bonacheirice destrutiva, que em nome de uma misericórdia enganadora liga as feridas sem antes as curar e medicar; que trata os sintomas e não as causas nem as raízes”; c)- a tentação do deserto, “tentação de transformar a pedra em pão para interromper um jejum prolongado, pesado e doloroso (cf. Lc 4, 1-4) e também de transformar o pão em pedra e lançá-la contra os pecadores, os frágeis e os doentes (cf. Jo 8, 7), ou seja, de o transformar em «fardos insuportáveis» (Lc 10, 27)”; d)- a “tentação de descer da cruz, para contentar as massas…, de ceder ao espírito mundano”; e)- a “tentação de descuidar o «depositum fidei», considerando-se não guardiães mas proprietários e senhores ou, por outro lado, a tentação de descuidar a realidade, recorrendo a uma terminologia minuciosa e uma linguagem burilada, para falar de muitas coisas sem nada dizer!”
Francisco quer uma “Igreja que não se envergonha do irmão caído nem finge que não o vê”. O Papa chama a atenção dos bispos para não ficarem na atitude passiva de receber os tresmalhados; mais que recebê-los é preciso “ir ao seu encontro”.
A fidelidade conjugal torna-se, cada vez mais, num desafio
A fidelidade matrimonial, no meu entender, não é lineal; é um valor alto mas não deve dar-se à custa de um cônjuge quando na relação conjugal se chega a uma atitude antagónica por doença psíquica objectivadora e interacções insuportáveis, consequência também de diferentes e divergentes desenvolvimentos individuais. Em certos casos pode tornar-se tão problemático o divórcio como a continuação da fidelidade conjugal… Uma fidelidade morta (tal como um divórcio superficial) pode impedir o desenvolvimento e o renascimento de pessoas. O matrimónio implica, já na sua etimologia, maternidade (mãe, fonte), pressupondo crescimento e desenvolvimento; o desenvolvimento não se pode limitar à geração de filhos.
É bem verdade que, também na noite brilha a Lua mas essa luz não é, por vezes, suficiente para se reconhecer/realizar o mistério de Cristo, quando as perspectivas dos olhares são inflexivelmente diferentes… Eu não sou só eu com as minhas limitações mas sou também aquilo que o outro permita que eu seja numa relação de mutualidade. A luz da fé ilumina a alma mas o corpo pode encontrar-se, por vezes, gelado sem o sol, devido à tormenta do dia. A máxima bíblica, "O Amado é meu e eu sou dele" (Cântico dos Cânticos 2,16), pressupõe o encontro de almas num espírito humilde e realizado, que só é possível na união através da oração e da leitura espiritual comum (Um encontro a três!) numa atitude de pessoas livres, responsáveis e adultas. A maioria das pessoas subsiste irreflectidamente, também porque a sociedade a obriga a isso. A maioria vive como a água de um rio que segue o leito já preparado sem chegar à consciência do ser da água.
O plano do Papa continua em aberto
A próxima assembleia-geral ordinária do Sínodo dos Bispos será de 4 a 25 de Outubro de 2015, sob o tema “A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo”. Até lá as comunidades paroquiais e episcopais continuarão a discutir o tema no sentido de ser elaborada uma proposta cristã sobre a família.
Uma Igreja em serviço e ao serviço tem de dar erros, atendendo às diferentes situações e perspectivas das comunidades. ”Quem serve, não traz um colete branco, mas sim um avental. Isto pode ler-se no Evangelho do lava-pés; Jesus usou um avental” dizia o Cardeal Marx. "
É a hora das igrejas locais, das conferências nacionais e dos cristãos discutirem e se pronunciarem na procura de “novos caminhos”. Precisam-se novas discussões no que respeita à fidelidade à Igreja e à abertura aos sinais dos tempos. Não se pode continuar na expectativa, precisam-se respostas concretas; a Igreja não pode ficar fora de jogo em questões de sexualidade, matrimónio e família.
