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A bem da Nação

VALSA DA PRIMAVERA

 

Chopin, 1849 Chopin, 1849

 

(s/tema de Chopin –“Spring Waltz “)

https://www.youtube.com/watch?v=KmzFDEu2RoA

 

É Primavera!

Oiço a Valsa de Chopin

E as lágrimas

Deixando os olhos

Correm pelo rosto

Soltas, leves, serenas;

Conhecem bem o caminho

E vêm lembrar-me

Todas as outras vezes

Em que foram

Nascente e foz

E flor e luz

Acariciando barcos/corpos

Em chegadas e partidas

Rios de promessas

Não cumpridas

E ocasos de nostalgia;

Porque o amor acaba

Como acaba o dia!

 

Maria Mamede.jpg Maria Mamede

FÉRIAS EM MACEIÓ

 

maceio.jpg

 

 

Atravesso-te Atlântico meu

Leito d’água

Berço de lusas naus

Em rotas de descoberta

E sou nuvem

Ventre de pássaro branco

Cruzando ares

Ao encontro do calor

Que meu País vai perdendo

Levado pelo Outono

Que arrefece.

Atravesso-te

Em velocidade de cruzeiro

A muitos pés d’altura

E sou feliz por te cruzar…

Preconizaram-me que um dia

O havia de fazer

E eis-me aqui

Trazida pelo amor filial

E o retorno do que dei

Em passados próximos

Ou longínquos

E todo tempo

É coração feliz e alma cheia!

 

14/Set./2016

 

Maria Mamede.jpg

Maria Mamede

PÁTRIA PEQUENA

 

POEMAS MAIATOS

MILHEIRÓS

 

No meio dos milheirais de Milheirós

Havia cantigas de gente

Em tempo de ceifa

E de toda a passarada

Em tempo de Primavera.

Pelos Invernos

Rigorosos

Ficávamos tempo esquecido à lareira

Ouvindo o vento que gemia

E os uivos dos lobos

Ao longe…

 

----------------------------------------------------

ponte-de-alvura.jpg

 

Além da Ponte de Alvura

Vai meu amor acenando,

Além da Ponte de Alvura

Até quando, até quando?

 

Além da Ponte de Alvura

Vai pequenino ficando

Águas claras em dor pura

Vão os meus olhos chorando…

 

Além da Ponte de Alvura

Moinhos de água, moendo

Junto da água, em secura

Eu vou morrendo, morrendo…

 

--------------------------------------------------

 

Junto com o milho

Debulhei lágrimas salgadas

Como as mulheres da beira-mar

As debulham

Nos cais da espera…

 

Maria Mamede.jpg  Maria Mamede

PÁTRIA PEQUENA

 POEMAS MAIATOS

 

Gueifães.jpg

 

GUEIFÃES

 

 

Desponta a manhã

Da Senhora da Saúde

E Gueifães é uma festa.

Dancemos também

De roda, no adro

Aproveitando o tempo que nos resta

Já que o Hoje

Foge apressado

E o Amanhã

Trará a partida…

 

-----------------------------------------------------

 

Loiras searas pedem a ceifa.

Cachos maduros chamam a vindima.

Por ti,

Clamam meus olhos e meus braços

Neste tempo de colheita…

 

Maria Mamede.jpgMaria Mamede

PÁTRIA PEQUENA

POEMAS MAIATOS

 

Viriato.jpg

 GONDIM

 

Antes de ti Viriato

Que por aqui passaste

A caminho da terra dos Brácaros

Para juntares um exército,

Já pairava, no ar de Gondim

O fantasma de Gondarede

O maior de todos os Vickings…

 

-------------------------------------------------

 

Havia um juncal no Arquinho

Onde um dia encontramos um peixe vermelho

E nenúfares.

Depois, perdemo-nos pela vida.

Alguns anos volvidos

Espalhou-se a notícia

Da morte do peixe vermelho

E o rio apodreceu

Como os nenúfares.

 

Maria Mamede.jpg Maria Mamede

PÁTRIA PEQUENA

 

POEMAS MAIATOS

Campa do preto-Gemunde, Maia.jpg

 

GEMUNDE

 

Gemunde

Tem um Santo preto

Escravo trazido dos Brasis

Que um Feudal inescrupuloso matou.

Dianta do seu túmulo

Peço por ti

Que não regressaste

A tempo do nosso encontro…

 

--------------------------------------------------

 

Faltam amores nesta vida

Também falta bem querer

Só damos valor à vida

Quando temos de a perder!

 

Maria Mamede.jpg Maria Mamede

 

https://pt.wikipedia.org/wiki/Lenda_da_Campa_do_Preto

 

PÁTRIA PEQUENA

 

POEMAS MAIATOS

CAPELA DO MONTE STº OVÍDEO.jpg

 

FOLGOSA

 

O tempo para amar

Perdeu-se todo, nas matas de Folgosa

E nem Vilar de Luz

A tem que baste

Para o encontrar…

 

--------------------------------------------------

 

Quem diz que vive o bastante

Para amar os girassóis?

Um amor, tão importante

Não tem antes nem depois!

 

Maria Mamede.pngMaria Mamede

PÁTRIA PEQUENA

 

POEMAS MAIATOS

Visconde de Barreiros.png

 

BARREIROS

 

Em Barreiros

Roubamos à terra

O barro do pranto e do riso

Que depois das mãos

E da roda do oleiro

Foi tanta vez

Gasalho e alegria.

De Barreiros

Saiu a textura do barro

Que transportou

Mundos fora o aroma da terra

E nossos beijos marinheiros…

 

Maria Mamede.pngMaria Mamede

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