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A bem da Nação

A bem da Nação

CARTA ABERTA AO SENHOR DR. MÁRIO SOARES

Senhor Dr. Mário Soares:

Vem Vossa Excelência pugnando pelo não pagamento da dívida portuguesa e cita o caso argentino como inconsequente após recusa de cumprimento das obrigações perante os respectivos credores.

Sucede que a Argentina teve sempre uma política mercantilista e foi amiúde criticada internacionalmente por seguir essa prática. Ou seja, a Argentina sempre deu prioridade à produção de bens transaccionáveis, criou um mercado interno que lhe permite a existência duma agricultura (e pecuária) pujante, tem uma frota pesqueira importante, tem uma indústria de transformação de produtos agrícolas notável e, daí, resultando outras actividades industriais da maior importância.

Isto significa que a Argentina pode viver por si própria, em grande alheamento relativamente ao exterior.

E Portugal?

Muito pela mão de Vossa Excelência, foi abandonado o mercantilismo que vigorou até 1974 donde resultou que tivemos que passar a importar muito do que consumimos. Se a esta dependência externa somarmos a demagogia que arruinou o erário público e a constituição de contratos leoninos em desfavor do Estado, temos a situação de ruptura a que chegámos. Com a agravante de nada produzirmos.

Conclusão: Vossa Excelência incorre num sofisma ao pugnar pelo não pagamento da dívida portuguesa.

Lisboa, Abril de 2013

Henrique Salles da Fonseca

27 comentários

Henrique Salles da Fonseca 12.04.2013 17:38

RECEBIDO PELO FACEBOOK:

Jose Pereira Leite gosta disto..

Clap clap
Jose Pereira Leite
Manuel Pires de Lima 13.04.2013 13:27

Não estou minimamente preocupado com as opiniões do soares. São assuntos do foro psiquiátrico e a minha competência está dirigida para outro ramo.

Henrique Salles da Fonseca 12.04.2013 18:32

RECEBIDO POR E-MAIL:

Os Doutores Soares e Companhia estão nitidamente habituados a explorar situações que criaram no país aparentemente para bem deste, mas na realidade para bem deles. Daí a tal falta de hombridade, hombridade que Pombal e Salazar demonstraram, pelo menos em relação ao estrangeiro, mas que os aprendizes de feiticeiros da nossa democracia não estão interessados em mostrar, incapazes de suster o caudal da torrente endividadora, por não terem criado os diques capazes disso, preferindo as dicas contra os que entendem trabalhar de cabeça erguida, com o sacrifício de todos - (embora maior nalguns casos) - que afirmam, todavia, temporário. E a imprensa dá-lhes relevo há muito, a preparar-lhes paulatinamente a estátua , na mesma linha demagógica de todos os orientadores de opinião. Bem haja o Dr. Salles, que lhes descobre as carecas, chevalier sans peur.
Berta Brás
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Henrique Salles da Fonseca 12.04.2013 21:56

RECEBIDO POR E-MAIL:

Caro Amigo, O Sr. está enganado: Nós temos a democracia! Ao pequeno almoço, ao almoço e ao jantar! A democracia é a abundância, a despreocupação e a felicidade! Só a ausência do medo de irmos para S. Tomé é o maior dos bens, muito maior que o trigo, o gado e o tango juntos! Só o facto de não termos a "guerra colonial" e termos amigos em todo o mundo, e particularmente na U. E., faz de nós a mais afortunada nação da Terra, e provavelmente também dos Céus!
Joaquim Reis
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Miguel Mota 13.04.2013 00:42

Ao magnífico texto do Dr. Salles da Fonseca pode acrescentar-se que não consta que a Argentina tenha tido uns gestores responsáveis por uma gestão tão danosa (crime previsto no Código Penal) como a gestão “socialista” de Sócrates a fazer dezenas de PPP com avultados lucros garantidos aos privados, pagos – e a continuar a pagar por muitos anos! – por todo nós, a principal causa do descalabro financeiro que o levou a submeter o país à humilhação de ser governado pela troika.
Eu sou um grande adepto da iniciativa privada. A iniciativa privada pode e deve ter lucros. Mas também corre o risco de ter prejuízos. Dizer que é “privada” mas com os citados lucros avultados pagos por nós é puro parasitismo.
Berta Brás, como a quase totalidade dos portugueses, continua a falar da “nossa democracia”. Quero lembrar que, em democracia, além dos cidadãos se poderem candidatar a deputados, votam nos candidatos que desejam e não em quem foi “nomeado” candidato por quaisquer ditadores. Esse – muito mais do que a estúpida e pouco eficiente censura – era o que eu mais abominava na ditadura anterior a esta que nos impuseram numa antidemocrática Constituição, não plebiscitada pelos portugueses, algo inadmissível em tempos modernos. E não a puseram a plebiscito porque bem sabiam que o povo português a rejeitaria. Eu vivi esse período em idade já bem madura e não compreendi porque é que os portugueses, especialmente os que, como eu, se queixavam de não ter eleições livres, não exigiram uma Constituição democrática.
E os candidatos “nomeados” pela União Nacional não foram tão incompetentes e desonestos como os “nomeados” pelas direcções dos partidos que são nossos donos.
Não quero alongar-me demasiado mas transcrevo aqui dois trechos de textos antigos. O primeiro é o final dum artigo publicado no Expresso em 1979, para que não se pense que eu não quero que haja partidos políticos. O segundo são dois artigos da “Proposta de Alterações à Constituição”, para termos eleições realmente livres, publicada em 2002 numa revista universitária.

“Partidos políticos como congregações de homens com o mesmo credo político, sim! Partidos como órgãos de poder paralelo, não! E partidos como órgãos de poder ditatorial, três vezes não!"

Artigo 149º
Alterar para:
Os Deputados são eleitos por círculos eleitorais uninominais, constituídos por um conjunto de freguesias adjacentes, somando um total de (40.000 a 50.000 ?) eleitores ou, no caso de haver freguesias com mais do que esse número de eleitores, por bairros adjacentes, de forma a situarem-se dentro daqueles limites.

Artigo 151º
1 - Alterar para:
As candidaturas serão apresentadas, nos termos da lei, por um grupo de não menos de X nem mais de Y eleitores do respectivo círculo eleitoral.
Definir os números X e Y. Pode considerar-se como referência a eleição para o cargo de Presidente da República, em que a proporção é de, aproximadamente, um a dois por cada mil eleitores. Para um círculo de 40.000 eleitores teríamos 40 a 80 proponentes, que parece ser número aceitável.
2 – Suprimir

Miguel Mota
Henrique Salles da Fonseca 13.04.2013 13:42

RECEBIDO POR E-MAIL:

Só me espanta é que o Dr. Miguel Mota não tivesse reparado na ironia quando me refiro a "democracia", embora considere que a bagunçada que por aí vai de expressões do nosso atrevimento popular, imaturo por consequência, embora não fosse forçoso que o fosse, são sintoma de que o povo é, de facto, quem mais ordena nas vilas morenas do nosso entendimento sem educação.
Berta Brás

Henrique Salles da Fonseca 13.04.2013 13:39

Além disso, Henrique, não podemos esquecer a crise social que se instalou na Argentina, no início deste século, com milhares de pessoas da classe média e baixa na rua com panelas vazias... Vivia em Madrid e ainda hoje me recordo. Lembro-me ter comentado que "aquelas pessoas são como nós e poderíamos ser nós a estar na Rua se vivêssemos lá".
Então, até muito em breve.

Um abraço e um fim de semana descontraído.
Carlos Traguelho
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