SE A MINHA ILHA SOUBESSE…
Enamora-me
O aroma inolvidável
Das glicínias
Que ainda resistem…
Fechando os olhos,
Vim vida fora
Até à outra margem do tempo
Quando tudo
Dentro de mim era paz!...
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Enamora-me
O aroma inolvidável
Das glicínias
Que ainda resistem…
Fechando os olhos,
Vim vida fora
Até à outra margem do tempo
Quando tudo
Dentro de mim era paz!...
(s/tema de Chopin –“Spring Waltz “)
https://www.youtube.com/watch?v=KmzFDEu2RoA
É Primavera!
Oiço a Valsa de Chopin
E as lágrimas
Deixando os olhos
Correm pelo rosto
Soltas, leves, serenas;
Conhecem bem o caminho
E vêm lembrar-me
Todas as outras vezes
Em que foram
Nascente e foz
E flor e luz
Acariciando barcos/corpos
Em chegadas e partidas
Rios de promessas
Não cumpridas
E ocasos de nostalgia;
Porque o amor acaba
Como acaba o dia!
Maria Mamede
Atravesso-te Atlântico meu
Leito d’água
Berço de lusas naus
Em rotas de descoberta
E sou nuvem
Ventre de pássaro branco
Cruzando ares
Ao encontro do calor
Que meu País vai perdendo
Levado pelo Outono
Que arrefece.
Atravesso-te
Em velocidade de cruzeiro
A muitos pés d’altura
E sou feliz por te cruzar…
Preconizaram-me que um dia
O havia de fazer
E eis-me aqui
Trazida pelo amor filial
E o retorno do que dei
Em passados próximos
Ou longínquos
E todo tempo
É coração feliz e alma cheia!
14/Set./2016
Maria Mamede
POEMAS MAIATOS
MILHEIRÓS
No meio dos milheirais de Milheirós
Havia cantigas de gente
Em tempo de ceifa
E de toda a passarada
Em tempo de Primavera.
Pelos Invernos
Rigorosos
Ficávamos tempo esquecido à lareira
Ouvindo o vento que gemia
E os uivos dos lobos
Ao longe…
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Além da Ponte de Alvura
Vai meu amor acenando,
Além da Ponte de Alvura
Até quando, até quando?
Além da Ponte de Alvura
Vai pequenino ficando
Águas claras em dor pura
Vão os meus olhos chorando…
Além da Ponte de Alvura
Moinhos de água, moendo
Junto da água, em secura
Eu vou morrendo, morrendo…
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Junto com o milho
Debulhei lágrimas salgadas
Como as mulheres da beira-mar
As debulham
Nos cais da espera…
POEMAS MAIATOS
GUEIFÃES
Desponta a manhã
Da Senhora da Saúde
E Gueifães é uma festa.
Dancemos também
De roda, no adro
Aproveitando o tempo que nos resta
Já que o Hoje
Foge apressado
E o Amanhã
Trará a partida…
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Loiras searas pedem a ceifa.
Cachos maduros chamam a vindima.
Por ti,
Clamam meus olhos e meus braços
Neste tempo de colheita…
POEMAS MAIATOS
GONDIM
Antes de ti Viriato
Que por aqui passaste
A caminho da terra dos Brácaros
Para juntares um exército,
Já pairava, no ar de Gondim
O fantasma de Gondarede
O maior de todos os Vickings…
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Havia um juncal no Arquinho
Onde um dia encontramos um peixe vermelho
E nenúfares.
Depois, perdemo-nos pela vida.
Alguns anos volvidos
Espalhou-se a notícia
Da morte do peixe vermelho
E o rio apodreceu
Como os nenúfares.
POEMAS MAIATOS
GEMUNDE
Gemunde
Tem um Santo preto
Escravo trazido dos Brasis
Que um Feudal inescrupuloso matou.
Dianta do seu túmulo
Peço por ti
Que não regressaste
A tempo do nosso encontro…
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Faltam amores nesta vida
Também falta bem querer
Só damos valor à vida
Quando temos de a perder!
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lenda_da_Campa_do_Preto
POEMAS MAIATOS
FOLGOSA
O tempo para amar
Perdeu-se todo, nas matas de Folgosa
E nem Vilar de Luz
A tem que baste
Para o encontrar…
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Quem diz que vive o bastante
Para amar os girassóis?
Um amor, tão importante
Não tem antes nem depois!
POEMAS MAIATOS
CASTÊLO
Houve um Castelo Roqueiro
No Castêlo
Quando eu era Princesa
E tu meu Senhor.
Hoje,
Apenas existe a capela
Dum Santo com testado
A abarcar a paisagem.
POEMAS MAIATOS
BARREIROS
Em Barreiros
Roubamos à terra
O barro do pranto e do riso
Que depois das mãos
E da roda do oleiro
Foi tanta vez
Gasalho e alegria.
De Barreiros
Saiu a textura do barro
Que transportou
Mundos fora o aroma da terra
E nossos beijos marinheiros…
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