CAVALO
Esta nova crise da carne de cavalo mostra que a indústria dos escândalos já não tem sequer problemas de plausibilidade.
Há muito tempo que sabíamos que esse sector crescia continuamente e se alimentava cada vez mais do ridículo. Agora sabemos que até abandonou a mais elementar lógica e tenta sublimar o banal.
Há décadas que grande parte do sector da informação abandonou o esforço de rigor e relevância para entrar abertamente no muito mais rentável mercado do entretenimento. As pessoas, mais do que entender a evolução da complexa situação sócio-política ou saber o que acontece em partes remotas do planeta, pretendem divertir-se num tempo bem passado diante do ecrã ou do jornal. Por isso há muito que os comentadores bem sucedidos são, não os mais profundos e atentos, mas os mais animados e extravagantes. Ser «mediático» significa isso mesmo. Ora nesta dieta quotidiana de emoções jornalísticas, o prato de resistência é o escândalo. Temos de ter, pelo menos, um novo e sumarento por semana. É isso que sustenta grande parte do produto, porque o quotidiano é repetitivo e maçador.
A busca por novos alvoroços é incessante. Agora até já nos indignamos pelo «horror» de comer carne de cavalo…
20 | 03 | 2013
João César das Neves