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A bem da Nação

NO PRINCÍPIO ERA O CAOS...

 

E no fim?

 

No princípio Deus criou a terra e os céus. Depois foi o caos, a confusão a bagunça. Houve que separar trevas da luz, terra da água e criar os animais.

 

E criou micróbios, amibas, insectos, insectívoros, herbívoros, carnívoros e depois o homem, matador e ganancívoro.

 

No relógio cósmico, o homem, que chegou por fim, ainda agora acabou de chegar. Em escala, desde o Big Bang, que terá acontecido há mais do que muitos anos, nós, os humanos, nem sequer sabemos ainda onde estamos, nem o porquê de aqui estarmos.

 

Com todas estas crises, guerras, roubalheiras, desastres naturais, assassinatos entre príncipes e/ou magnatas e outros, destruição sistemática e consciente do meio ambiente, sobretudo das águas dos rios e fontes, há quem diga que isto é o fim do mundo, ou, de acordo com uma nova e muito interessante revista, Finis Mundi.

 

Se pensarmos que a terra “apareceu” há uns tantos biliões de anos, e que o tal caos reinou por uns outros tantos, até aparecer a vida (vida sempre houve, que vida não se cria do nada!), o homem em vez de estar já no fim do mundo, ainda está no caos. Ainda está a construir a Torre de Babel para se desentender!

 

Não há na história natural, indivíduos que da mesma espécie se matem entre si tanto como os homens têm feito. Pior, quando todos se consideravam cristãos, e cuja única palavra de “ordem” seria: AMOR.

 

Basta lembrar a Guerras das Rosas, o massacre de Saint Barthelemy, o Terror da Revolução Francesa, as guerras Napoleónicas, a, ainda hoje odiada, Inquisição, a guerra da Independência dos EUA, e tantas, infinitas, outras, como a Batalha de Aljubarrota.

 

Mataram-se por dogmas absurdos, como Trindade ou Dualidade, condenaram-se à morte cristãos porque “teimavam em benzer-se” com quatro dedos, depois com três, porque um “teólogo” dizia que tinha que ser só com dois, chegou a ser pecado grave persignar-se da esquerda para a direita, e quando os mercenários russos ouviram do bispo que Jesus dissera “Não haverá primeiro nem último”, cortaram o pescoço ao bispo, ajoelharam junto ao altar e esperaram que o Espírito Santo baixasse sobre eles e o cadáver do bispo, e a seguir avançaram sobre o Kremlin para matar a família dos czares!

 

Lutaram os cristãos, e lutam, entre si por privilégios financeiros, criaram as igrejas reformistas, dividiram-se em múltiplas, imensas “igrejas” (continuam as igrejas-comércio enganoso a prosperar como mosquito em águas paradas), e agora assistem, impunes, incapazes de suster o avanço do Islão, unificado sob a palavra de Maomé!

 

Hoje, no mundo ocidental, chamado cristão, ou, no mínimo, herdeiro da civilização greco-romana, vemos a brutalidade da finança a esmagar, de qualquer jeito, os mais pobres, a frieza com que a indústria financeira experimenta ou coloca medicamentos no mercado com terríveis efeitos colaterais (todos os medicamentos os têm), a hipocrisia da venda de armas, aos parceiros ou até aos adversários, e ainda somos obrigados a assistir, neste mundo ocidental, a um violento declínio da ética, e a um caminho, sem retorno, para a extinção! Extinção esta que é consciente, mas irresponsável!

 

Toda a gente sabe que não se pode viver de empréstimos. E eles, os rapaces e incapazes governantes, também sabiam, e sabem, e assim mesmo, na sua visão destruidora, preferiram ajudar a abreviar a agonia dos seus povos.

 

A turba, que passa da adoração à raiva, e desta ao medo, não sabe ainda, fora raras excepções, conduzir o seu destino. Vota no demagogo, no fala-barato, grita de entusiasmo pela vitória destes e quando não se satisfazem com as esperanças vãs, apedrejam-nos. E não se satisfazem nunca, porque é cada um por si, e raros, raros, pelos outros.

 

E no fim? Vem à memória a única esperança que talvez nos reste, além da benevolência do Criador, na sua infinita bondade, em nos levar para lugar seguro: o Quinto Império, a salvação terrena!

 

Razão parece terem Bandarra, Fernando Pessoa e Agostinho da Silva.

 

“Bem aventurados os humildes de espírito que deles será o Reino de Deus.”

 

Rio de Janeiro, 23/01/2011

 

 Francisco Gomes de Amorim

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