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A bem da Nação

O preço do petróleo

 

 

 

Eu não sou especialista em matérias de energia mas alguns factos que me parecem evidentes têm-me levado a escrever algo sobre esse tema. Nalguns casos provou-se que tinha razão. Em 1982 publiquei "A agricultura é que há-de substituir o petróleo", além de vários outros sobre o mesmo tema. Muitos anos mais tarde, o mundo passou a usar combustíveis obtidos a partir de produtos agrícolas.

 

O preço do petróleo tem subido vertiginosamente e continua a subir. O encargo que esses aumentos causam na economia dos povos e no dia a dia das pessoas é enorme. Tudo indica que vai continuar a subir, enriquecendo astronomicamente os países onde ele abunda. Eu creio que há uma maneira de travar tão perniciosa subida e, eventualmente, causar uma regressão a níveis mais baixos. E essa maneira é aproveitando mais e melhor a abundante energia que todos os dias o sol derrama sobre a terra, aproveitamento que tem variadíssimas formas.

 

Para além das células fotovoltaicas, cuja utilização creio que pode ser aumentada e melhorada e das eólicas, que julgo que podem ser ampliadas e, quiçá, cortando algo aos altos lucros actuais, há uma, que já tenho referido várias vezes, que os governos têm negligenciado, talvez porque não encontraram ainda forma de dar lucros chorudos a uns amigos, mas que o interesse nacional exige, que é o biogás. Lembro, como já descrevi, que os autocarros da cidade sueca de Helsinborg são movidos a biogás e o líquido sobrante, um bom fertilizante para a agricultura, é conduzido por pipeline até aos campos. Creio que a produção de biogás em zonas onde abundam as suiniculturas seria óptima para eliminar a poluição, o que é um valor importante no cálculo do preço do gás. Seja em grandes ou pequenas unidades, penso que seria de grande utilidade.

 

Portugal, com a sua extensa costa atlântica, tem aí duas fontes de energia potenciais, a energia das ondas e a energia das marés. Tanto quanto sei, qualquer desses casos não dispõe ainda de tecnologia suficientemente dominada pelo que está dependente de investigação. Tenho notícia de algumas mais ou menos tímidas tentativas, normalmente com estrangeiros, creio que com a ideia de imediata utilização, mas nada vi de concreto. Sei que há um Centro de Energia das Ondas, creio que como parte duma organização internacional, que tem ensaios na ilha do Pico, nos Açores, mas ainda não sei de aplicações de rotina a produzir energia eléctrica noutros locais.

 

Se Portugal tivesse governos que percebessem o que pode render a investigação científica - em todos os campos - estas duas fontes, ondas e marés, há muito seriam objecto de investigação, talvez já com aplicação e venda de patentes para muitos países.

 

Mas teria de ser investigação entregue a pessoas com muita capacidade e com grande imaginação, para serem capazes de encontrar formas de dominar essas potentes fontes de energia, pondo-as ao serviço do homem.

 

Quando muito mais energias renováveis fossem utilizadas e o petróleo já só fosse necessário em muito menor quantidade, o seu preço baixaria aos níveis de há muitos anos. Utopia? Talvez. Possibilidade? Talvez.

 

 

 Miguel Mota

 

Publicado no Linhas de Elvas de 12 de Abril de 2012

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