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A bem da Nação

Aruba e Curaçao – O Papiamento, crioulo português

 

  

 

 

A Lusofonia é um território de tal modo vasto que alguns do seus recantos mais esconsos ficam por vezes esquecidos sob o manto da distância geográfica e política apesar da proximidade linguística. O Papiamento é um dos casos que notoriamente necessita ser divulgado. Trata-se de uma língua crioula que é o principal idioma falado nas ilhas caribenhas de Aruba, Curaçao e Bonaire.

 

O papiamento tem a sua origem no pidgin (ou crioulo) português falado pelos judeus sefarditas e pelos seus escravos fugidos do Brasil e também do crioulo de Cabo Verde que alcançou as Antilhas acompanhando os escravos trazidos pelos holandeses, que, no início do séc. XVII, se apossaram do dito arquipélago juntamente com o nordeste do Brasil, onde implantaram a Nova Holanda sob o comando de Maurício de Nassau.

Após a retoma de Cabo Verde por Portugal e a devolução de Nova Holanda à jurisdição portuguesa, alguns judeus sefarditas portugueses daquelas ilhas e quase todos os do nordeste brasileiro foram para as Antilhas Holandesas, levando consigo respectivamente o português e o ladino (língua falada pelos judeus expulsos da Península Ibérica em finais do séc. XV). Com a administração do império colonial holandês nas ilhas, a influência holandesa legou também muitas palavras ao Papiamento. Por fim, a influência do espanhol ocorre com o contacto com os países vizinhos, especialmente a Venezuela

O nome procede da palavra papiá, que significa “conversar”, derivada originalmente da palavra portuguesa papear. Origina igualmente deste verbo coloquial o nome do crioulo de base lusófona de Malaca, na actual Malásia, o papiá kristáng. O verbo papiâ ainda existe no crioulo cabo-verdiano significando “falar”.

Existem periódicos em papiamento e dicionários bilingues. Embora alguns intelectuais portugueses se tenham interessado pela criação de uma rede de pesquisadores de crioulística que ponha em contacto todos os pesquisadores destas manifestações linguísticas mestiças de raiz lusófona, incluindo o papiamento, ainda há muito para descobrir e aprofundar.

Frank Martinus Arion, oktober 2005 Frank Martinus Arion é um dos maiores poetas das Antilhas Holandesas e foi um pioneiro na promoção da literatura e poesia em papiamento e também da investigação das origens ainda polémicas deste idioma. Martinus conta mesmo que “À época, não poderia ir às ilhas do Cabo Verde por causa de Salazar, então, fui à Costa do Marfim, Gana e Nigéria. Fui com minha mulher, Trudi Guda, que realizou uma pesquisa antropológica sobre a literatura oral dos Sranan, Tongo e dos Saramaccaans.” Segundo Martinus, o primeiro papiamento era uma mistura de um crioulo de Mina (derivado do crioulo de Cabo Verde adicionado ao twi) e dos crioulos angolares. O guene vem das colónias de Angola/Congo, da Guiné-Bissau e de São Tomé. Depois, os falantes do Papiamentse krioyo (crioulo) sobrepuseram-se aos demais. Mais tarde, com a chegada dos judeus de Cabo Verde em 1674, coincidindo com a importação dos escravos, o guene e o papiamento adquiriram maior importância. Os judeus, por sua vez, falavam um crioulo português um pouco diferente do crioulo urbano.

Martinus presidiu a uma comissão governamental para a introdução da sua língua materna (Papiamento) nas escolas das Antilhas Holandesas, existindo vários livros dele à venda na Internet.

 

 

In http://www.soltropico.pt/index.php?option=content&task=view&Itemid=42&id=5537

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