Não adiar o futuro escapando a soluções
A escolha da data da beatificação do Papa Paulo VI, como conclusão do sínodo, recebeu um carácter simbólico deixando em muitos progressistas um sabor amargo, porque Paulo VI é vulgarmente conhecido como o papa da pílula. Foram adiadas conclusões sobre a pastoral familiar. A força dos cardeais conservadores organizados esteve muito activa, já antes do Sínodo, emperravam o desenvolvimento, procurando isolar o papa.
A Igreja continua a ter uma relação conturbada com o sexo. Vai sendo tempo de se admitirem aos sacramentos, pessoas divorciadas, recasadas ou que vivam em coabitação, desde que sejam casos bem fundamentados. Seria de desejar maior celeridade e competência aos bispos na declaração da nulidade de matrimónios.
O ser humano encontra-se em processo de contínuo desenvolvimento pelo que não pode ser reduzido a um teorema intelectual, nem tão-pouco, a sua espiritualidade pessoal ser condicionada à abstenção sexual. Também a espiritualidade dos “eunucos pelo reino de Deus” não seria desvalorizada com a abolição do celibato para os padres seculares. Doutro modo, seria, por um lado, pôr a cultura/espiritualidade em contradição com a natura e, por outro, um acto de irreverência perante a natureza, obrigar o pároco a não casar, em nome da espiritualidade.
Embora seja verdade que, também devido à disciplina sexual cristã, a posição individual e social da mulher ocidental se desenvolveu e enriqueceu muito, em comparação com o papel da mulher da sociedade muçulmana ou asiática, isto não justifica a super regulamentação da vida sexual de indivíduos e casais. Sem cair na arbitrariedade nem no relativismo, a função da Igreja não é culpabilizar mas desculpabilizar. Seria irresponsável exigir-se a qualquer um o seguimento de uma moral superior sem que este tenha uma infraestrutura consciencial que a suporte. Se queremos Homens temos que formar Homens e não apenas seres humanos! Pessoas que se separam merecem um trato mais respeitoso; muito embora a situação matrimonial seja da responsabilidade dos cônjuges, esta terá que comportar a possibilidade de inocência, pelo menos, de um deles. Seria anacronismo continuar a fixar-se em leis que carecem de “adaptação à nova realidade social” no que respeita à vivência da sexualidade, tal como reconheceu o Vaticano II.
As relações sexuais e interpessoais são de tal ordem complicadas (únicas) que não podem ser resumidas ou encaixilhadas em normas rígidas; a pastoral teria aqui uma palavra competente e privilegiada a dizer... Por vezes, na vida conjugal, surgem situações tão doentias e imutáveis que, a serem mantidas, levariam à negação de um dos parceiros (extremos casos de bipolaridade, de borderline, etc.). O Cristianismo quer liberdade, autonomia e responsabilidade do Homem livre, não podendo exigir de ninguém que se torne num “Cristo”; Ele quer ver o ser humano livre de qualquer cabresto para se tornar capaz da comunidade profunda, baseada naquela liberdade e relação que fez de Jesus o Cristo.
O códice de conduta não se pode limitar a pequenos retoques cosméticos, se a Igreja quiser continuar a ser uma voz importante no mundo e a constituir orientação também para meios menos afectos à religião. O propósito e o proposto não são fáceis, atendendo ao facto de, mundialmente, pessoas e culturas se encontrarem em diferentes estádios e com díspares velocidades. Atendendo à maioria dos católicos não viver em países europeus nem na América do Norte e considerando que religiões retrógradas e simplicistas como o Islão entusiasmam espíritos confundidos (simples) não será fácil aos padres sinodais encontrar respostas consensuais para um universo de culturas divergentes.
Temos um ideal que é o resumo de toda a escritura, como refere também Paulo (Rom 13,8-10): o amor a Deus e ao próximo. O cristianismo (e com ele a Igreja) é testemunho e garante do desenvolvimento universal, tal como o foi para a civilização ocidental nos últimos 2.000 anos. O próximo não tem confissão nem parâmetros culturais definidos; esta é a grande inovação do cristianismo.
