NÃO CULPADO
O artigo «Verdades incómodas» de João César das Neves é mais um daqueles textos de que se poderá dizer, se não usarmos de sofisma, que é claro como a água dos rios que escorrem das serras, gelada e transparente. Demonstra matematicamente que nunca os reformados descontaram o suficiente para auferirem os vencimentos que a dada altura lhes foram concedidos, demonstra que a reivindicação dos direitos dos trabalhadores é algo igualmente utópico, sobretudo porque muitas vezes tais direitos não tiveram como contrapartida o cumprimento dos deveres de competência e assiduidade que seriam normas exigíveis a verdadeiros profissionais, demonstra que a dívida particular é, no mínimo, tão desequilibrada quanto a estatal, embarcados os cidadãos na mesma onda de empenhamento desregrado que tudo ceifou do país, por largos anos.
Mas só sabemos gritar contra os carrascos que nos impõem o dever de pagar a dívida e nos vão ao bolso injustamente.
O caso é que os nossos pecados foram redimidos por Cristo. Daí a reivindicação usual da nossa inocência em qualquer crise. Cristo é quem tem a culpa!