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A bem da Nação

NATAL! UMA TRILOGIA DE MEDITAÇÕES - 1

 

 JUDEU, QUEM ÉS TU?

 

Sempre foi difícil saber, com um mínimo de precisão, quem eram, ou quem é judeu. Um povo, um grupo religioso? Ao ler a Bíblia fica a ideia de um povo, eleito, sempre prevaricando, e Deus mandando castigos violentos para os não cumpridores da Lei entregue a Moisés. Cativeiro na Babilónia, destruição do Templo em Jerusalém, lutas intestinas entre Judá e Israel, e as tribos de Benjamim e Manassés, a penetração da cultura grega, a romana, o desentendimento com os cristãos e por fim com os muçulmanos.

 

 

Postal do início do séc. XX mostrando as incertezas na existência dos judeus

 

Tenho uns quantos amigos judeus. Mais ou menos ortodoxos, reformistas, pouco sionistas e até cristãos, como Paulo de Tarso, alguns têm em Jesus o Messias anunciado nas Escrituras, não deixando por isso de respeitar o Shabatt, convergindo os estudos bíblicos para a compreensão e confirmação de Jesus como o Messias Salvador.

 

Em toda a sua história, os judeus, ou hebreus, foram um povo sujeito ao castigo do Deus dos Exércitos, que em contrabalanço os tirou do Egipto e os fez cruzar o deserto durante quarenta anos e a vencer, sem maiores explicações, todos aqueles povos que habitavam a terra de Canaã, assim como o imenso exército de Senaquerib.

 

 

De um livro de orações alemão de 1320. Moisés ajoelhado para receber as Tábuas

Aarão atrás, seguido por israelitas com seus chapéus tradicionais

Por fim as mulheres com caras de animais para não distraírem os homens

 

Tanto estava Deus de bem com eles como os castigava sem a menor piedade, prometendo-lhes, sempre, um futuro melhor desde que permanecessem na Lei.

 

Atravessaram quase dois mil anos segregados e segregando-se, crendo-se um povo eleito, separado, com leis e política próprias na contra-mão dos locais e/ou países onde viviam, em constante confronto com os outros, se cristãos, fossem estes de rito católico ou reformista.

 

Chegou o momento culminante da sua difícil história, com o Holocausto, horror de tal forma absurdo que a mente humana não consegue compreender, nem aceitar.

 

E perguntaram-se: onde estava Deus durante esses indescritíveis anos do nazismo?

 

Foi quando judeus e cristãos entenderam que deviam dialogar, para se aproximarem! Filósofos e teólogos chegaram às mais dispares conclusões, desde o “afinal Deus não existe”, até à compreensão de mais um castigo imposto, como os da velha Bíblia, que por muito violento e horroroso que tenha sido, parece ter trazido a vantagem de se perguntarem, com simplicidade: “se somos todos filhos do mesmo Deus, porque não nos entendemos”? Nem mesmo dentro do judaísmo, onde há sefarditas, askenazis, reformistas, ortodoxos, e indiferentes que durante toda a sua vida nunca entram numa sinagoga, tal como existem divisões entre os islamitas e entre os cristãos, não falando já nos “ritos modernos” que usam o nome de Jesus para um violento e abominável negócio sobre a crendice popular e enriquecimento pessoal.

 

Todos sabemos que Deus é único e assim o mesmo das três religiões monoteístas, judaísmo, cristianismo e islamismo, mas nem todos se lembram que Jesus disse: evangelizai todos os povos, e que só é filho aquele que reconhece o Pai.

 

Somos assim uma família dividida, com tanto de positivo a compartilhar!

 

Mas continua a ser difícil, parece que até para os próprios, concluir: o que é um judeu?

 

É um irmão com as suas tradições, com suas crenças e ritos, mas certamente a grande maioria com um íntimo desejo de ver a família reunida, já que o sentimento de família é muito forte entre os judeus e o mais forte alicerce de toda a sociedade.

 

Abraão saiu de Ur já se passaram mais de 4.000 anos. Zangaram-se os descendentes deIsaac e Jacob, os fariseus e saduceus, os seguidores de Cristo e os ortodoxos, depois os maometanos, e ainda hoje se luta, com extrema violência em alguns lugares. Para quê?

 

Se nem os próprios judeus são capazes de se definir com precisão, porque não vamos usar da fórmula mais simples, que resolveria todos os problemas e nos foi deixada por um também Judeu: “Amai-vos uns aos outros”!

 

Estamos a chegar ao Natal, que os judeus não celebram como o nascimento de Jesus.

 

Coincidentemente, celebram na mesma data o “Chanukah” ou ‘Festa das Luzes’, quando começam a acender as velas do candelabro, e em vez de presentes costumam dar dinheiro às crianças. Curioso é ligar a festa de Natal a um compositor judeu! Tudo terá começado em meados do século 19, quando um judeu francês, Adolphe Adam, o compositor do ballet Giselle, escreve Cantique de Noël, também conhecido em inglês como "Oh Holy Night"...

 

Porque não cantarmos todos juntos? Além de tudo mais é uma música lindíssima.

 

E mais curioso ainda é nesta altura que os cristãos, em vez das velas do candelabro acendem as muitas velas das árvores de Natal! Para saudar o nascimento de Um judeu!

 

Shalom!

 

Rio de Janeiro, 30 de Maio de 2005

 

 Francisco Gomes de Amorim

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