A festa de Nossa Senhora do Rosário foi instituída pelo papa Pio V, em 1571, quando se celebrava o aniversário da batalha naval de Lepanto. Segundo consta, os cristãos saíram vitoriosos porque invocaram o auxílio da Santa Mãe de Deus, rezando o rosário.
A origem do «terço» é muito antiga. Remonta aos anacoretas orientais que usavam pedrinhas para contar as suas orações vocais. O Venerável Beda sugerira aos irmãos leigos, pouco familiarizados com o Saltério latino, que se utilizassem de grãos enfiados num barbante na recitação dos «pai-nossos» e «avé-marias».
Segundo a lenda, em 1328 Nossa Senhora apareceu a São Domingos recomendando-lhe a reza do rosário para a salvação do mundo.
Rosário significa coroa de rosas oferecidas a Nossa Senhora. Os promotores e divulgadores da devoção do rosário no mundo inteiro foram os dominicanos.
Costuma ser comum entre os católicos – e é lógico que assim seja – pensar que a visão reformada intenta substituir uma Igreja, a sua, por outra. Semelhante empenho parece absurdo na medida em que, como um recente documento papal referendou, a única Igreja verdadeira e com plenitude de meios é a Igreja Católica e as outras confissões não chagariam a essa entidade. O ponto de vista é razoável – insistamos nisso – porém, parte duma ignorância grave sobre a concepção da Reforma acerca da Igreja. Para Lutero – e para os reformadores em geral – a Igreja é uma realidade visível mas não se identifica com uma instituição concreta com exclusão de outras, mas sim com os seus membros, os cristãos. É essa soma de cristãos como povo de Deus que forma a Igreja e não uma instituição eclesial. Sem dúvida que essa Igreja, como Lutero assinalou, tem umas marcas que são “o baptismo, o sacramento (a Eucaristia) e o Evangelho, não Roma nem este ou aquele lugar”. Sobre esta Igreja, formada pelos verdadeiros crentes e não por uma estrutura eclesial específica, quem se encontra è Cristo ou, para utilizar a expressão de Lutero, “Cristo é a cabeça e só Ele governa”.
Compreender este aspecto é essencial no diálogo interconfessional. Se a Igreja Católica afirma – e é lógico que o faça – que é a única Igreja verdadeira e com plenitude de meios de graça, as Igrejas reformadas sempre responderão que a Igreja, apesar da sua visibilidade, é, fundamental e essencialmente, uma comunhão de fiéis que não se identifica com esta ou aquela confissão pois está formada pelos que experimentaram uma conversão a Cristo. Se a Igreja Católica contrapõe – e é lógico que o faça – a sua unidade formal à divisão em diferentes confissões surgidas da Reforma, as Igrejas reformadas responderão que essa divisão não existe pela simples razão de que todos os seus membros formam parte de um a só Igreja, a verdadeira, que é uma realidade espiritual por cima das visíveis e humanas. Se a Igreja Católica afirma – e é lógico que o faça – que essa única Igreja verdadeira mantém uma sucessão apostólica cujo elemento essencial é o facto de o Papa ser o sucessor de Pedro, as Igrejas reformadas sempre responderão que a sucessão apostólica não é uma sucessão similar à dinástica – por outro lado, interrompida historicamente em várias ocasiões – mas uma identificação com o ensino e o comportamento dos Apóstolos. Se a Igreja Católica afirma – e é lógico que o faça – que o Papa é o vigário de Cristo na Terra, as Igrejas reformadas sempre responderão que Cristo não precisa de vigário algum porque governa directamente a Sua Igreja através do Espírito Santo.
César Vidal
InEl Caso Lutero, Edaf, Madrid, 2008, pág. 144 seg.
