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A bem da Nação

ENQUADRAMENTO GEOPOLÍTICO E...

 

GEOESTRATÉGICO DAS CAMPANHAS ULTRAMARINAS 

1954-1974

 

VI

 

 

 Conclusão

 

 

“A guerra é de facto uma coisa má. Mas existe algo ainda pior
do que a guerra: é perdê-la”

Do Autor

 

 (*)

 

            Portugal sofreu entre 1954 e 1974 o maior ataque à escala mundial – o que implicou uma estratégia global de resposta - como já não assistia desde a Guerra da Restauração (que agora querem apagar da memória colectiva ao proporem o fim do feriado no 1º de Dezembro…).

            Tal ataque nada teve a ver com questões de Regime Político ou de situação político-social em Portugal.

            A Nação portuguesa combateu vitoriosamente em três teatros de operações distintos; a milhares de km da sua base logística principal, que era a Metrópole, apenas com as suas forças, sem alianças militares, sem generais ou almirantes importados - o que já não acontecia desde Alcácer Quibir.

           E isto sem alteração de ordem pública, disrupção das actividades económicas ou sociais, ao passo que se obtinha um crescimento económico na Metrópole como em nenhuma outra época e se fez mais no Ultramar do que nos quatro séculos anteriores.

            Foi a melhor campanha que os portugueses fizeram desde os tempos do grande Afonso de Albuquerque e nós em vez de nos
orgulharmos disso, apoucamo-nos!

            Só não conseguimos fazer frente à força bruta da União Indiana, pela desproporção dos meios em presença e pelo pouco empenhamento dos nossos aliados. Tal configurou uma agressão militar execrável, que a Moral, o Direito e a convivência entre os povos condena.

            Mas o direito da força não conferia a força do Direito, que nós alienámos em 1975, quando um governo português, numa acção que nada justificava, reconheceu “de jure”, aquela ocupação “manu militari”. De qualquer modo Portugal conseguiu resistir a todas as malfeitorias indianas durante cerca de 14 anos. Não foi coisa de somenos!

            Os governos portugueses que enfrentaram a guerrilha actuaram com uma competência insuspeita, no âmbito político, diplomático, económico/financeiro/social, militar e até psicológico, nas frentes de combate. Cometeram, porém, um erro: esqueceram-se duma outra “frente” e isso foi-nos fatal. Estou a referir-me à retaguarda, isto é, a Metrópole. E deixou de actuar aqui, sobretudo no âmbito psicológico o que permitiu a extensão da subversão que chegou a consubstanciar-se em dezena e meia de acções de sabotagem violenta.

            A parte mais atingida foi, sem dúvida, a Universidade, parte da chamada intelectualidade, poucas franjas do operariado e alguns sectores da própria Igreja Católica.

            Esta acção subversiva, constante e alargada no tempo, veio a ter sucesso num cada vez maior conjunto de portugueses que resultaram na expansão de vários mitos que agrupei em oito:

            - A guerra era insustentável e impedia o desenvolvimento do país;

            - Portugal estava “orgulhosamente só” e posicionava-se contra os “ventos da História”;

            - A guerra durava há muito tempo;

            - Portugal ia perder a guerra militarmente;

            - Portugal estava em contra ciclo com a História e devia ter descolonizado mais cedo;

            - A população dos territórios ultramarinos queria ser independente;

            - A guerra era injusta e actuávamos contra o Direito Internacional;

            - A solução para a guerra era Política e não Militar.

 

            Estes mitos - e, sendo mitos, eram falsos, passaram a ser percepcionados como verdadeiros e hoje são assumidos como verdade oficial e nos compêndios da História.

            No meu entendimento tudo isto está errado mas isso seria outra conferência.

 

Síntese final

 

“A primeira lição que a História e a vida nos ensinou é a da
transitoriedade dos mitos, dos regimes e sistemas”

 

Jaime Cortesão

 

            O modo como a nossa diáspora ultramarina – que é um dos maiores feitos da Humanidade – acabou, não nos dignifica e resultou mal para todas as partes. As responsabilidades ainda estão para ser atribuídas devidamente, o que não tenho a certeza que alguma vez se fará. A Nação dos portugueses vai ter que viver com isto para todo o sempre. Há apenas que aprender com os erros e os acertos do passado para melhor construir o futuro. E o futuro, o nosso futuro, irá seguramente passar pelo entendimento que conseguirmos com todos os povos e terras que, em tempos, Portugal já foram.

 

 

João José Brandão Ferreira

                TCor/Pilav (Ref.)

 

(*)http://www.google.pt/imgres?q=guerra+de+%C3%A1frica&um=1&hl=pt-PT&sa=N&biw=1024&bih=735&tbm=isch&tbnid=wIjI7Ommm_V7NM:&imgrefurl=http://tertuliadogarcia.blogspot.com/2010/08/guerra-de-africa-20-patrulha-na.html&docid=XkF9ia5W7t9iQM&imgurl=https://1.bp.blogspot.com/_CY628ty-pRw/TGJ4CsiE3gI/AAAAAAAAJic/10sdfqSuj5k/s1600/Digitalizar0143.jpg&w=1600&h=1175&ei=mbjuT-rBDYia0QXrgtHzDQ&zoom=1&iact=hc&vpx=119&vpy=270&dur=3047&hovh=192&hovw=262&tx=131&ty=116&sig=109573699884915906692&page=2&tbnh=171&tbnw=224&start=20&ndsp=19&ved=1t:429,r:4,s:20,i:150

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