TENTAR ESQUECER O PASSADO
O PS anda desesperadamente a tentar que as pessoas esqueçam o passado recente e a sua gestão danosa, durante seis anos, que atirou o país para o abismo em que está.
Sequioso de voltar ao poder, tenta que os portugueses de memória curta, perante os males do actual governo, lhe voltem a dar a oportunidade de continuar a sua “obra” de destruição de Portugal. E tudo serve, com o maior descaramento, para atingir esse objectivo.
No Diário de Notícias de 28 de Maio de 2013, Mário Soares declara que o actual governo não tem legitimidade – a apesar de ter ganho as eleições – porque está a fazer tudo ao contrário do que prometeu. Parece não se lembrar de que isso mesmo foi o que Sócrates fez durante seis anos de governo do seu partido, sem que alguma vez o tivéssemos ouvido acusá-lo de que tal governo não tinha legitimidade. Pode avivar a memória com os vídeos que circulam na net, a mostrar Sócrates na oposição e em campanha eleitoral a proferir, veementemente, belíssimas promessas e, depois de cada uma, já no governo, de forma igualmente veemente, as medidas opostas que pôs em prática e que tanto afundaram o país e tanto custaram em constantes cortes no nível de vida da grande massa dos portugueses. E quando, como resultado dessa gestão altamente danosa, foi obrigado a submeter o país à humilhação de ter uma troica a mandar, declarou que isso era necessário porque, caso contrário, não haveria dinheiro para pagar ordenados e pensões. Mas não disse que não haveria dinheiro para pagar às PPP da sua gestão danosa, nem para dar as avultadas quantias entregues aos partidos, nem para as avultadas quantias dadas a fundações ditas “privadas”, nem para as vastas mordomias de uma quantas pessoas, etc. Para todos esses havia.
Na Aula Magna, Mário Soares declarou que o PSD não é social democrata e está a atraiçoar o pensamento de Sá Carneiro, o que é verdade. Mas não disse que isso é exactamente o que fez o PS, que há muito não é socialista (nem sequer social democrata!) e está a atraiçoar o pensamento do seu fundador e mentor, Mário Soares, quando este era socialista e de esquerda, andava de braço dado com o PC e na rua, de punho erguido, gritava “Partido Socialista, um partido marxista!”, que os mais novos puderam ver nos documentários retrospectivos passados algumas vezes, na televisão. Mas isso acabou cedo, mesmo antes de Mário Soares confessar que tinha metido o socialismo na gaveta, donde nunca mais foi tirado. Nesse dia o partido devia ter mudado de nome.
O PS quer desesperadamente que o Presidente da República demita o governo e dissolva a Assembleia da República porque sabe que, apesar de haver certamente várias pessoas melhores para o cargo de Primeiro Ministro, os portugueses, que constantemente apregoam que estamos em democracia (chega-lhes poder protestar à vontade, mesmo sem nada conseguirem), só vão ter “licença” de votar nos candidatos que foram “nomeados” como tal pelos chefes dos partidos (exactamente como na outra ditadura eram nomeados pela União Nacional) e, para efeitos práticos, ficam limitados a escolher entre Passos Coelho e Seguro.
Assisti à entrevista com Seguro na TVI. Estava interessado em saber que soluções ia apresentar para resolver os principais problemas do país, nomeadamente o desemprego, a falta de crescimento económico, o défice orçamental, a brutal perda do poder de compra sofrido pelos portugueses nos últimos oito anos, etc. etc. etc. Passou praticamente toda a entrevista a dizer o mal que este governo tem feito, algo que estamos fartos de saber. À única pergunta, aliás geral, que a entrevistadora lhe fez, respondeu que ia resolver esses problemas, sem nada dizer de como o faria. Fiquei elucidado.
Miguel Mota