Wahhabismo ou uaabismo - Movimento religioso ultra-conservador muçulmano criado por
criado por Muhammad bin Abd al Wahhab na Arábia central em meados do séc. XVIII. A divulgação e crescimento do Islão em grande parte foi a responsável pelo sucesso do movimento wahhabbi ao inspirar os ideais do movimento “Irmandade Muçulmana” (Ikhwan)), hoje com forte presença além da Arábia Saudita, no Egito, Paquistão, Afeganistão e Turquestão.
ENSAIO SOBRE RELIGIÃO – 25
- X -
Xiitas - Depois da morte deMaomé, em 632, muitos acreditavam que o Profeta havia escolhido como seu herdeiro e sucessor o seu genro e primo Ali ibn Abu Talib. Logo após o falecimento, a escolha do novo califa foi organizada, mas, enquanto Ali e sua família aprontavam o enterro de Maomé, alguns sahaba, companheiros do Profeta, elegeram o novo governante da comunidade islâmica. Sendo assim, Abu Bakr foi designado o novo califa. Antes de morrer, Abu Bakr designou seu sucessor, Umar, que foi assassinado em 644, dez anos mais tarde. Após ele, Uthman, da dinastia omíada, ocupou o califado até 656, ano em que foi assassinado. Finalmente, Ali assumiu o poder.
ENSAIO SOBRE RELIGIÃO – 26
- Y -
Yama – Deus da morte, na Índia. É um dos deuses mais antigos.
Yantra – Diagrama mágico abrigando uma divindade, instrumento de meditação.
Yezidis – “Adoradores do diabo”, membros de uma seita na Arménia, perto do Monte Ararat,
Yoga – Do sânsc. “união”, método de obtenção do controle de si por uma severa disciplina do corpo.
ENSAIO SOBRE RELIGIÃO – 27
- Z -
Zaratustra – Chamado Zoroastro no Ocidente, reformador da religião iraniana cerca de 700-630 a.C. A sua doutrina está exposta no Zend-Avesta. Criou um colégio de magos – sábios – e teria sido sepultado em Persópolis. Morreu assassinado pelos turanianos.
Zend-Avesta – Zend foi o nome dado no século XIX à língua avéstica, e significa !comentário”.
Zigurate – Templo mesopotâmicos, em forma de torres imensas, com degraus, que serviam para a observação dos astros.
Zohar ou Sepher Ha Zohar – “O Livros dos Esplendores”, comentário alegório do Pentateuco que forma a obra mais importante da Cabala.
ENSAIO SOBRE RELIGIÃO – 28
Conclusão
Parece poder concluir-se que o homem é um bicho mau. O único que mata o seu semelhante não para se alimentar ou “tentar” melhorar a espécie pela procriação do mais forte e saudável, mas por ganância. Desde os tempos mais remotos.
A história mostra-nos ainda, em todas religiões ou crenças, homens e mulheres que procuraram o entendimento, a compreensão, a união, e até entre muçulmanos quem pregasse a emancipação das mulheres. Quase todos estes foram ou presos, ou torturados, ou mortos.
A semelhança nas crenças do sobrenatural surgem evidentes com os primeiros escritos, cerca 2.000 antes de Cristo, e que passaram pelos persas, babilónicos, egípcios, hindus, hebreus, gregos até aos nossos dias, nalguns casos como pouquissima alteração.
Homens bons, pensadores e depois teólogos honestos, procuraram soluções para o homem-mau, mas esse “homem” não quer ser bom.
A única conclusão, conhecida de todos mas não aplicada pela esmagadora maioria, e que voltei a ouvir há poucos dias da boca de uma linda atriz indiana que representou, no cinema, uma versão de Romeu e Julieta:
O AMOR É A ÚNICA LINGUAGEM UNIVERSAL
que as pessoas compreendem.
Só ele pode unir os povos e acabar com as guerras, fome, capitalismo selvagem, tráfico de drogas, exploração das indústrias químicas e farmacêuticas, etc.
Vadãnta – Do sânsc. “fim do Veda”, um dos dez sistemas especulativos do bramanismo.
