TAÇA DAS NAÇÕES AFRICANAS (futebol)
Angola - Cabo Verde
Senhor Doutor,
Como sabe, está neste momento a decorrer na África do Sul o CAN (Cup African Nations), equivalente ao nosso Campeonato Europeu de Selecções. A selecção de Cabo Verde, estreante na prova, passou aos quartos de final, e joga no sábado próximo com o Gana. Fez parte do grupo inicial que integrava Marrocos, África do Sul e Angola. Averbou dois empates frente aos dois primeiros e uma vitória frente a Angola. Os angolanos ficaram escandalizados porque gastaram 3 milhões de euros com a preparação da sua selecção e Cabo Verde apenas 150 mil, por ser um país incomparavelmente mais pobre que Angola, embora de rendimento per capita semelhante.
O seleccionador/treinador da selecção de Cabo Verde é um controlador de tráfego aéreo, portanto um não profissional nestas lides.
Como a selecção de Cabo Verde é a surpresa deste CAN, até porque estreante, o seu seleccionador tem sido alvo de curiosidade e dá entrevistas, como é normal antes de depois dos jogos. Embora todos os outros prefiram utilizar o inglês (aliás, língua do país anfitrião), o seleccionador de Cabo Verde tem optado sempre por se exprimir em português. Não que ele não saiba falar o inglês, pois fala-o com fluência porque é controlador aéreo. E ele então explicou porque o faz:
"Um dos males do português não se afirmar internacionalmente como língua é porque os portugueses gostam de ser gentis com os estrangeiros e falam a língua deles... Somos mais de 200 milhões de falantes no Mundo, se todos fizermos força no português talvez levem a nossa língua a sério, até reconhecendo-a como língua oficial nos organismos internacionais. Cabo Verde pode não ter o peso internacional do Brasil, Angola ou Portugal, mas faz a sua parte. Assim fizessem todos."
Esta notícia vinha no jornal A Bola de 30 de Janeiro.
Raramente se tem uma agradável surpresa como esta, ainda mais vinda de um dos mais pequenos países de língua portuguesa. Mando-lhe isto por saber o quanto o seu blogue zela pela defesa do nosso património linguístico.
Um abraço
31 de Janeiro de 2013