PALAVRAS
(*)
Os meus versos são palavras escritas
E falam!
Têm sonoridades bem diversas
E gritam!
Contam emocionados as minhas desditas,
As que se veem, as que estão imersas…
E calam!
Dizem-me que as coisas que escrevo
São tristes.
Mas, não sou um homem desgostoso.
Até me atrevo
A fazer chistes,
De humor duvidoso.
Palhaçadas!
Faço, ao mesmo tempo,
De palhaço pobre,
De palhaço rico.
As minhas palavras são madrugadas,
Onde não mora o contratempo,
Antes um Sol brilhante e nobre
Que nada tem de pudico.
Os meus versos são sulcos
Abertos no meu peito,
A minha mão conduz a caneta
Qual arado!
Sou um ser imperfeito,
Vários cultos!
Mas não vivo amedrontado!
Tenho tristeza e alegria
Quanto baste.
Não sou profeta!
Em mim reside o contraste
E a ousadia
De querer ser Poeta!...
Sintra, em 29 de Julho de 2012