Vaideses – Ou Vaudois, membros de uma seita cristã, fundada em França por Pierre Valdo no séc. XIII, que viviam de maneira muito austera. Foram perseguidos, sobretudo no séc. XVII.
Valhala – Do nórdico antigo Valhöll, "Salão dos Mortos", é um majestoso e enorme salão situado em Asgard, dominado pelo deus Odin. Escolhidos por Odin, metade dos que morrem em combate são levados para o Valhalla após a morte pelas Valquírias, enquanto que a outra metade vai para os campos Folkvang da deusa Freyja.
Veda – Do sânsc. “conhecimento divino”, escritura sagrada da Índia, levada pelos arianos aos povos autóctones, em sânscrito arcaico do séc. XII ao V a.C. A religião veda pela forma especulativa e sua organisação social é ainda a base de toda uma civilização.
Vedismo – A mais antiga religião da Índia que marcou a passagem do animismo e naturalismo primitivo para o Bramanismo e o Hinduísmo. Tinham os mais antigos livros sagrados e as mais antigas entre as obras sânscritas. Seus ensinamentos, por milhares de anos, foram transmitidos só oralmente, e depois compilados nas margens do lago Mãnasa-Sarovara, no Tibete. Eles acreditavam que quando uma pessoa falecia a alma desta pessoa se reencarnava na vaca.
Velhos cristãos – Nome dado aos cristãos jansenistas da Holanda, particularmente em Utrecht, e aos franceses que não aceitaram as condenações católicas nem as perseguições nos Países Baixos.
Vishnu – Um dos grandes deuses da Índia, oposto a Çiva. Ele é conservador e entre os períodos cósmicos descansa a dormir em cima da serpente Ananta.
Vudu – Culto animista espalhado desde as Antilhas até ao Brasil, herança de velhas crenças levadas de África.
Vulgata – Do lat. vulgatis, “vulgarizado”, nome dado à tradução da Bíblia feita no séc. IV, a partir do hebreu, aramaico e grego para o latim.
Ulema – Nome dado aos doutores da lei e teólogos muçulmanos.
Ultramontanhismo – Sistema que, em França, admitia a autoridade do papa em matéria religiosa por oposição às doutrinas do galicismo.
Unção – Acção de ungir, colocar um pouco de óleo consagrado sobre uma pessoa para lhe conferir uma bênção, uma graça ou um sacramento.
Uniatas – Cristãos em geral orientais que estavam separados da igreja católica e reconheceram a soberania do papa.
Unitarianos – Fiéis de diferentes seitas religiosas que negam a Trindade.
Upanishad – Tratados de doutrina secreta que levaram à literatura védica, a base do hinduísmo, redigido desde o séc. VII a.C. até à Idade Média, estes livros são muito numerosos, entre 108 e 118.
Ursulinas – Religiosas da ordem de Santa Úrsula, fundada por Angèle Merici em 1535 para cuidar de doentes e educação de mulheres jovens.
Tabernáculo – Do lat.tabernaculum, tenda, pequena habitação desmontável dos povos nómadas, santuário portátil onde foi guardada a Arca da Aliança, no Templo de Jerusalém. Nas sinagogas o tabernáculo, ou “arca santa” é a casa de Javé, onde se guardam os rolos da Torá. A festa dos Tabernáculos é uma das grandes festas do judaísmo.
Talismã – Do árabe telesman, “figuras mágicas”, do gr. telesma, “rito”, objecto considerado como tendo um poder sobrenatural.
Talmud – Do hebreu, “estudo”, vasta obra complementando a Bíblia, adaptação da Lei de Moisés aos tempos modernos. Elaborada lentamente nas escolas da Babilónia e Jerusalém, a sua redacção, com todos os comentários, durou mais e setecentos anos, transmitida oralmente, e foi fixado no séc. XII por Maimonides, que dele fez um resumo.
Tammouz – Deus babilónio da vegetação, Adonis, na Grécia, o seu culto era associado a Ishtar.
