ÁGUA VS ENERGIA: UM DILEMA OU UMA TOLICE
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O trabalho apresentado hoje (20FEV12) no DN sobre “O estado do ambiente!” inclui um artigo sobre a barragem do Tua que me chamou a atenção para, mais uma vez, ser essencial analisar a questão que é: a gestão da água das barragens ser realizada pelos responsáveis pela energia em vez de o ser pelos responsáveis pela água.
Para começar vejamos o que se passa com essa água, o que é fácil pois ela vem da chuva que cai no nosso território.
Se nos dermos ao trabalho de analisar os registos da pluviosidade ao longo das últimas décadas pode concluir-se o seguinte:
1º - O volume de água anual é suficiente para as nossas necessidades de for devidamente capturada;
2º - Há enorme irregularidade quer ao longo de cada ano quer ao longo dos anos;
3º - Há também irregularidades do ponto de vista geográfico.
Daqui se pode inferir que, para garantir a segurança do abastecimento de água ao País, terá que ser feita a sua gestão abrangendo períodos da ordem dos dez anos e nunca de dois ou três e além disto ter mais albufeiras menores e interligadas de forma a diminuir os impactos ambientais provocados pelas grandes albufeiras e poder controlar mais eficazmente os riscos das cheias. Com a vantagem adicional de ter albufeiras de reserva alimentadas nos períodos de elevada pluviosidade sem custos de consumo de energia.
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Muitas destas barragens serão propícias para a produção de energia e para a utilização na cobertura de pontas e aqui chegamos ao ponto crítico atrás levantado: quem deve ser responsável pela gestão da água?
A água é o bem mais importante para a vida em geral e para a humana em particular e a sua origem principal é a chuva.
A energia é essencial à vida de uma sociedade mas a sua produção é possível de várias fontes a saber: combustíveis (lenha, carvão, gás natural, petróleo), eólica, solar, geotérmica, ondas e marés, hídrica (barragens), nuclear, para focar apenas as principais.
Em Portugal, quanto a combustíveis, os mais importantes têm que ser importados e são produtores de CO2, as ondas e marés são insignificantes, a geotérmica situada nos Açores, e ficamos aqui apenas com a eólica, com a solar, com a hídrica e a nuclear (para a qual temos matéria prima).
Ora sendo a energia um factor essencial da competitividade de um país, teria sido uma prática de gestão excelente pelos responsáveis portugueses privilegiarem as fontes que nos poupassem importações o que implicaria também cuidar do ordenamento do território e dos sistemas de transportes de forma a minimizar a necessidade de utilizar combustíveis.
Curiosamente, combateu-se o nuclear com base em preconceitos e pretensos cuidados ambientais mas não temos os mesmos cuidados nem com as barragens nem com o ordenamento, e os resultados vão aparecendo com a dimensão conhecida.
Com a agravante de, se alguma vez faltar a tão essencial água, os actuais responsáveis pela sua gestão não poderem ser de facto responsabilizados porque o planeamento das barragens é feito por outros, cujo objectivo é outro.
Por isso o título se justifica: será um dilema real ou “apenas” mais uma tolice?
Lisboa, 20 de Fevereiro de 2012
Publicado no DN em 15 de Março de 2012
(*)http://www.google.pt/imgres?q=cani%C3%A7ada+barragem&um=1&hl=pt-PT&sa=N&biw=1024&bih=735&tbm=isch&tbnid=pOpSGHS81lZVGM:&imgrefurl=http://www.portugal-on-line.com/gallery/album_showpage.forum%3Fpic_id%3D36%26vote%3Dviewresult&docid=Xq-eG3dBAcm3PM&imgurl=http://r29.imgfast.net/users/2912/20/58/91/album/dscf6411.jpg&w=448&h=336&ei=gyxwT5XUAqiu0QXj582NAg&zoom=1&iact=hc&vpx=90&vpy=279&dur=2496&hovh=194&hovw=259&tx=148&ty=91&sig=109573699884915906692&page=1&tbnh=122&tbnw=163&start=0&ndsp=20&ved=1t:429,r:5,s:0