LIDO COM INTERESSE – 56
Título: CATARINA DE BRAGANÇA
Autora: Isabel Stilwell
Editora: A Esfera dos Livros, Lisboa
Edição: 17ª, Outubro de 2011
Logo da contracapa se extrai que foi com 23 anos que a infanta Catarina de Bragança, filha de D. João IV e de D. Luísa de Gusmão, deixou para trás tudo o que lhe era querido e próximo para navegar rumo a uma vida nova. No coração, um misto de tristeza e alegria. Saudades da sua Lisboa, de Vila Viçosa, do cheiro a laranjas, dos seus irmãos que já haviam partido deste mundo e dos que ficavam em Portugal a lutar pelo poder. Mas os seus olhos escuros deixavam perceber o entusiasmo pelo casamento com o homem dos seus sonhos, Charles de Inglaterra, um príncipe encantado que Catarina amava perdidamente ainda antes de o conhecer.
Por ele sofreu num país do qual desconhecia a língua, os costumes e onde a sua religião era condenada. Assistiu às infidelidades do marido, ao nascimento dos seus filhos bastardos enquanto o seu ventre permanecia liso e seco, incapaz de gerar o tão desejado herdeiro. Catarina não conseguiu cumprir o único objectivo que, como mulher e rainha, lhe era exigido.
Pela escrita de Isabel Stilwell somos levados numa viagem pela corte portuguesa do século XVII durante o conturbado período da Restauração e pelo reinado do controverso Carlos II de Inglaterra.
Trata-se de um romance histórico que mais apetece classificar como «encenação histórica» pois tudo se baseia no que de facto aconteceu. A Autora juntou apenas umas pitadas de imaginação para aguçar ainda mais o apetite do leitor e o resultado é de facto interessantíssimo. Em abono da verdade, no final consta uma lista das personagens da qual se extraem informações complementares sobre a vida das que efectivamente existiram e a indicação de quais (poucas e de segundo plano) as ficcionadas. Fácil, pois, distinguir a realidade da ficção.
Apenas uma breve nota sobre três aspectos meramente literários que chamaram a minha atenção: diálogos infantis pouco plausíveis traduzindo raciocínios adultos; frequentemente, uma vírgula antecedendo a conjunção «e» (um sinal de “mais” junto de um sinal “vezes” não tem lógica) ; grande erro nos diálogos quando as personagens se dirigem à Alteza tratando-a por «Sua» (o que não faz qualquer sentido pois deveria ser «Vossa» ou apenas «Alteza») em vez de reservar o «Sua» para quando se trata duma referência à Alteza ausente da conversa em apreço.
Mas, tudo visto e ponderado, eis uma estupenda aula de História que qualquer pessoa culta saboreia.
Tavira, Agosto de 2012