Tanit – Grande deusa de Cartágo, Astarte púnica, chamada Nutrix, deusa da fecundidade, teve seu templo em Roma.
Tantra – Do sânsc. “trama, uso”, na Índia livros de doutrina, crenças, ritos, símbolos e práticas mágicas.
Tantrismo – Forma religiosa sincrética, saída dum conjunto de doutrinas tiradas do Tantra.
Taoismo – De Tao, “caminho”, sistema filosófico e religioso dos chineses, atribuído a Lao-Tsé no séc. VI.
Tãrã – Deusa do budismo tântrico. No Tibete são ambivalentes, terríveis, de cor amarela ou azul, ou bondosas, de cor verde ou branca.
Taurobolo – Culto de Mithra, sacrifício oferecido a Cibeles e Adonis. Quando o sacrifício era de um touro chamavam tauróbolo, de um carneiro crióbolo e de una cabra egóbolo. Uma inscrição encontrada em Lyon em 1705 sobre o monte de Fourvières, faz menção de um tauróbolo célebre no tempo, de Antonio Pío, 360 a.C.
Teismo – Do gr. theos, “deus”, crença em Deus mais como um deus pessoal, opondo-se do deísmo que nega a sua acção, e ao ateísmo que nega a Sua existência.
Templários – Ordem dos Cavaleiros do Templo, ou “Ordem dos Pobres Cavaleiros do Templo”, fundada por Hugues de Payn e Godofredo de Saint Omer em 1119, em Jerusalém, para a defesa dos lugares santos e dos peregrinos.
Teofania – Do gr. theos, “deus” e phainein, “aparição, manifestação aparente de um deus sobre a terra”. No Egipto e na Grécia antiga menciona-se muitas vezes e mesmo nas religiões do Oriente. Na Bíblia, Jeová aparece a Moisés e no cristianismo, a Epifania e a Transfiguração são teofanias.
Teofilantropia – Movimento deísta, fundado sobre o amor de Deus e dos homens, que teve sucesso entre 1797 e 1801.
Teogonia – Do gr. theos, “deus” e gonos, “geração”, descrição dos nascimento dos deuses nos cultos politeistas.
Teologia – Do gr. theos, “deus” e logos, “discurso, palavra, inteligência”, ciência das coisas divinas, da relação de Deus com o Universo.
Teosofia – Do gr. theos, “deus” e sophia, “sabedoria”, sistema religioso sobre o desejo do conhecimento divino, a iluminação do indivíduo e a penetração nos mistérios, utilizando ciências ocultas.
Terolatria – Culto dos animais.
Testemunhas de Jeová – Denominação cristã duma seita fundado por Charles Russell nos EUA, espalhada em 239 países. Conhecida pelo seu trabalho regular e persistente de evangelização de casa em casa e nas ruas e pelo seu uso particular da Bíblia, que suscita polémicas. Adoram exclusivamente a Deus, cujo nome restaurado por pesquisa dos textos em hebraico é Jeová, e são seguidores de Jesus.
Théatinos - Ordem de Clero Regular – C.R. formam uma ordem religiosa católica de padres regulares fundada em Roma em 1524 por São Caetano de Thiene – 1480-1547 – e Pedro Carafa bispo de Chieti (Theate em lat.), futuro papa Paulo IV, para uma melhor formação do clero. Ordenados padres foram a Roma pregar e ensinar e o papa Paulo III aprovou a “Constituição” da ordem, que se caracteriza pela severidade do recrutamento e seu carácter intelectual.
Thor – Deus da tríade escandinava, filho de Odin, deus dos trovões e relâmpagos perseguia os gigantes.
Thot – Deus egípcio lunar, com cabeça de íbis, tornou-se o grande deus da sabedoria.
Tiamat – Deusa da Babilónia, no caos primordial, Tiamat é a má, criadora de monstros.
Tlaloc- Deus da chuva nos aztecas.
Totemismo – Sistema de carácter religioso comum a numerosas tribos da Oceânia, África e América, organizando as tribos dotadas cada uma com seu totem.
