VIRAR A PÁGINA
(*)
Que livro é esse afinal
Que pouco a pouco escrevemos
Nunca escrevendo o final
E da história só sabemos
Aquilo que já vivemos
E não a folha a seguir
Ou seja o nosso porvir.
Mas que estranho livro esse
De folhas tão desiguais
Tendo algumas que parece
Terem espessura demais.
Páginas de dias leves
Outras de horas pesadas
As primeiras bem mais breves
As segundas prolongadas.
Umas viradas em tom jocoso
Com o leve passar de um dedo
Outras de peso penoso
Viradas com esforço e medo,
Que só depois de viradas
Darão escrita bem mais clara
Às outras encadeadas.
Vire-se então a mais espessa
De todas as folhas escritas
Pois sem que tal aconteça
As finas serão proscritas.
3 de Fevereiro de 2010
Helena Salazar Antunes Morais