Tulasi – Planta sagrada na Índia que recebe, ela, um culto, porque cura doenças e apaga os pecados.
Sabbat – Do hebreu shabbat, “repouso”, sétimo dia da semana, quando Deus terminou de criar o Universo.
Sacramento – Do lat. sacramentum, “coisa sagrada”.
Sacrifício – Oferenda a uma divindade, normalmente acompanhado duma morte ritual, tanto de humanos quanto de animais. No cristianismo a missa é o sacrifício por excelência, que é o próprio Cristo.
Sacrilégio – Do lat. sacrilegium, de sacer, “sagrado” elegere, “recolher”. Profanação dum objecto sagrado, ou a pessoa – sacrílega – que cometeu o ato.
Salesianos – Membros da Sociedade de São Francisco de Sales, fundada em Turim em 1859 por São João Bosco para a formação de jovens.
Samãdhi – Do sânsc., “êxtase”, realização da última etapa procurada nos métodos de yoga.
Sãmkya – Do sânsc., “enumeração, análise”, sistema hindu, de carácter dualista, separando totalmente a matéria do espírito.
Samnyãsin – Do sânsc. “aquele que renuncia”, no hinduísmo estado do asceta que constitui o quarto e último estágio da vida religiosa dum brâmane.
Samsãra – Do sânsc. “escoamento, o rio da existência”, a transmigração determinada pela lei do karma.
Satan – Chefe dos anjos rebeldes do Génesis que se tornaram demónios.
Sãti – Nome dado no bramanismo ao sacrifício da esposa que levava o amor conjugal e a fidelidade ao marido até se fazer arder na pira funerária.
Sebek ou Sobek – No Egipto antigo o deus-crocodilo, príncipe aquático da Terra e do Sol.
Seita – Do lat. secte, grupo de pessoas que professam a mesma doutrina filosófica ou religiosa.
Sekmet – Deusa egípcia com cabeça de leão, significa “a Poderosa”, porque é considerada com o olho de Ra, que pode destruir os inimigos.
Serpente – O culto da serpente, ofiolatria, perde-se na antiguidade e extremamente espalhada; é concebida como o símbolo do mal, no Génesis é comparada a Satan.
Servitas – Membros duma congregação religiosa, honrando especialmente as sete dores da Virgem Maria, fundada no séc. XIII na Itália.
Shinto – Do japonês, “o caminho dos kamis, ou caminho dos deuses”. É a religião nacional do Japão onde todas as forças naturais são personificadas e deificadas.
Sikhs – Do sânscrito çishya, discípulos, formam uma grande comunidade no meio do hinduísmo, fundado por Nanak, em Pundjab, no séc. XVI.
Sinagoga – Do gr. Sunagein, lugar de reunião dos fiéis do judaísmo. A origem remonta ao exílio dos judeus na Babilónia onde Esdras reunia assembleias para conservar as tradições.
Sincretismo – Tendência filosófica-religiosa que procura conciliar várias doutrinas, monoteístas, para a crença num Deus supremo.
Sínodo – Do gr. sunodos, assembleia eclesiástica para discutir pontos de interesse da doutrina e da comunidade.
Sionismo – Movimento nascido no seio do judaísmo no fim do séc. XIX, mais político do que religioso, inspirando-se na promessa a Abraão de fazer do país de Canaã – Palestina o país dos seus descendentes.
Soma – Licor da imortalidade dos vedas; uma bebida alcoólica. O sacrifício do soma era feito pelos brâmanes num ritual complicado.
Suástica – Do sânsc. “saudação, bom presságio”, símbolo antigo em forma de cruz gamada, com os braços para a direita o símbolo é benéfico, para a esquerda significa mau presságio que se encontra nos países dos dois hemisférios desde tempos proto-históricos, excepto entre judeus e muçulmanos e por isso usada por Hitler, como sinal de arianismo.
Sufismo – Do árabe souf, “floco de lã”, vestuário que usavam os primeiros sufistas, é conhecida como a corrente mística e contemplativa do Islão. Os praticantes do sufismo, conhecidos como sufis ou sufistas, procuram desenvolver uma relação íntima, directa e contínua com Deus, utilizando-se, dentre outras técnicas, da prática de cânticos, música e dança, o que é considerado prática ilegal pela sharia de vários países muçulmanos. As ordens sufis (Tariqas) podem estar associadas aos sunitas e xiitas, a uma combinação de várias correntes, ou a nenhuma delas.
Sulpicianos – Membros da congregação de São Sulpício, fundada em 1645, sacerdotes diocesanos e seu mandato principal é ajudar os bispos na preparação de candidatos ao sacerdócio.
Sunitas – Do árabesunna, “modo de vida” do Profeta, conjunto de muçulmanos ortodoxos, representam 84% de todos os muçulmanos e consideram os xiitas como apóstatas (desertores) do Islão. Por outro lado, grupos como a Nação do Islão, Ahmadiyya e Ismailis são considerados como hereges pela maioria dos sunitas e por isso estão fora do Islão. Na Rússia do séc. XIX (no Tartaristão e na Ásia Central), uma nova teologia do sunismo surgiu, conhecida como o Jadidismo ou Euroislão. A sua principal qualidade foi a tolerância para com outras religiões.
Sunitas e Xiitas – Ali ibn Abu Talib, primo, genro e o primeiro discípulo de Maomé, de quem foi o sucessor imediato, mas com as intrigas e inimizades foi assassinado na mesquita de Kaufa. Daí nasce a grande cisão no Islão, entre sunitas e xiitas.
Rá ou Ré – Deus do Sol no Egipto Antigo, desde antes da época faraónica.
Rabino – Do hebreu rabbi, “mestre”, chefe espiritual duma comunidade israelita.
Rãma – No hinduísmo, herói do Ramayana, avatar de Vishnu.
Rãmakrishna – Santo hindu, séc. XIX, torna-se sacerdote de Kali e foi um grande místico. Quis transcender as suas ideias sobre imagens divinas e, numa espécie de sincretismo, estudou várias religiões, sobretudo o cristianismo e o Islão, concluindo que Deus é um único, mas que há diferentes maneiras de chegar até Ele. Pregou uma doutrina de tolerância e caridade universal.
Rãmãyana – Uma das esposas da Índia de alguns séculos a. C.
Raskolnik – Do russo “velho crente, dissidente ou cismático”.
Recoletos - Agostinianos Recoletos (OAR) é uma ordem religiosa católica, da família agostiniana, seguidora do pensamento de Santo Agostinho, nasceu na Espanha em 1588, em plena Reforma Católica, a partir da renovação da Província Agostiniana de Castela.
Redenção – Um dos grandes mistérios da fé cristã, a redenção das faltas dos homens pelo Cristo Redentor, levando à união com Deus pela vida eterna.
Reencarnação – Crença na alma humana que após a morte passa a outro corpo, já vem do hiduísmo, Egipto, Grécia e muitos cristãos a aceitam.
Religião – Do lat. religare, “ligar”, culto rendido à divindade.
Ressurreição – Do lat. ressurrectio, “volta à vida”, o mistério fundamental do dogma do cristianismo.
Rosa-Cruz – Nome dado a uma confraria de iluminados na Alemanha, no séc. XVII. Refere-se a diversas seitas, mais ou menos secretas de tendências religiosas ou filosóficas. Os seus ensinamentos são uma mistura de hermetismo egípcio, gnosticismo, exoterismo cristão, cabala, crenças e práticas ocultas, alquimia, cujos aspectos modernos são simplesmente simbólicos.
Rosário – Série de grão fixados regularmente para a recitação de orações. Têm os cristãos, muçulmanos, e budistas.
Russia – A igreja ortodoxa russa unificou-se e cresceu rapidamente devido aos costumes e à língua do país, e considera-se a mais antiga das igrejas cristãs.